domingo, 11 de janeiro de 2009

Nova plataforma independentista: a D3M pede apoios para lograr uma mudança


Quinze pessoas, muitas delas bastante conhecidas da vida social, sindical, política, desportiva e cultural de Euskal Herria, participaram ontem na apresentação pública da D3M (Demokrazia 3.000.000), uma plataforma que centra as suas atenções nas eleições de 1 de Março e que, segundo resumiram Itziar Lopategi e Amparo Lasheras, pretende ser “o instrumento para que este país possa olhar para o futuro e deixe de ser um cativo do passado” tal como, no seu entender, pretendem o PNV e o PSE.

O encontro estava marcado para as 12h num hotel do centro de Bilbau, e a convocatória gerou grande expectativa entre os órgãos de comunicação – estiveram presentes cerca de vinte jornalistas e dez câmaras de televisão –, alguns dos quais já tinham publicado na parte da manhã fugas de informação policiais sobre a origem desta nova iniciativa. Os seus promotores não o ocultaram: “Queremos juntar forças e dar impulso a um espaço independentista e progressista como sujeito determinante da mudança política e social em Euskal Herria”.

Milhares de assinaturas
Para tal, para se poder estruturar como plataforma eleitoral, recordaram que precisam “milhares e milhares de assinaturas”, pelo que pediram aos cidadãos bascos que se dirijam nos próximos dias a sedes municipais e notariais para rubricar o seu apoio. “Uma assinatura que será imprescindível para que a Lei de Partidos se torne parte do passado; uma assinatura que reclame o direito que todos os partidos políticos têm a apresentar-se em igualdade de condições; uma assinatura que será imprescindível para abrir as portas a um cenário democrático e para que possamos ser donos do nosso futuro; uma assinatura necessária para que este povo olhe em frente”, concluíram.

A conferência de imprensa começou por lembrar que a 1 de Março irão ter lugar umas eleições “importantes” nesta parte de Euskal Herria, para as quais “os aqui presentes, abertzales e de esquerda, querem fazer uma contribuição com carácter de mudança, de ar fresco, de expectativa e de alternativa”. Assim, depois de referir que este país anda há “muitos anos a sofrer a negação do seu ser como povo”, destacaram que há apenas umas semanas se cumpria o 30.º aniversário da Constituição espanhola, “símbolo e suporte jurídico para uma transição esgotada politicamente para este povo”. “Todos os agentes políticos e sociais, o próprio Estado espanhol, têm consciência da necessidade de reformas e mudanças políticas”, defenderam. “A questão passa pelos conteúdos e bases dessa mudança necessária”.

«Uma mudança estética»
É que, segundo advertiram, nas próximas eleições alguns agentes pretendem limitar a mudança “aos que gerem as actuais instituições ou, no seu caso, às fórmulas de governo das actuais instituições” ou, o que vai dar ao mesmo, “uma mudança sobre as mesmas bases políticas, sobre uma mudança aberta, sobre leis de excepção, sobre violência e violação de direitos”. Uma “mudança estética para que nada mude”.

Para os impulsionadores da D3M, a questão não é tanto “quem nos governa”, mas “sobre que cenário se realiza” a governação. Neste sentido, mostraram-se convencidos de que Euskal Herria está “na antessala de um novo ciclo político”, uma nova etapa “irreversível” e face à qual “todos e todas têm que estar determinados e esclarecidos para evitar que alguns nos ofereçam um novo ‘prato’ com todos os restos destes últimos trinta anos”.

«Medo da mudança» do PNV
Neste cenário que esboçaram, de “contextos esgotados” e “bloqueios a soluções por parte do Estado”, as porta-vozes independentistas opinaram que o PNV “quer utilizar estas eleições para oferecer ao Estado ‘arranjos políticos’ que mantenham a dependência e a submissão da vontade democrática basca a outros âmbitos institucionais ou judiciais”, já que, no seu entender, a direcção do partido jeltzale “tem medo da mudança, mas não da mudança Ibarretxe-López, antes de uma mudança política que rompa com o ‘camaleonismo político’ deste partido”, que lhe permite “fazer sempre ‘surf’ sobre qualquer onda política”.

É por esta razão, defenderam, que os burukides [membros da direcção] do PNV “querem enterrar Lizarra-Garazi, se querem aproveitar da Lei de Partidos e procuram um novo pacto com o PSOE”, sem se importarem com “a violação dos direitos de milhares de cidadãos” ou que “o Estado destrua planos Ibarretxe ou consultas”. “No fundo, o PNV tem medo de uma verdadeira mudança, no fundo o que os preocupa é que neste país se articule um espaço de mudança social, um espaço soberanista-independentista”, insistiram.

Dito isto, e antes de pedirem aos cidadãos que assinem, de modo a que a plataforma se possa constituir como uma plataforma eleitoral, Lopategi e Lasheras afirmaram que existe “uma terceira peça” neste “tabuleiro político”: o independentismo. E é aí que situam o nascimento da Demokrazia 3.000.000.

Especificaram que querem ser “uma resposta à repressão e ao apartheid político e institucional, articulando uma ampla frente popular contra a violação sistemática de direitos civis e políticos, a repressão e a perseguição de sectores da sociedade basca”. Como segundo objectivo, exigiram “uma mudança real, um cenário democrático” para pôr Euskal Herria “num estado de reconhecimento nacional e de soluções democráticas”.

Defenderam, para além disso, uma democracia “assente no respeito pela vontade dos homens e das mulheres deste país, no respeito pelos direitos democráticos dos três milhões de habitantes de Euskal Herria”. E, nessa direcção, defenderam a “construção de um processo de diálogo e de negociação política que conduza, desde o reconhecimento nacional e o respeito pela vontade da cidadania basca, a um cenário democrático e uma paz justa, estável e duradoura”.

Defenderam ainda “um modelo social progressista baseado em políticas reais e eficazes de distribuição da riqueza”.

Quinze pessoas
Na apresentação da D3M estiveram Idoia Ibero, Juan Manuel Erasun, Itziar Aizpurua, Miren Legorburu, Patxi Marta, Jesús Valencia, Amparo Lasheras, Andoni Txasko, Txerra Bolinaga, Itziar Lopategi, Unai Urruzuno, Julen Aginako, Haizea Ziluaga, Gabi Basañez e Ane Muguruza.

Iker BIZKARGUENAGA

Zapatero ameaça e a Procuradoria põe as FSE em marcha
A AVT e o Foro de Ermua já vieram pedir ao Governo espanhol que actue contra a D3M.
Mariano Rajoy, do PP, já advertiu, ameaçou e exigiu.
A Procuradoria Geral do Estado já anunciou que instou as Forças de Segurança do Estado espanhol a investigarem se a identidade dos membros da D3M coincide com a identidade de membros de forças partidárias ilegalizadas ou anuladas da esquerda abertzale em anteriores eleições, sendo que, nesse caso, “haveria base suficiente para impugnar as suas candidaturas”.
Zapatero também já fez saber que o seu Governo não permitirá que concorra nenhuma opção política que implique a sucessão das formações abertzales ilegalizadas.

Já em Euskal Herria, o Eusko Alkartasuna e o Aralar defenderam o direito da D3M a estar nas eleições.

Notícia completa: Gara