segunda-feira, 28 de junho de 2010

Irunberri: homenagem e exigência de verdade no 20.º aniversário dos acontecimentos da foz

O Movimento pró-Amnistia exige que seja conhecida a verdade sobre o que se passou em na Foz de Lumbier em 1990
Passaram já 20 anos desde os acontecimentos da foz de Irunberri, nos quais perderam a vida Susana Arregi, Jon Lizarralde e um guarda civil, tendo German Rubenach, preso político de Errotxapea (Iruñea), ficado gravemente ferido. Na homenagem que o Movimento pró-Amnistia preparou para ontem, ressaltou-se o facto de «não restarem dúvidas» de que Arregi e Lizarralde foram assassinados. «Sabemos que as versões oficiais são sempre escritas de acordo com critérios políticos e com base em interesses inconfessáveis, e por isso, sempre, ao longo de toda a sua história, este povo desconfiou delas. Desde a que nos dizia que, em 1522, o marechal Pedro de Navarra se tinha suicidado na prisão de Simancas até à que nos tentaram vender agora no caso de Jon Anza, passando pelo bombardeamento de Gernika, a morte de Mikel Zabalza sob tortura, os crimes de Pasaia, o caso de Basajaun, Montejurra, os Sanfermines de 78 e tantas outras», denunciaram.
Do Estado, a única coisa que há a esperar são «mentiras, tergiversação e manipulação, e dor, muita dor e sofrimento», salientaram, «já que não são capazes de oferecer a este povo um futuro democrático e em paz, assente na justiça.»

Reclamam verdade, reparação e justiça
A exigência de verdade sobre o sucedido continua vigente 20 anos depois. «Nós sabemos que não se tratou de um suicídio colectivo, mas só a Guarda Civil sabe em primeira mão o que aqui aconteceu. Temos a certeza de que foram assassinatos de Estado», asseveraram, para em seguida afirmarem que «Euskal Herria e as gerações vindouras merecem saber a verdade, para que aqueles que estudarem a história deste povo dentro de 100 ou 200 anos não tenham de deparar com falsas versões, como a que nos contam, quase 500 anos depois, sobre a integração voluntária de Navarra na empresa de Espanha.» Neste sentido, salientaram que qualquer povo «deve conhecer a sua história para interpretar o presente e olhar o futuro», mais ainda em Euskal Herria, «um país oprimido onde a crónica é escrita pelos opressores». Depois de fazerem referência à investigação impulsionada pelo Governo inglês sobre os acontecimentos do Bloody Sunday irlandês, manifestaram a esperança de que no caso da foz de Lumbier não seja preciso esperar tanto tempo, mas assegurando que, «por mais anos que passem sobre aqueles assassinatos, Euskal Herria não deixará de exigir verdade, reparação e justiça».
Fonte: apurtu.org