sexta-feira, 7 de junho de 2013

«Los Deportados», a história de três cidadãos bascos em Cuba

O documentário Los Deportados inclui os testemunhos de três cidadãos bascos deportados para Cuba nos anos 80, num contexto fortemente marcado pela actividade dos GAL e da guerra suja. Passaram quase três décadas desde que foram obrigados a atravessar o Atlântico, e hoje não escondem o desejo de regressar a casa.

Documentário: Los Deportados

José Miguel Arrugaeta, Txutxo Abrisketa e José Ángel Urtiaga são os três protagonistas do documentário Los Deportados, realizado pela cubana Lupe Alfonso e produzido pela En Boca Cerrada Producciones.

Estes três cidadãos bascos são agora um historiador e professor universitário, um empresário e um comerciante. Deixaram Euskal Herria para trás quando eram muito jovens, há já quase 30 anos. Eram refugiados políticos em Ipar Euskal Herria, nos anos 80, num contexto fortemente marcado pela guerra suja e pela actividade dos GAL.

Arrugaeta, Abrisketa e Urtiaga foram deportados no início de 1984, numa operação repressiva acordada entre os governos espanhol (liderado por Felipe González) e francês - e por eles qualificadas como «expulsões» -, na qual se viu envolvida uma dezena de países.

Passaram quase três décadas desde que foram obrigados a abandonar Euskal Herria, um tempo em que tiveram de refazer as suas vidas longe dos seus familiares e amigos e sem qualquer possibilidade de regresso.

No documentário, falam sobre os primeiros anos de deportação, da forma como um destino que parecia ser provisório se tornou «fixo», da nova situação política basca vista a partir de Cuba e do seu desejo de regressar a casa sem deixar uma ilha à qual se mostram eternamente agradecidos.

Entre Janeiro de 1984 e 1990, perto de sessenta refugiados bascos foram deportados do Estado francês para dez países de África e da América Latina. Os primeiros sete deportados bascos chegaram a Cuba no Primeiro de Maio de 1984; outros seis viriam a ser acolhidos, em diferentes momentos, por razões humanitárias. Seis deles conseguiram regressar a Euskal Herria, cinco ainda vivem em Havana e dois morreram em Cuba.

Com excepção de Cuba e Cabo Verde, a situação dos deportados noutros locais foi, e ainda continua a ser, completamente arbitrária.

«Herria dugu arnas», dia 15 de Junho em Biarritz
Dia 15 de Junho diferentes colectivos e pessoas anónimas vão reafirmar o seu apoio aos deportados e refugiados que nas últimas cinco décadas se viram obrigados a abandonar as suas casas. O acto terá lugar em Biarritz, na sala Irati, às 11h30; depois, haverá um almoço popular e concertos musicais. / Fonte: naiz.info

Ver também: «Aproximar a sociedade cubana da realidade dos deportados» (naiz.info)
A guionista e realizadora do documentário sobre três deportados bascos que a En Boca Cerrada Producciones rodou em 2012, Lupe Alfonso, afirma que um dos seus objectivos foi o de aproximar a sociedade cubana da realidade destas pessoas.
Consciente de quão complicado é resumir a vida dos três bascos num documentário, parte com a vantagem de conhecer alguns deles. Diz que se integraram perfeitamente na sociedade cubana e reconhece que «sentem muita tristeza» no momento de optar entre regressar a Euskal Herria ou ficar na ilha.
Os próprios protagonistas o dizem no documentário: «Cuba faz parte de mim». Embora não escondam o seu desejo de poder regressar a casa algum dia.