terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um Elkartasun Eguna especial «num momento político especial»

O Elkartasun Eguna [Dia da Solidariedade] serviu para mostrar a solidariedade aos presos, refugiados e vítimas dos numerosos «actos repressivos» ocorridos ao longo de 2010, mas também para realçar o momento político actual. A Askatasuna apelou aos presentes para que se envolvam na defesa dos direitos civis e políticos «para assim pôr em marcha um processo democrático sólido e sério».

Umas 350 pessoas participaram neste domingo em mais uma edição do Elkartasun Eguna, que teve lugar em Larresoro (Lapurdi). A jornada iniciou-se com o já habitual almoço popular que todos os anos reúne militantes, familiares e amigos de presos, refugiados e perseguidos políticos bascos.

Este ano, contudo, o contexto em que teve lugar é «especial». Isso foi sublinhado por Anaiz Funosas na sua intervenção: «É especial porque o momento político que vivemos também o é. Estamos a dar passos importantes para pôr em marcha um processo democrático sólido e sério. Graças ao enorme trabalho quotidiano e, em particular, ao grande passo histórico dado pela ETA, as coisas estão andar depressa».

A porta-voz da Askatasuna acrescentou que, ainda assim, os dois estados mantêm «o mesmo discurso e a mesma atitude repressiva» e deu como exemplo disso as últimas detenções de Iraitz Gesalaga e Itsaso Urtiaga - que ficou livre quatro dias depois.

«O que está a mudar - prosseguiu - é que a sua hipocrisia e falta de vontade são cada vez mais patentes e que, neste caminho que abordámos, as vozes que pedem a Madrid e a Paris que dêem passos são cada vez mais numerosas».

«Têm medo»
Funosas acrescentou que, «apesar da atitude dos dois estados, a história mostrou que a resposta repressiva nunca foi solução para nada».
Afirmou que a sua recusa em apostar num processo democrático radica no facto de «temerem o caminho iniciado, os projectos e dinâmicas futuras, a juventude e o reconhecimento político que iremos alcançar».

Depois de enfatizar que «o núcleo do conflito é a violação de direitos», apontou os dois passos que ambos os estados deviam dar. O primeiro, «o respeito pelos direitos dos presos, incluindo os seus direitos políticos, e acabar com as medidas de excepção (tortura, isolamento, dispersão...)». E o segundo, «desactivar as leis e os tribunais especiais, a perseguição, as ilegalizações, e garantir os direitos políticos e civis de forma a que todos os cidadãos possam participar livremente neste processo».

Concluiu a sua intervenção fazendo um apelo à «intensificação da mobilização e da denúncia em prol dos direitos civis e políticos» e afirmando que, «através da solidariedade e da luta e acreditando nas nossas próprias forças, venceremos».

Antes da intervenção, os assistentes puderam visionar um diaporama no qual se abordavam, entre outras coisas, as detenções, falecimentos de refugiados e familiares, extradições, lutas dos presos, julgamentos, casos de tortura, acidentes de familiares de presos e os principais acontecimentos políticos do ano.

Arantxa MANTEROLA
Fonte: Gara

Ver também, euskaraz:
«Euskal presoek prozesu politikoan parte hartzeko eskubidea bermatzeko eskatu dute Elkartasun Egunean» (kazeta.info)