Miguel Planchuelo afirmou que o Governo autorizou o sequestro de Segundo Marey.
Amedo: «Se Garzón tivesse sido ministro, os GAL jamais teriam sido investigados».
Madrid
O ex-chefe superior da Polícia em Bilbo, Miguel Planchuelo, afirmou ontem em tribunal que o Governo de Felipe González autorizou o sequestro de Segundo Marey, pelo qual ele foi condenado a 9 anos e meio de prisão.
Afirmou-o ontem na Audiência Nacional espanhola, no decorrer do julgamento que enfrenta pelos atentados atribuídos aos GAL nos bares Batxoki e Consolation, em Iparralde, em 1986, nos quais ficaram feridas seis pessoas. Disse ter ficado a par dessa acção «pela imprensa».Relativamente ao sequestro de Marey, Planchuelo afirmou ter sido o único interveniente.
A Procuradoria pediu o arquivamento do caso, e Planchuelo encontra-se no banco dos réus em virtude da acção da acusação popular, que pede 114 anos de prisão para o arguido, acusando-o de seis delitos de assassinato frustrado e um de lesão corporal grave e de ter dado ordens ao ex-polícia José Amedo para contratar mercenários portugueses e para os passar para o Estado francês com o intuito de cometerem os atentados nesses bares.
Relativamente a estes atentados, pelos quais está a ser julgado, Planchuelo negou ter conhecido os três mercenários portugueses que os levaram a cabo, tendo afirmado ainda que não deu dinheiro ao ex-polícia José Amedo para lhes pagar, e que este último recebeu uns volumes em seu nome nos quais se encontrava o dinheiro.
Tanto Amedo como os três mercenários - Paulo Figueiredo, Rogério Fernando Carvalho da Silva e António Jorge Ferreira Cisneros - foram condenados por estes atentados.
De acordo com o depoimento de Figueiredo nesse julgamento, foi um outro mercenário dos GAL, o francês Jean Philippe Labade, quem organizou ambas as acções terroristas.
Planchuelo admitiu que conheceu Labade numa reunião com o ex-chefe do comando único antiterrorista Francisco Álvarez, porque estava prevista a criação de uma rede de informadores no Estado francês, mas, como falaram em francês, não entendeu o que diziam.
Amedo aponta o dedo a Felipe González
Posteriormente depôs como testemunha José Amedo, que disse que «nenhum comandante policial deu ordens para cometer atentados» e defendeu que a decisão de criar os GAL partiu do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González, «com a anuência» de cargos políticos do PSE como Ramón Jáuregui, Txiki Benegas ou Ricardo García Damborenea.
«Felipe González estava por detrás de tudo», referiu, acrescentando que a criação dos GAL foi «uma decisão exclusivamente política».
O ex-polícia também afirmou que, se o então juiz da Audiência Nacional Baltasar Garzón, que instruiu os processos dos GAL, tivesse sido nomeado ministro, a «guerra suja» contra a ETA jamais teria sido investigada, tendo acrescentado que foi pressionado pelo magistrado para depor, sob ameaça, pois, «se não colaborássemos, metia-nos na prisão a nós e às nossas mulheres».
Amedo e o também ex-polícia Michel Domínguez foram condenados a 108 anos de prisão, cada um, em 1991, por recrutar os mercenários portugueses que executaram os atentados nos bares Batxoki, em Baiona, e Consolation, em Donibane Lohizune, nos dias 8 e 13 de Fevereiro de 1986, respectivamente.
Fonte: SareAntifaxista
Ver também:
«Amedo indica ao juiz que por trás dos GAL estavam González, Jáuregui e Benegas» (Gara)«O ex-comissário Planchuelo disse que o Governo González autorizou o sequestro de Marey...» (kaosenlared.net)
«Gal: meia dezena de julgamentos para 27 mortes», de Ramón SOLA (Gara)