Para poder proceder às actuais ilegalizações, tiveram o silêncio cúmplice, a submissão, ou até o aplauso (não esquecemos o Sr. Azkuna) de partidos como o PNV.
Basta apenas passar os olhos pela história para constatar que a aversão dos diferentes governos do PSOE, já desde os tempos da República, contra a esquerda abertzale é um contínuo até aos nossos dias.
Basta apenas passar os olhos pela história para constatar que a aversão dos diferentes governos do PSOE, já desde os tempos da República, contra a esquerda abertzale é um contínuo até aos nossos dias.
Já no início dos anos 30 governadores do PSOE encerraram sedes da EAE-ANV e ilegalizaram juntas municipais ekintzales. Ainda que, como é lógico, o maior embate contra a liberdade política tenha sido a Lei de Responsabilidades Políticas, de Fevereiro de 1939, assinada pelo ditador genocida Francisco Franco.
Oito décadas volvidas, o seu delfim político e rei de Espanha assinava uma nova lei de responsabilidades políticas, agora denominada Lei de Partidos Políticos, com o mesmo espírito da de 1939, a aniquilação por parte do franquismo, posterior neofranquismo, da dissidência política. E, em especial, da dissidência basca.
E, assim, estas duas leis vêm a ser como imagens do mesmo espelho, que, no fim de contas, reflecte a mesma questão – a incapacidade do Estado espanhol de aceitar a pluralidade nacional e política.
E, se em 1939 nos falavam de conspirações judaico-maçónicas de subversão vermelha e de obstrução ao triunfo providencial e historicamente inevitável do Movimento Nacional, em 2008, actualizando a linguagem, falam-nos de conspirações “terroristas” para concorrer a umas eleições. E também de contribuir para uma nova subversão, neste caso, parece que contra o comboio de alta velocidade. E agora, parece que os novos maçons são os membros das diferentes organizações da esquerda abertzale ilegalizadas.
Passando por cima das diferenças da linguagem – chamemos-lhe jurídica – de quase 80 anos, estes dois documentos poderiam ter sido escritos pelos mesmos juristas. Um, é a Lei de Responsabilidades Políticas, de 1939, que inclui a ilegalização da EAE-ANV, o outro, a sentença de ilegalização da EAE-ANV, de 2008.
E, se para proceder às ilegalizações de 1939, Franco contou com a ajuda ou a indiferença dos carlistas, dos monárquicos e dos falangistas, o PSOE e o PP, para poderem proceder às actuais ilegalizações, tiveram o silêncio cúmplice, a submissão, ou até o aplauso (não esquecemos o Sr. Azkuna) de partidos como o PNV.