Escrevia este domingo no El País um dos seus mais experimentados redactores acerca do cenário aberto após a iniciativa política da esquerda abertzale. Afirmava que tanto o governo de Patxi López como o central «julgam necessário que o Batasuna passe pela prova da sua não legalização para demonstrar que a sua posição não é táctica e eleitoralista e que, pelo contrário, é verdade que a sua aposta na democracia é irreversível». Deixando bem claro em que consiste a divisão de poderes no estado espanhol, o jornalista afirmava sem rodeios que o governo evitará que a esquerda abertzale seja legal nas próximas eleições, forçando assim a ETA «a definir-se». Em qualquer caso, concluía, teríamos sempre outra oportunidade nas eleições autonómicas de 2013.
Como é óbvio, continuam aferrados ao ciclo anterior, muito mais rentável e diáfano para os seus interesses que o actual. Estão cómodos a monitorizar o processo a partir dos gabinetes do Ministério do Interior, e não vão renunciar a isso por mero autoconvencimento. Não obstante, cometem um grave erro de cálculo se pensam que, persistindo na sua estratégia de guerra, vão aumentar a pressão sobre a esquerda abertzale. Menosprezam a sociedade basca, a sua memória colectiva e experiências acumuladas, ignorando o seu potencial para desencadear mudanças e retirar da vida pública dezenas de políticos insignificantes e acarneirados como os que nestes dias não param de fazer vaticínios.
Voltamos a repeti-lo: o estado e as suas ameaças não nos põem à prova. O nosso compromisso e decisões têm solo próprio, e respondem aos estímulos e desafios lançados em Euskal Herria pela maioria social e política que exige uma mudança radical. A nossa presença nas eleições de Maio responderá a essa necessidade, e, seja qual for o sentido do pronunciamento governamental ou judicial a esse respeito, essa massa social será cada vez mais ampla e exigente. Essa prova será a definitiva, e enfrentá-la-emos com serenidade, instrumentos idóneos e um projecto político adaptado às necessidades reais deste povo.
Ezker Abertzalea (17-01-2010)
Fonte: ezkerabertzalea.info
Outras leituras:
«El revelador afán de ilegalizar» (editorial do Gara)