sábado, 26 de junho de 2010

Mikel Zalakain morreu na Córsega, onde se refugiou da repressão


Mikel Zalakain, exilado político natural de Villabona (Gipuzkoa), faleceu na quinta-feira, na sequência de uma doença grave. Morreu na Córsega, a centenas de quilómetros da sua terra, ao cabo de 49 anos marcados pelas diversas vertentes repressivas que convivem em Euskal Herria, como a prisão, o confinamento e o exílio.

A notícia da sua morte foi divulgada pelo Movimento pró-Amnistia, que indicou que foi um cancro, diagnosticado há apenas um mês, que acabou com a sua vida. Informava ainda que o corpo de Zalakain descansava num tanatório onde será incinerado hoje. Espera-se que as suas cinzas cheguem a Euskal Herria na próxima semana.
Zalakain pereceu às seis da manhã de quinta-feira na ilha mediterrânica, onde residia com a sua companheira, Mila Otegi, e o filho de ambos. Escolheu a Córsega como destino há dez anos atrás de forma a escapar à repressão que o acossava desde os 25 anos.

Em 1986, teve de abandonar Villabona, onde tinha nascido e crescido e a que nunca mais pôde regressar em vida.
Poucos dias depois de partir, a Polícia entrou na sua casa e levou todos os seus familiares presos: a mãe, Pili Esain; o pai, também Mikel Zalakain, e os dois irmãos, Juan Antonio e Iñaki.
Dois anos depois foi ele mesmo a ser detido e a conhecer a prisão, juntamente com a sua companheira. Foram ambos presos pela Polícia francesa em Ipar Euskal Herria; Otegi saiu em liberdade nove meses depois.
Zalakain deixou a prisão francesa para trás em 1992, mas o Governo francês obrigou-o a permanecer em Paris.
Oito anos depois, em 2000, Zalakain decidiu romper o confinamento a que estava sujeito e fugiu, tendo falecido na Córsega.

Na nota emitida pelo Movimento anti-repressivo chama-se ainda a atenção para as longas greves de fome que este villabonarra empreendeu na prisão, que lhe provocaram uma úlcera crónica.
Zalakain conheceu bem de perto as dureza das condições de vida na prisão e as suas sequelas, sendo que o seu pai, também preso político, viria a falecer em consequência das mesmas na prisão de Martutene. Foi a 30 de Novembro de 1990, a poucos meses de acabar de cumprir a pena, quando um enfarte pôs fim à sua vida. O médico responsável pela sua situação chegou a sentar-se no banco dos réus, na sequência das queixas apresentadas, mas o assunto ficou por ali.
«Captura internacionalizada»
Tanto o Movimento pró-Amnistia como a Etxerat mostraram o seu pesar pela morte de Zalakain, que consideram «uma figura que encarna a dimensão da repressão que Euskal Herria sofre» e manifestaram a sua solidariedade aos seus familiares e amigos. Denunciaram ainda o facto de a «captura» de exilados bascos ter sido «internacionalizada» pelo Estado espanhol, o que «endureceu» a vida das centenas de cidadãos bascos que compõem o Colectivo de Exilados Políticos Bascos (EIPK). Exigiram, assim, que se respeite o direito dessas pessoas a viver livremente no seu país, Euskal Herria.
Estes cidadãos bascos são, aos olhos do Movimento pró-Amnistia, o reflexo da situação que este país vive; «um reflexo que se deixa ver por todo o mundo», afirmaram, ao mesmo tempo que mandaram uma mensagem de agradecimento a todas as pessoas e agentes que os ajudam por esse mundo fora.
Fonte: Gara

Laudio recorda Pili Arzuaga e Fontso Isasi, vítimas da dispersão
Laudio irá evocar Pili Arzuaga e Fontso Isasi, mãe e amigo da então presa basca Maribi Ramila, que faleceram no dia 1 de Julho de 1990 quando se encaminhavam para a visita, na prisão de Ourense. Além de manter viva a sua memória, familiares e amigos organizaram diversos actos.
No pórtico da igreja de Laudio (Araba), serão expostos trabalhos de cerâmica de Fontso Isasi. No sábado, depois da concentração do meio-dia, será projectado um vídeo sobre a dispersão; e, às 20h00, haverá em acto de evocação e homenagem na herriko plaza.
A Ertzaintza nas festas de Hernani e de San Inazio
Na quarta-feira à tarde, agentes da Ertzaintza entraram nos recintos das festas de Hernani e do bairro bilbaíno de San Inazio, tendo retirado desses locais diversas faixas e fotos de presos políticos e identificado várias pessoas. Não obstante, na quinta-feira centenas de pessoas participaram, em Hernani (Gipuzkoa), num acto político solidário com os presos políticos bascos (na foto). Em defesa dos seus direitos, na terça-feira 95 pessoas mobilizaram-se em Bilbo; na quarta, 60 em Gros; e na quinta, foram 50 em Burlata; 35 na Alde Zaharra de Iruñea; e 25 no bairro iruindarra de Arrosadia e 48 no da Txantrea.
Em Algorta, na madrugada de sexta-feira, juntaram-se cerca de 100 pessoas para receber o ex-preso Urko Izagirre, que saiu em liberdade da prisão de Soto del Real depois de ter pago uma fiança de 15 000 euros.
Fonte: Gara, askatu.org, askatu.org e etengabe