sexta-feira, 16 de julho de 2010

Os processados salientam que a Udalbiltza não tinha relação com a ETA e que o seu trabalho era a construção nacional


Os arguidos que estão a ser julgados na Audiência Nacional espanhola negaram que a Udalbiltza tivesse qualquer relação com a ETA ou dela recebesse orientação, tendo sublinhado que o sua função era trabalhar a favor da construção nacional. O tribunal decidiu absolver Miriam Campos e julgar Xabier Alegria e deu ainda ordem de busca, captura e encarceramento de Xarlo Etxezaharreta, que não se apresentou à audiência oral.

21 dos 22 cidadãos e cidadãs bascos que começaram ontem a ser julgados por dar impulso à Udalbiltza e trabalhar na instituição nacional entraram pouco antes das 10h00 no tribunal especial, entre manifestações de apoio de familiares, amigos e representantes políticos que se deslocaram de Euskal Herria a Madrid para os apoiar.

Tal como tinha anunciado, Xarlo Etxezaharreta, ex-vereador de Hazparne (Lapurdi), não se apresentou a julgamento, pelo que o presidente do tribunal, Javier Gómez Bermúdez, ordenou a sua detenção e encarceramento, bem como a emissão de um mandado europeu para ser entregue às autoridades francesas.

Miriam Campos e Xabier Alegria, que se encontram presos, após a condenação no processo 18/98, foram levados para tribunal por volta das 11h00, tendo sido recebidos com sorrisos e manifestações de apoio por parte dos restantes processados.

A audiência iniciou-se depois das 11h00, com a leitura, por parte do secretário, dos crimes que são imputados aos arguidos.

Em seguida, os advogados de defesa pediram que Campos e Alegria sejam afastados do processo, já que foram julgados e condenados pelos delitos que agora lhes são imputados. O magistrado Juan Moral mostrou-se de acordo no caso de Campos, mas não no de Alegria, argumentando que os crimes económicos de que o ex-eleito de Lezo é acusado não foram julgados no âmbito do processo 18/98 e que, portanto, deve ser julgado por tal.

A acusação popular exercida pela associação de extrema-direita Dignidad y Justicia juntou-se ao pedido do magistrado.

O presidente do tribunal acabou por aceitar o que a Procuradoria solicitava e decidiu declarar «coisa julgada» o que dizia respeito a Miriam Campos, pelo que será absolvida. Gómez Bermúdez ordenou então que fosse retirada da sala.

No caso de Xabier Alegria, admitiu que não pode voltar a ser julgado por «integração» na ETA, tendo-se escudado nos delitos económicos que lhe são atribuídos para justificar um novo julgamento.

Amplo apoio
A esquerda abertzale, Aralar, EB, EA e PNV enviaram representantes a Madrid, onde também estiveram presentes os autarcas de Legorreta, Arrasate, Urnieta, Pasaia, Bergara, Urretxu e Berriz, entre outras localidades.

Até Madrid também se deslocou o deputado da ERC Joan Tardà, tendo afirmado que este julgamento é «outra tentativa de criminalizar Euskadi».

A secretária de comunicação do EA, Ikerne Badiola, mostrou o desejo de que os 22 imputados sejam absolvidos e de que se acabe «com a judicialização da política e a criminalização das ideias», enquanto o parlamentar do Aralar Oxel Erostarbe referiu que os arguidos «são a voz do povo porque são autarcas e vereadores».

Por parte da esquerda abertzale, Miren Legarburu referiu que este julgamento é um exemplo «palpável» da falta de democracia que existe no Estado espanhol, e encorajou os cidadãos bascos a participarem no próximo sábado na manifestação convocada para Bilbo para denunciar este processo judicial.

O juiz fez saber que a sessão de hoje decorre de manhã e à tarde. Continuará amanhã e na semana que vem, nos dias 22 e 23 de Julho. Será depois retomado em Setembro.
Notícia completa: Gara