Xabier Beortegi apresentou um testemunho emotivo dos tormentos que padeceu desde que foi detido pela Guarda Civil, na madrugada de 18 de Janeiro, até ser levado à presença do juiz da Audiência Nacional espanhola Fernando Grande-Marlaska, que decidiu libertá-lo. O jovem navarro é um dos detidos cujos advogados de ofício apresentaram um protesto perante o magistrado, em função do modo como foram tratados durante o período de incomunicação.
Acompanhado por familiares, membros do TAT e do Movimento pró-Amnistia, Beortegi disse que «o pior» foi a viagem até Madrid, uma viagem que em teoria dura umas cinco horas mas que para ele se tornou «uma eternidade» e na qual julga ter passado umas 24 horas.
Durante todo o percurso, segundo referiu, foi agredido nos testículos e na cabeça, ao ponto de, quando saiu do carro, não se conseguir manter de pé e ter de ser levado de rastos.
Já em Madrid, continuaram as agressões na cabeça, e também as posturas forçadas, obrigando-o a manter-se de cócoras até não aguentar mais; quando já não aguentava, enfiavam-lhe um saco na cabeça.
«Chegou um momento em que disse "pronto, colaboro, faço aquilo que quiserem", relatou. Então, puseram-lhe à frente uma declaração, que teve de decorar, o que demorou uma tarde inteira.
Beortegi contou que os guardas insistiram depois na ideia de que o que realmente importava era que reiterasse o depoimento na presença do juiz. O jovem explicou que, numa situação daquelas, assentiu, mostrando-se disposto a tal, mas, ao ser presente a tribunal, decidiu dizer a verdade a Grande-Marlaska e não corroborar a declaração que o tinham feito memorizar.
«Não se pode ter assim uma quadrilha de psicopatas»
«Foi a experiência-limite da minha vida. Espero que mais ninguém tenha de passar por isto», resumiu, para afirmar em seguida que «não se pode ter uma quadrilha de psicopatas assim, a fazer o que muito bem lhes apetece».
Da parte do TAT (Grupo contra a Tortura), Ane Ituiño realçou o facto de ninguém ter feito nada nem ter parecido estranho a ninguém que outro dos detidos, Patxi Arratibel, tivesse escrito a palavra «laguntza» (ajuda) ao contrário ao assinar a declaração policial para pedir ajuda, e também considerou «relevante» o facto de dois advogados de ofício terem protestado perante o juiz pela forma como os seus defendidos foram tratados. Grande-Marlaska não só não lhes ligou, como mandou para a prisão um deles (Iñigo González).
Na conferência de imprensa também tomou a palavra um representante do Movimento pró-Amnistia, que afirmou que na situação actual «o único que recorre à violência é o Estado».
Salientou que a solução passa pela acção unitária da sociedade basca, com base em compromissos, tendo anunciado que irão iniciar uma ronda de contactos com esse fim.
Fonte: Gara
Acompanhado por familiares, membros do TAT e do Movimento pró-Amnistia, Beortegi disse que «o pior» foi a viagem até Madrid, uma viagem que em teoria dura umas cinco horas mas que para ele se tornou «uma eternidade» e na qual julga ter passado umas 24 horas.
Durante todo o percurso, segundo referiu, foi agredido nos testículos e na cabeça, ao ponto de, quando saiu do carro, não se conseguir manter de pé e ter de ser levado de rastos.
Já em Madrid, continuaram as agressões na cabeça, e também as posturas forçadas, obrigando-o a manter-se de cócoras até não aguentar mais; quando já não aguentava, enfiavam-lhe um saco na cabeça.
«Chegou um momento em que disse "pronto, colaboro, faço aquilo que quiserem", relatou. Então, puseram-lhe à frente uma declaração, que teve de decorar, o que demorou uma tarde inteira.
Beortegi contou que os guardas insistiram depois na ideia de que o que realmente importava era que reiterasse o depoimento na presença do juiz. O jovem explicou que, numa situação daquelas, assentiu, mostrando-se disposto a tal, mas, ao ser presente a tribunal, decidiu dizer a verdade a Grande-Marlaska e não corroborar a declaração que o tinham feito memorizar.
«Não se pode ter assim uma quadrilha de psicopatas»
«Foi a experiência-limite da minha vida. Espero que mais ninguém tenha de passar por isto», resumiu, para afirmar em seguida que «não se pode ter uma quadrilha de psicopatas assim, a fazer o que muito bem lhes apetece».
Da parte do TAT (Grupo contra a Tortura), Ane Ituiño realçou o facto de ninguém ter feito nada nem ter parecido estranho a ninguém que outro dos detidos, Patxi Arratibel, tivesse escrito a palavra «laguntza» (ajuda) ao contrário ao assinar a declaração policial para pedir ajuda, e também considerou «relevante» o facto de dois advogados de ofício terem protestado perante o juiz pela forma como os seus defendidos foram tratados. Grande-Marlaska não só não lhes ligou, como mandou para a prisão um deles (Iñigo González).
Na conferência de imprensa também tomou a palavra um representante do Movimento pró-Amnistia, que afirmou que na situação actual «o único que recorre à violência é o Estado».
Salientou que a solução passa pela acção unitária da sociedade basca, com base em compromissos, tendo anunciado que irão iniciar uma ronda de contactos com esse fim.
Fonte: Gara
Na foto de cima, pessoas presentes na conferência de imprensa exibem folhas em que se lê o termo 'laguntza' (ajuda) escrito ao contrário, tal como o fez Patxi Arratibel ao assinar a declaração que lhe puseram à frente: aztnugaL
Conferência de imprensa em Iruñea, com o testemunho de Xabier Beortegi
Silêncios
A tragédia da tortura em Euskal Herria é que é mais que previsível. Alertou-se para o risco que corriam os detidos em Nafarroa; o juiz Grande-Marlaska sabia para onde mandava os jovens, e o testemunho, contundente e coerente, dos encarcerados veio confirmar o que parecia previsível. A mácula da tortura precisa de torturadores mas também de cúmplices. E a cumplicidade é por acção ou omissão. Há silêncios escandalosos.
Olaso / Gara
Conferência de imprensa em Iruñea, com o testemunho de Xabier Beortegi
Silêncios
A tragédia da tortura em Euskal Herria é que é mais que previsível. Alertou-se para o risco que corriam os detidos em Nafarroa; o juiz Grande-Marlaska sabia para onde mandava os jovens, e o testemunho, contundente e coerente, dos encarcerados veio confirmar o que parecia previsível. A mácula da tortura precisa de torturadores mas também de cúmplices. E a cumplicidade é por acção ou omissão. Há silêncios escandalosos.
Olaso / Gara