sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Uma injustiça

Sentenças como a que absolve os processados da Udalbiltza costumam levar aqueles que gerem a repressão a fazer declarações do tipo «isto mostra que a justiça funciona» e «Espanha é um Estado garantista».

É preciso esclarecer que num Estado garantista, antes de se deter alguém sob uma acusação tão grave como a de «pertença a organização armada», há que ter um enorme cúmulo de provas individualizadas contra cada um dos detidos. No Estado espanhol, como voltou a ficar patente, basta que o governo de turno dê um impulso político para que a Polícia ponha em marcha a sua máquina acusadora e um juiz de instrução valide com a sua assinatura tudo o que sai do Ministério de Interior.

Num Estado, a Justiça funciona quando não é possível alguém estar indiciado durante oito anos sem que haja uma única prova que sustente as acusações. Porque não estamos a falar da existência ou não de uma impressão digital numa pistola, mas de um processo judicial com uma vintena de arguidos acusados de pertencer à ETA sem que exista qualquer relação pessoal entre eles e a ETA nem entre a associação a que pertencem e a ETA.

Com esta absolvição, não se fez justiça, pôs-se fim a uma injustiça que começou em 2003. Não é a mesma coisa.

Iñaki IRIONDO
Fonte: Gara

Ainda sobre a sentença relativa ao processo da Udalbiltza:
«Satisfacción en Euskal Herria tras la absolución de los electos de Udalbiltza», de Iñaki IRIONDO (Gara)

«Errugabetzat jo dituzte Udalbiltza eta auzipetuak» (Berria)
A Udalbiltza e os arguidos são considerados inocentes

«"Udalbiltza est un projet nationaliste mais pas terroriste" estime l'Audience nationale», de Giulano CAVATERRA (Lejpb-EHko_kazeta)