Está muito bem preocuparem-se com os direitos humanos no mundo, mas os meios espanhóis fariam melhor se se preocupassem com a situação no seu próprio território.
A questão dos dissidentes presos em Cuba tem sido nestes dias notícia na imprensa espanhola como consequência da visita que o ministro do Negócios Estrangeiros fez à ilha das Caraíbas e do anúncio da libertação de dezenas de encarcerados. Em jornais, rádios e televisões fala-se sem qualquer problema de «presos políticos», apesar de muitos deles serem acusados de participar em actividades sediciosas e inclusive armadas. Avançaram também com um número total de presos políticos: 167.
Está muito bem preocuparem-se com os direitos humanos no mundo, mas todos esses meios espanhóis fariam melhor se aplicassem o ditado segundo o qual «a caridade bem entendida começa por nós». Poderiam, por exemplo, perguntar a si mesmos: «Há presos políticos nas prisões espanholas?». A reposta imediata, a lição bem aprendida, o reflexo condicionado por anos de propaganda seria: «Não, só há terroristas e delinquentes».
A questão dos dissidentes presos em Cuba tem sido nestes dias notícia na imprensa espanhola como consequência da visita que o ministro do Negócios Estrangeiros fez à ilha das Caraíbas e do anúncio da libertação de dezenas de encarcerados. Em jornais, rádios e televisões fala-se sem qualquer problema de «presos políticos», apesar de muitos deles serem acusados de participar em actividades sediciosas e inclusive armadas. Avançaram também com um número total de presos políticos: 167.
Está muito bem preocuparem-se com os direitos humanos no mundo, mas todos esses meios espanhóis fariam melhor se aplicassem o ditado segundo o qual «a caridade bem entendida começa por nós». Poderiam, por exemplo, perguntar a si mesmos: «Há presos políticos nas prisões espanholas?». A reposta imediata, a lição bem aprendida, o reflexo condicionado por anos de propaganda seria: «Não, só há terroristas e delinquentes».
Bem, para salvaguardar o instinto mais básico poderiam acrescentar: «Há pessoas que não empunharam uma arma, nem forneceram infra-estruturas, colaboração ou auxílio a membros de uma organização armada, nem participaram no seguimento e marcação de objectivos e estão na prisão só por defender as suas ideias políticas?».
«São todos terroristas!», voltariam a gritar com força editorialistas, colunistas e participantes em tertúlias.
Começa na próxima quinta-feira na Audiência Nacional o julgamento de 22 autarcas e vereadores acusados de integração em organização terrorista. Os pedidos de prisão vão de 10 a 15 anos. Vejam os seus currículos. Estudem as acusações. Pode realmente dizer-se que são terroristas? Se fossem dissidentes cubanos, chamar-lhes-iam presos políticos na primeira página. E aos 37 encarcerados no âmbito do processo 18/98? Entre os quais se encontram os responsáveis do Egin. Se fossem cubanos, chamar-lhes-iam «jornalistas independentes» e até «heróis da liberdade de expressão». Há mais de 75 presos acusados de ser da Jarrai, Haika ou Segi aos quais mais nenhum outro crime foi imputado que ser membros dessas organizações juvenis. Nem uma única prova de terem lançado um cocktail molotov ou de terem realizado qualquer acção violenta. Se estivessem numa prisão cubana, seriam «jovens rebeldes» para a imprensa espanhola. E o que dizer das dezenas de dirigentes do Batasuna processados por fazer política. Se Arnaldo Otegi fosse um dissidente cubano, haveria organizações a pedir para ele o Premio Príncipe de Asturias de la Concordia.
Se não querem admitir que os membros da ETA são presos políticos, limitem-se a somar todos os independentistas bascos que estão na prisão sem jamais terem entrado na organização armada e façam contas. Talvez a Igreja católica devesse começar a mediar com o Governo espanhol.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
Ver também:
«Cargos eleitos processados por trabalhar a favor da construção nacional», de Manex ALTUNA
«Primeira instituição nacional nascida no eclodir de Lizarra», de Manex ALTUNA
«Personalidades e partidos bascos apoiam os processados da Udalbiltza»
"Representantes do PNV, PSE e PSN, EA, EB, Alternatiba, Aralar e da esquerda abertzale, assim como de sindicatos como ELA, LAB e CCOO, além de personalidades bascas de diversas áreas, apoiaram ontem os processados no 'caso Udalbiltza' a três dias do início do julgamento na Audiência Nacional espanhola."
«São todos terroristas!», voltariam a gritar com força editorialistas, colunistas e participantes em tertúlias.
Começa na próxima quinta-feira na Audiência Nacional o julgamento de 22 autarcas e vereadores acusados de integração em organização terrorista. Os pedidos de prisão vão de 10 a 15 anos. Vejam os seus currículos. Estudem as acusações. Pode realmente dizer-se que são terroristas? Se fossem dissidentes cubanos, chamar-lhes-iam presos políticos na primeira página. E aos 37 encarcerados no âmbito do processo 18/98? Entre os quais se encontram os responsáveis do Egin. Se fossem cubanos, chamar-lhes-iam «jornalistas independentes» e até «heróis da liberdade de expressão». Há mais de 75 presos acusados de ser da Jarrai, Haika ou Segi aos quais mais nenhum outro crime foi imputado que ser membros dessas organizações juvenis. Nem uma única prova de terem lançado um cocktail molotov ou de terem realizado qualquer acção violenta. Se estivessem numa prisão cubana, seriam «jovens rebeldes» para a imprensa espanhola. E o que dizer das dezenas de dirigentes do Batasuna processados por fazer política. Se Arnaldo Otegi fosse um dissidente cubano, haveria organizações a pedir para ele o Premio Príncipe de Asturias de la Concordia.
Se não querem admitir que os membros da ETA são presos políticos, limitem-se a somar todos os independentistas bascos que estão na prisão sem jamais terem entrado na organização armada e façam contas. Talvez a Igreja católica devesse começar a mediar com o Governo espanhol.
Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara
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"Representantes do PNV, PSE e PSN, EA, EB, Alternatiba, Aralar e da esquerda abertzale, assim como de sindicatos como ELA, LAB e CCOO, além de personalidades bascas de diversas áreas, apoiaram ontem os processados no 'caso Udalbiltza' a três dias do início do julgamento na Audiência Nacional espanhola."