segunda-feira, 7 de junho de 2010

LAB defende a criação de um Estado basco a partir do confronto democrático

O pavilhão Anaitasuna, em Iruñea, não encheu no acto nacional convocado pelo LAB, que tinha como epígrafe «Decidamos desde hoy», mas o sindicato abertzale enviou no sábado uma mensagem de grande alcance a filiados, trabalhadores e aos restantes agentes políticos, sociais e sindicais bascos.
A secretária-geral Ainhoa Etxaide ressaltou que é o momento de unir forças para articular um movimento independentista que aposte na construção de um Estado basco através do «confronto democrático».

Num acto marcado pelo calor sufocante que se respirava dentro do pavilhão da capital navarra, Etxaide manifestou o compromisso do LAB em dar passos para avançar nesse caminho, que entende ser necessário para que ocorra uma mudança política. A dirigente sindical insistiu que se «está abrir um novo ciclo e que devemos criar um Estado basco».

Segundo afirmou, é preciso construir um «novo movimento independentista» que permita aos cidadãos bascos decidir livremente o seu futuro «sem limites, sem qualquer tipo de ingerência e sem qualquer tipo de violências».

Etxaide desafiou os estados espanhol e francês a respeitar essa decisão. Em concreto, dirigindo-se ao Estado espanhol, desafiou-o a apostar «num confronto democrático com o Estado basco».

Etxaide afirmou que o movimento independentista tem de dirigir esse confronto democrático durante os próximos anos - estabeleceu 2012 como data a ter em conta, pela conquista de Nafarroa - e salientou que existe força suficiente, como ficou demonstrado na greve geral convocada pela maioria sindical no ano passado.

«Disputar o poder ao Estado e ao capital acumulando forças e superar os limites impostos, a partir da nossa capacidade de dinamizar a mudança de que este país necessita e exige, é o nosso repto e o nosso compromisso, que hoje voltamos a reiterar em Iruñea, a capital de Euskal Herria, para que se abra um novo ciclo político, e, para tal, uma única exigência: que se respeite o nosso direito a construir uma outra Euskal Herria», enfatizou Etxaide.

A secretária-geral do LAB declarou que «o confronto democrático é uma exigência histórica deste povo», que pretende «confrontar-se em igualdade de circunstâncias», tendo assegurado que a esquerda abertzale, «com novos compromissos», vai «dinamizar de forma definitiva a construção do Estado basco».

Neste sentido, é de salientar que, junto ao membro do sindicato grego PAME, Zarianopoulus Sotiris, os representantes da esquerda abertzale Rufi Etxeberria e Xanti Kiroga também estiveram presentes entre o público que acorreu ao pavilhão Anaitasuna.

Necessidade de mudança política
Etxaide subiu ao palco depois de se ter projectado um vídeo em que se viam as detenções de Arnaldo Otegi e Rafa Díez na sede do sindicato em Donostia e as manifestações de protesto realizadas após esta operação e a operação massiva contra jovens independentistas. A denúncia do que se passou com Jon Anza e a repatriação dos presos políticos bascos também estiveram presentes. Os slogans a favor dos perseguidos políticos ouviram-se em várias ocasiões, tal como o da independência.

A secretária-geral do LAB iniciou o seu discurso argumentando que a crise económica deixou clara a necessidade de uma mudança no modelo económico e social.
Para Etxaide, o PSOE tomou a «decisão política» de que os trabalhadores «pagassem» a crise entregando dinheiro aos bancos, e agora pretende «ampliar o mercado do capital» com a reforma laboral. Incidiu no facto de que, salvo a classe trabalhadora, «ninguém» foi capaz de questionar as medidas que foram tomadas para «aumentar o poder do capital».

Etxaide anunciou mobilizações e não pôs de parte a hipótese de uma greve geral contra a reforma, porque «a única coisa que se discute é até que ponto vão reduzir» os direitos dos trabalhadores. Por tudo isso, destacou que a mudança social e económica deve ser acompanhada pela política.

A secretária-geral do LAB afirmou que o sindicalismo basco deve ser protagonista nesse caminho e referiu que a central abertzale ajudará a afirmar e a reforçar o movimento independentista entre a maioria sindical basca. «Precisamos de construir o Estado basco para mudar o modelo socioeconómico», insistiu.

Emprego, protecção e igualdade
O sindicato abertzale deu a conhecer os pilares fundamentais em que deverá assentar o modelo económico e social que apresentam como «alternativa», para distribuir a riqueza entre os cidadãos. Militantes do LAB foram subindo ao palco e explicando a postura do sindicato em cada área de actuação, depois de mostrarem, em diversas projecções, as lutas sindicais empreendidas.

Uma das chaves consistiria em fomentar um emprego de qualidade mediante «políticas eficientes» que tenham em conta as necessidades dos trabalhadores face ao ataque do patronato, que está a propor medidas «inaceitáveis» para assim dar a volta a todos os direitos alcançados com a luta dos trabalhadores.

Também referiram que defendem o fortalecimento do sector público, em vez de cortes nos recursos e da privatização dos serviços, e a criação de um sistema de protecção social para reformados e pensionistas, público e de qualidade. A igualdade de oportunidades e condições laborais para homens e mulheres, e o respeito pelo direito a decidir em Euskal Herria, já que, como afirmaram, as decisões são impostas em Madrid e Paris sem contar com a opinião dos trabalhadores bascos. Para tal, reivindicaram um quadro basco de relações laborais.

O acto terminou depois de os presentes terem entoado o «Eusko Gudariak» e «A Internacional». Delegados do LAB da empresa Saunier Duval, estabelecida em Gasteiz, recolheram assinaturas contra o fechamento e os despedimentos de trabalhadores.

Manex ALTUNA
Fonte: Gara via boltxe.info