sábado, 30 de abril de 2011

Paris entrega Irati Tobar e é interpelada sobre Aurore Martin

A questão do mandado europeu continua a dar que falar. Um deputado de esquerda, Patrick Braouezec, acaba de enviar uma pergunta por escrito ao ministro da Justiça francês, Michel Mercier, sobre o caso de Aurore Martin, pedindo-lhe que explique na Assembleia Nacional o que é que o Governo pensa fazer relativamente à decisão dos tribunais de aceitar a entrega de Aurore Martin, segundo informou a Askatasuna.

No seu texto, o deputado pertencente ao grupo da Esquerda Democrática e Republicana refere que Martin «é uma militante de nacionalidade francesa da organização independentista basca Batasuna, legal em França mas proibida em Espanha», e lembra que a Corte de Pau e o Tribunal de Cassação aceitaram o pedido de extradição da Audiência Nacional «porque Aurore Martin se manifestou publicamente num plano político».

Acrescenta que o Estado francês aceitou esta solicitação «mesmo tratando-se de factos que ele mesmo não considera ilegais, e que, com base na legislação francesa, concernem liberdades fundamentais como são a liberdade de expressão, de reunião e de opinião».

Tribunal de excepção
O texto salienta que, «no caso de a militante abertzale ser transferida para Espanha, corre o risco de ser condenada a uma pena de prisão de doze anos». O deputado vai mais longe e afirma que nesse caso Martin «seria presente a uma jurisdição de excepção na qual ficou claro que há recurso à tortura, particularmente no caso de militantes bascos».

Por tudo isso, conclui que gostaria de saber o irá fazer o Governo para rever esta decisão, «de forma que a oposição política não seja criminalizada sob o pretexto de uma luta contra o terrorismo, quando a esquerda nacionalista basca não cessa de se manifestar e de agir a favor de uma resolução democrática política e pacífica».
O ministro conta, habitualmente, com dois meses para responder à pergunta escrita.

Entrega a Madrid
Por outro lado, anteontem foram entregues a Madrid, à Audiência Nacional, o mundakarra Oier Gonzalez e a portugaluja Irati Tobar, também na sequência da emissão de mandados europeus.
O caso desta última e dos outros jovens da Segi voltou a ser abordado na Câmara Municipal de Hendaia (Lapurdi) no passado dia 20 de Abril.

A eleita do grupo de esquerda Christelle Cazalis e o vereador abertzale Iker Elizalde voltaram a denunciar o mandado europeu, por «constituir um ataque aos direitos civis e políticos» e instaram o autarca Jean-Baptiste Sallaberri «a tomar uma posição».

O presidente da Câmara hendaiarra respondeu que, na sua opinião, «existe um vazio jurídico no procedimento do mandado europeu, já que, «sendo a Segi ilegal em Espanha e não em França, os critérios de aplicação chocam com os direitos democráticos». Acrescentou que o mandado europeu «deve ser despojado de toda a parte política para que seja credível e aplicável» e interpelou a Segi para que «clarifique o seu posicionamento democrático».

Sallaberri condenou «as brutais práticas policiais nas detenções, que envenenam ainda mais uma situação para a qual há que encontrar uma solução pacífica». Finalizou expressando o seu desejo de que acabem todas estas detenções e que «as pessoas encarceradas com base nesse procedimento sejam postas em liberdade».
Anteontem teve lugar uma concentração de protesto em Pausu (Lapurdi) e para ontem estava convocada uma outra na rotunda de Behobia (Lapurdi).

Arantxa MANTEROLA
Fonte: Gara
Entretanto, o Movimento pró-Amnistia fez saber que o durangarra Oier Gonzalez ia ser posto em liberdade nas próximas horas, depois de extraditado pelo Estado francês e encarcerado em Soto del Real.

Gaizka Jareño saiu em liberdade na quarta-feira
O preso político de Elorrio foi posto em liberdade na quarta-feira passada, depois de, nas últimas semanas, ter sido julgado, juntamente com outros biscainhos; a sentença ainda não saiu, mas Gaizka já recebeu ordem de liberdade.
Gaizka foi detido pela Guarda Civil em Elorrio em Julho de 2008, tendo sido encarcerado, depois de ter sido submetido a tortura. Conheceu a realidade da dispersão, passando por prisões como Huelva, Soto, Aranjuez, Alcalá e Valdemoro.
Na quarta-feira, teve a primeira recepção de boas-vindas na sua terra natal.
Fonte: askatu.org / Foto: altzoan.com

Ihesbide - «Ez etsi, eutsi» (Não desistas, resiste!)
Tema dos Ihesbide, de que Gaizka é membro.