sábado, 10 de julho de 2010

Milhares de pessoas defendem em Donostia que Euskal Herria é uma nação

Milhares de pessoas participaram na manifestação de Donostia para reivindicar o reconhecimento da identidade e o direito à autodeterminação de Euskal Herria e em apoio ao povo catalão.

A mobilização partiu do Antiguo por volta das 17h40, no meio de aplausos e encabeçada por uma faixa com o lema principal, «Nazioa gara. Autodeterminazioa» (Somos uma nação. Autodeterminação), levada por uma dezena de cidadãos e cidadãs bascos anónimos.

Depois deles, seguem uma ikurriña e uma senyera (bandeira nacional da Catalunha), e depois os representantes das organizações convocantes. Oskar Matute, Jonathan Martínez (Alternatiba), Rufi Etxeberria, Txelui Moreno, Eugenio Etxebeste, Ainhoa Etxaide (esquerda abertzale), Pello Urizar, Ikerne Badiola, Koldo Amezketa, Unai Ziarreta e Maiorga Ramírez (EA) são algumas das caras conhecidas entre os milhares de pessoas que aderiram à reivindicação dos direitos dos povos basco e catalão.

À medida que a marcha avançava pelo túnel e pelo Kontxa pasealekua, centenas de pessoas foram-se juntando à mobilização.

«Independentzia» e «Euskal presoak Euskal Herrira» (os presos bascos para o País Basco) são alguns das palavras de ordem mais ouvidas na marcha, em que se vêem numerosas ikurriñas e também senyeras.

Antes de a manifestação ter início, o secretário-geral do EA, Pello Urizar, referiu que a mobilização de hoje é «uma resposta» ao que «o presidente Zapatero representa actualmente para as opções dentro do Estado espanhol».

«Houve tempos em foi o chefe de Governo que advogava a pluralidade dentro de Espanha e hoje defende uma Espanha unida, única, "a grande e livre"», criticou. Contudo, avisou que os povos basco e catalão «não estão dispostos a reconhecer o fechamento das portas» e, «como tal, Zapatero não vai acabar com o desejo que têm de se desenvolver no futuro».

Da parte da esquerda abertzale, Marian Beitialarrangoitia salientou que a mobilização «não representa mais do que um outro passo no caminho que temos de fazer na defesa e na conquista dos nossos direitos como povo», um caminho em que «vamos ter de andar muito e em que não nos vão tornar fácil o nosso trabalho», e em que «ninguém está a mais».

Por seu lado, o porta-voz da Alternatiba, Oskar Matute, instou os cidadãos a «levantar a voz com veemência» em defesa de uma «Euskal Herria com direito a exercer o seu direito à autodeterminação, tal como a Catalunha».

Apoio catalão
A marcha conta com o apoio da Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) e da Plataforma pel Dret de Decidir, que está a organizar as consultas independentistas.

Essa plataforma enviou uma representação à manifestação e prevê-se que Elisenda Paluzie intervenha em seu nome no acto final.

Por sua vez, os convocantes de Donostia já tinham anunciado que enviariam uma delegação à manifestação convocada em Barcelona com o lema «Som una nació. Nosaltres decidim». Ontem disseram que será composta por Tasio Erkizia e Miren Legorburu, representantes da esquerda abertzale, Rafa Larreina, dirigente do EA, e Xabier Soto, da Alternatiba.

Entretanto, em Barcelona uma multidão manifesta-se nas ruas contra a sentença que o Tribunal Constitucional espanhol decretou sobre o Estatut de Catalunya, no dia 28 de Junho, na qual se insiste na «indissolúvel unidade da nação espanhola» e se realça que «o povo espanhol é o único titular da soberania nacional». O TC espanhol resolveu assim o recurso apresentado pelo PP contra o Estatut, limitando mais ainda o alcance do documento aprovado em referendo. Mais um episódio da admirável democracia à espanhola...

Hoje, em Barcelona, a multidão que se juntou no Passeig de Gràcia e nas ruas adjacentes é de tal ordem que praticamente não deixa avançar a cabeceira da manifestação. Para combater a censura mainstream, ver: Gara, Gara e vilaweb.cat
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Editorial do Gara: "Marcos para o soberanismo"