terça-feira, 6 de julho de 2010

A presidência da UE passou sem o sequestro anunciado por Rubalcaba


No dia 28 de Dezembro o ministro do Interior espanhol surpreendeu com o anúncio de que a ETA preparava um sequestro para atingir notoriedade durante a presidência espanhola da UE. Não era uma piada ou um descuido. Garantiu estar na posse de «dados fidedignos» para lançar o alerta. O semestre passou e não houve nem sequestro nem qualquer atentado. Alfredo Pérez Rubalcaba avisa agora que a ETA «gosta do Verão».

Tal como Jaime Mayor Oreja anuncia a toda a hora negociações entre o Governo espanhol e a ETA, Alfredo Pérez Rubalcaba dedica-se a prever atentados. O actual ministro do Interior pediu na quinta-feira passada que se esteja «especialmente atento» porque «sabemos que o grupo gosta especialmente do Verão, porque gosta muito de chamar a atenção para que os telejornais de todo o mundo mostrem os seus atentados».
Ora aquilo para que todos os indícios apontam é a necessidade de se estar especialmente atento ao gosto que Rubalcaba tomou de alarmar os cidadãos por fases; agora é o Verão e antes foi o semestre da presidência espanhola da UE. Tanto em Dezembro como agora, os indicadores políticos levam a descartar um atentado da ETA. No entanto, o ministro do Interior parece empenhado no contrário.

Se não há bombas, inventam-se ou cria-se o enredo com falsos alarmes
No dia 23 de Junho o Gara recebeu um aviso de colocação de bombas em Valência de um interlocutor anónimo que não disse estar a falar em nome da ETA. Como sempre se faz, por um elementar sentido de prudência, comunicou-se o facto à Ertzaintza. Mas essa informação não foi lançada na página on-line; aconteceu a mesma coisa no dia 25 à tarde.
Contudo, alguém alertou outros meios de comunicação para a existência dessa chamada, que de imediato criaram um alerta desnecessário nas suas edições digitais. E, apesar de não existir qualquer bomba, as páginas on-line do Grupo Noticias e o telejornal do meio-dia da ETB2 chegaram a dizer que uma delas tinha explodido. No dia seguinte, o Grupo Noticias quis alargar a não-notícia escrevendo que o aviso «caiu como um balde de água fria no seio daqueles que decidiram integrar o pólo soberanista».

Depois, no domingo, numa entrevista no mesmo grupo de periódicos, o presidente do ABB, Andoni Ortuzar, assegurava que no aviso de bombas de Valência tinha havido «alguma coisa estranha» porque «o anúncio correspondia aos padrões da ortodoxia da ETA». É de salientar o carácter veemente das palavras de Ortuzar quando quem fez a chamada anónima nem sequer disse falar em nome da ETA.
Mas dá a impressão de que há quem deseje que aconteça alguma coisa. Há duas semanas também surgiu o rumor de que tinham sido recebidos anúncios de bomba no Gara, ao ponto de outros órgãos de informação terem ligado para a nossa redacção, onde não existia conhecimento de qualquer aviso desse tipo.
I.I.
Notícia completa: Gara
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Ver também: «"A ETA quer ter a sua própria organização de vítimas" e o Diario de Noticias continua ligado ao esgoto», em nafarroan.com