terça-feira, 20 de janeiro de 2009

2012: as cartas estão na mesa

Tasio-Gara [1512-2012 / Comissão do V Centenário]

A discussão sobre o que ocorreu em 1512 e o debate sobre a vontade da sociedade navarra do século XXI estão unidos. Se em Nafarroa se impõe a razão de estado do Estado espanhol, é em consequência do que ocorreu em 1512.

Tardaram, mas já arrancaram. 2012 está próximo e não há maneira de escapar ao assunto: faça o que fizer o Governo de Nafarroa, a comemoração (que não celebração) do 500.º aniversário da conquista de 1512 é uma referência no debate ideológico e político que vai assumir mais importância nos próximos anos.

A final de contas, o que aqui se está a arejar não é o passado, mas o futuro. É disso que trata a discussão sobre a conquista de 1512. Por isso, falar de conquista ou união negociada não é uma disputa entre historiadores, mas um exercício de análise sobre as bases do actual estado de coisas e a sua legitimidade. A nossa história nos últimos 500 anos é um continuum incompreensível sem a invasão de 1512 e as relações de dependência que impôs entre Nafarroa e a monarquia espanhola. De facto, aquilo a que chamamos conflito basco torna-se impossível de compreender em profundidade sem tomar em consideração o processo mediante o qual os territórios bascos, que em determinada época fizeram parte de um estado chamado Navarra, passaram a estar sob o controlo dos estados espanhol e francês.

Não é nenhum acaso que os cúmplices deste estado de coisas tenham querido apresentar as invasões e conquistas como acordos. Sem analisar a evolução histórica não se pode entender por que Ibarretxe fala de renovar os acordos com o Estado que, segundo ele, tão bom resultado têm dado. Que acordos? Quando é que os Bascos assinaram um acordo com o Estado espanhol ou com o francês?

A manipulação da história foi e é uma das chaves da máquina legitimadora da negação dos direitos de Euskal Herria. Não prestar atenção à história significa deixar o terreno livre para que essa máquina faça o seu trabalho de distorção, engano e colonização.

Os governos de Iruñea e Madrid compreenderam-no perfeitamente. Sabem que a discussão sobre o que ocorreu em 1512 e o debate sobre a vontade da sociedade navarra do século XXI estão unidos. Se em Nafarroa se impõe a razão de estado do Estado espanhol, é em consequência do que ocorreu em 1512. Nem então nem agora prevaleceu a tão badalada vontade dos navarros.
UPN e PSOE movem as suas engrenagens. Para turvar o debate, introduziram a comemoração da batalha das Navas de Tolosa, percorrendo o discurso da Reconquista e da luta contra os mouros, a ver se pega o conto das correntes [na bandeira de Nafarroa]. Não sei como é que Zapatero irá encaixar isto na sua invenção da aliança das civilizações, mas o que sei é que se eles se começaram a mexer, nós já andamos há muito tempo a meditar e a maquinar como rememorar esta data como deve ser, reivindicando a independência que nunca nos deviam ter arrebatado.

Ver-nos-emos no dia 1 de Fevereiro em Amaiur, no evento organizado por 1512-2012 Nafarroa Bizirik e apoiado por diferentes municípios do país. Alguns, como o recentemente falecido José Ramón Aranguren, não poderão lá estar, mas esse acto será seguramente uma expressão da vitalidade do movimento popular face ao presepiosismo da comissão oficial.

Floren AOIZ
http://www.elomendia.com/

Fonte: Gara
A plataforma 1512-2012 Nafarroa Bizirik apela aos cidadãos bascos que se juntem à sua iniciativa (1 de Fevereiro, em Amaiur), que pretende lembrar a invasão castelhana de 1512 por oposição aos actos oficiais que os governos espanhol e navarro estão a organizar. [Ver: GARA e 1512-2012_Nafarroa_Bizirik]