segunda-feira, 24 de junho de 2013

Jokin Aranalde, porta-voz dos refugiados bascos, e Beñat Atorrasagasti foram presos pela Polícia francesa

A Polícia prendeu hoje os refugiados bascos Jokin Aranalde (Gaztelu, Gipuzkoa, 1946) e Beñat Atorrasagasti (Lesaka, Nafarroa, 1976); o primeiro em Heleta (Nafarroa Beherea) e o segundo em Urruña (Lapurdi).

A Polícia andava atrás de Aranalde, que foi preso num controlo não rotineiro. Nomeado membro do grupo de diálogo do Colectivo de Refugiados Políticos Bascos (EIPK), Aranalde esteve presente no acto público do passado dia 15 de Junho em Biarritz, no qual se expressou apoio aos refugiados e deportados bascos e em que estes tornaram públicas propostas para contribuir para o processo de resolução. Poucos dias antes, deu uma entrevista ao BerriaTB e ao kanaldude.tv.

Mandado europeu contra ele
De acordo com o Ministério espanhol do Interior, a detenção de Jokin Aranalde, efectuada pelos gendarmes com a colaboração da Polícia espanhola, surge na sequência do mandado europeu emitido contra ele.

O naiz.info refere que, depois da entrevista concedida aos meios de comunicação bascos, Aranalde foi claramente "apontado" pelo diário espanhol La Razón.
O Berria refere que o delegado do Governo espanhol na CAB tinha pedido «consequências» para o acto de apoio aos refugiados em Biarritz e que as primeiras detenções chegaram uma semana mais tarde.

Aranalde, que foi preso e torturado no tempo da ditadura franquista, voltou a ser detido a 30 de Março de 2002 em Tolosa (Gipuzkoa), por ordem do juiz Baltasar Garzón, pela sua militância no Batasuna. Foi libertado depois de pagar uma fiança de 12.000 euros.

«Em 2002, houve várias detenções no nosso país, e voltei a ser preso. Fui torturado, violentamente torturado, e saí com uma fiança de 12.000 euros. Passados quatros meses vieram outra vez à minha procura. E pensei vir para Iparralde, para de certa forma escapar a essa situação», disse Aranalde na entrevista referida aos meios de comunicação bascos.
Em 2004 foi para o País Basco Norte, onde fazia actualmente uma vida pública.

Em protesto contra a sua detenção, foi convocada uma concentração para hoje, às 19h30, em Ibarra (Gipuzkoa).

Atorrasagasti, também detido
Atorrasagasti (Lesaka, Nafarroa) foi preso em Julho do ano passado em Edimburgo (Escócia), acusado de efectuar «transportes» para a ETA entre 1996 e 2001. Entregue ao Estado francês em Janeiro deste ano, no mês seguinte um tribunal de Paris deixou-o seguir em liberdade provisória.

Acusado de pertencer à ETA, o lesakarra foi condenado a três anos de cadeia pelo Tribunal Correccional de Paris [Parisko Auzitegi Naugusia], mas não recebeu ordem de prisão. Ao tomar a decisão, o presidente do tribunal, Laurent Raviot, levou em consideração «a antiguidade dos factos» em julgamento.

Para protestar contra as detenções de Aranalde e Atorrasagasti, foi convocada uma concentração para hoje às 19h00, no casino velho de Hendaia (Lapurdi). / Ver: Berria / Ver também: naiz.info

Ver: «Barrena (Sortu) denuncia a resposta "lamentável" do Governo francês à iniciativa do colectivo de refugiados» (naiz.info)

Ver também: «Em Biarritz, os refugiados reivindicaram o direito ao conhecimento da verdade e ao respeito pelos direitos humanos» (aseh)

Propostas do Colectivo de Refugiados Políticos Bascos (eus / cas / fra)