quinta-feira, 10 de junho de 2010

O procurador confirma que não houve investigação para identificar o corpo de Anza


O procurador de Toulouse reconheceu que «não houve uma investigação judicial para identificar» o corpo de Jon Anza. Contudo, o hospital recebeu ordens para não o enterrar porque a investigação estava em curso.

O procurador de Toulouse, Michel Valet, encarregado do caso de Jon Anza desde que se encontrou o seu cadáver, faz agora três meses, na morgue do Hospital Purpan, afirmou no diário local La Dépêche du Midi que, efectivamente, não existiu qualquer investigação para identificar o corpo do militante donostiarra.

Reconhece que, na sequência da «descoberta» do corpo de Anza, foram revistos todos os casos dos cadáveres depositados no instituto forense de Rangueil, onde o mais antigo permanece há mais de sete anos e meio.

Foi, precisamente, ao mencionar o caso deste corpo por identificar - o de um homem que apareceu afogado no Garona em Outubro de 2002 - que o procurador de Toulouse reconheceu que, no caso de Jon Anza, não se procedeu a uma investigação judicial para o tentar identificar.

Conservar o cadáver
No caso do afogado existiu, embora o juiz de instrução não tenha chegado a uma conclusão quanto à sua identidade. No entanto, «com a esperança de o poder fazer algum dia», o magistrado não deu a autorização de inumação e o seu cadáver continua no depósito desde então. Mais, após o aparecimento do militante basco, a investigação foi retomada para tentar, de novo, saber a sua identidade.

Valet considera que o cadáver do afogado não foi «esquecido porque, contrariamente ao caso do basco, se efectuou uma investigação».

É a primeira vez que um responsável judicial reconhece a ausência de averiguações judiciais, mas daí não se depreende que a presença do corpo de Anza na morgue do Purpan fosse desconhecida ou que se tratasse de um «esquecimento».

A troca de correio electrónico entre o dito hospital, a Procuradoria e a Polícia judiciária, de que Gara deu conta na sua edição de 30 de Março, constituiu a prova de que, na realidade, a sua presença era conhecida, já que, entre outras instruções, os responsáveis hospitalares receberam ordens para não proceder ao enterro do falecido.

A comunicação mantida entre os diferentes serviços competentes e o hospital terá sido «intensa» antes e depois do óbito.

Depois de que, a 11 de Março, se tornou público o «achado» do cadáver de Anza, os serviços policiais atribuíram ao hospital uma série de «disfunções» numa tentativa de passar a responsabilidade da não identificação para o centro hospitalar.

Houve instruções
Este, no entanto, emitiu uma nota oficial em que afirmava que tinham seguido o protocolo habitual e informado, por três vezes, que uma pessoa não identificada tinha dado entrada no hospital. Mais ainda, na altura em que a família de Jon Anza dava a conhecer o seu desaparecimento - em meados de Maio de 2009, poucos dias depois do seu falecimento - o hospital reiterou o pedido de instruções à autoridade competente.

Após o falecimento do militante, no dia 11 de Maio de 2009, a própria morgue do Hospital Purpan também enviou outro requerimento por e-mail para saber o que fazer com o corpo que se encontrava no depósito, obtendo como resposta que «a Polícia judiciária procede a uma investigação», e recebendo instruções para que o conservasse.

Uma investigação que, tendo em conta o que foi agora afirmado pelo procurador Michel Valet, oficialmente nunca teve lugar.

Arantxa MANTEROLA
Fonte: Gara