Esta quinta-feira será retomado na Audiência Nacional espanhola o julgamento dos 21 imputados no caso Udalbiltza com o depoimento dos polícias que participaram na operação de há já sete anos. Após duas sessões, o julgamento será suspenso até Setembro.
Cheios de ânimo após a grande manifestação de Bilbo, os 20 arguidos no processo contra a Udalbiltza descansam entre os seus antes de regressarem à capital espanhola, na quinta-feira. É que, apesar de a maior parte deles já ter deposto perante o tribunal especial presidido pelo juiz Javier Gómez Bermúdez, agora é a vez de ouvir os depoimentos das testemunhas de acusação. Na verdade, são todos polícias.
Nos dois primeiros dias do julgamento da Udalbiltza, que terminará em Setembro, tanto a Procuradoria como a advogada da Dignidad y Justicia colocaram as suas questões, que ficaram sem resposta por parte dos processados. Questões que iam dar constantemente a iniciativas, projectos ou posicionamentos políticos da Udalbiltza, colocadas apenas para ver se os objectivos da instituição nacional coincidem com os da ETA, mais do que para procurar evidenciar o alegado delito de «integração» ou malversação de fundos públicos, de que são acusados.
Na ronda de perguntas aos arguidos, ambas as partes da acusação se referiram unicamente a iniciativas impulsionadas e financiadas tanto por municípios como por outras instituições durante os anos de funcionamento da Udalbiltza. Assim, em relação ao desfalque fiscal, mencionaram uma revista infantil, uma ikastola, um serviço meteorológico, um projecto estatístico ou iniciativas de ajuda a Zuberoa.
Se até aqui se roça a irracionalidade, a tese principal construída para mostrar que a Udalbiltza trabalhava às ordens da ETA aproxima-se de um filme de ficção científica. Em primeiro lugar, vão até ao ano de 1978 para se referirem ao projecto popular «Euskal Herriko Biltzarre Nazionala» e, posteriormente, atribuir a sua autoria à ETA. Depois, apontam «semelhanças» entre ambos os projectos, sendo que, de acordo com a sua lógica, a conclusão é clara: «A Udalbiltza é ETA».
Apesar de apresentarem isto como algo simples, é preciso bastante imaginação para se conseguir visualizar. Apresentam conclusões como esta sem antes demonstrar com provas cada um dos passos que dão para explicar a sua teoria. Os arguidos manifestaram por diversas vezes a «irracionalidade» destas acusações, tendo inclusive Maribi Ugarteburu dito em tribunal que tinha uns 10 anos quando teve lugar a iniciativa EHBN.
Perguntas ou acusações deste tipo ouviram-se uma vez e outra durante as duas primeiras sessões de julgamento, tendo até provocado o riso entre os acusados e os seus familiares, que se encontravam no público. Riso que se transformaria em gargalhada se aquilo que se esconde por trás deste julgamento não fosse tão grave. Passaram sete anos desde a operação contra a Udalbiltza, sete anos de espera para todos os processados.
Mas agora, além das perguntas, terão de ouvir, sem poder intervir, as respostas das testemunhas de acusação. Todos eles são polícias e, assim, simultaneamente testemunhas e parte implicada na operação, o que põe ainda mais em causa a sua imparcialidade.
Concentrações em Hazparne e Gasteiz
O lema «Bai Udalbiltzari. Bai Euskal Herriari. Udalbiltza Aske!» pôde-se ler e ouvir em muitos municípios bascos durante estas últimas semanas. Em Ipar Euskal Herria, a Askatasuna convocou para esta quinta e sexta-feira uma concentração com o mesmo lema em Hazparne (Lapurdi), município onde Xarlo Etxezaharreta foi vereador. O colectivo «Les amis de Karl Marx» mostrou-se contrário ao pedido de entrega feito pelo juiz da Audiência Nacional contra Etxezaharreta. Afirmam que o objectivo do julgamento é «criminalizar o projecto de independência de Euskal Herria», convertendo para isso «iniciativas legais em terrorismo».
Por seu lado, os sindicatos LAB e ELA pediram na segunda-feira a absolvição dos arguidos, em especial a de Lander Etxeberria, representante sindical no Governo da CAB. Convocaram uma concentração para amanhã às 11h00 em frente à sede do Executivo, em Gasteiz.
Janire ARRONDO
Fonte: Gara
Cheios de ânimo após a grande manifestação de Bilbo, os 20 arguidos no processo contra a Udalbiltza descansam entre os seus antes de regressarem à capital espanhola, na quinta-feira. É que, apesar de a maior parte deles já ter deposto perante o tribunal especial presidido pelo juiz Javier Gómez Bermúdez, agora é a vez de ouvir os depoimentos das testemunhas de acusação. Na verdade, são todos polícias.
Nos dois primeiros dias do julgamento da Udalbiltza, que terminará em Setembro, tanto a Procuradoria como a advogada da Dignidad y Justicia colocaram as suas questões, que ficaram sem resposta por parte dos processados. Questões que iam dar constantemente a iniciativas, projectos ou posicionamentos políticos da Udalbiltza, colocadas apenas para ver se os objectivos da instituição nacional coincidem com os da ETA, mais do que para procurar evidenciar o alegado delito de «integração» ou malversação de fundos públicos, de que são acusados.
Na ronda de perguntas aos arguidos, ambas as partes da acusação se referiram unicamente a iniciativas impulsionadas e financiadas tanto por municípios como por outras instituições durante os anos de funcionamento da Udalbiltza. Assim, em relação ao desfalque fiscal, mencionaram uma revista infantil, uma ikastola, um serviço meteorológico, um projecto estatístico ou iniciativas de ajuda a Zuberoa.
Se até aqui se roça a irracionalidade, a tese principal construída para mostrar que a Udalbiltza trabalhava às ordens da ETA aproxima-se de um filme de ficção científica. Em primeiro lugar, vão até ao ano de 1978 para se referirem ao projecto popular «Euskal Herriko Biltzarre Nazionala» e, posteriormente, atribuir a sua autoria à ETA. Depois, apontam «semelhanças» entre ambos os projectos, sendo que, de acordo com a sua lógica, a conclusão é clara: «A Udalbiltza é ETA».
Apesar de apresentarem isto como algo simples, é preciso bastante imaginação para se conseguir visualizar. Apresentam conclusões como esta sem antes demonstrar com provas cada um dos passos que dão para explicar a sua teoria. Os arguidos manifestaram por diversas vezes a «irracionalidade» destas acusações, tendo inclusive Maribi Ugarteburu dito em tribunal que tinha uns 10 anos quando teve lugar a iniciativa EHBN.
Perguntas ou acusações deste tipo ouviram-se uma vez e outra durante as duas primeiras sessões de julgamento, tendo até provocado o riso entre os acusados e os seus familiares, que se encontravam no público. Riso que se transformaria em gargalhada se aquilo que se esconde por trás deste julgamento não fosse tão grave. Passaram sete anos desde a operação contra a Udalbiltza, sete anos de espera para todos os processados.
Mas agora, além das perguntas, terão de ouvir, sem poder intervir, as respostas das testemunhas de acusação. Todos eles são polícias e, assim, simultaneamente testemunhas e parte implicada na operação, o que põe ainda mais em causa a sua imparcialidade.
Concentrações em Hazparne e Gasteiz
O lema «Bai Udalbiltzari. Bai Euskal Herriari. Udalbiltza Aske!» pôde-se ler e ouvir em muitos municípios bascos durante estas últimas semanas. Em Ipar Euskal Herria, a Askatasuna convocou para esta quinta e sexta-feira uma concentração com o mesmo lema em Hazparne (Lapurdi), município onde Xarlo Etxezaharreta foi vereador. O colectivo «Les amis de Karl Marx» mostrou-se contrário ao pedido de entrega feito pelo juiz da Audiência Nacional contra Etxezaharreta. Afirmam que o objectivo do julgamento é «criminalizar o projecto de independência de Euskal Herria», convertendo para isso «iniciativas legais em terrorismo».
Por seu lado, os sindicatos LAB e ELA pediram na segunda-feira a absolvição dos arguidos, em especial a de Lander Etxeberria, representante sindical no Governo da CAB. Convocaram uma concentração para amanhã às 11h00 em frente à sede do Executivo, em Gasteiz.
Janire ARRONDO
Fonte: Gara