Mais de duzentos profissionais da área da saúde solicitaram a imediata libertação dos presos gravemente doentes e denunciaram a “flagrante violação” do seu direito à saúde. Alguns deles deram ontem o seu apoio aos familiares destes presos políticos na sua luta por vê-los “vivos, em liberdade e senhores dos seus direitos”.
Profissionais do ramo da saúde compareceram ontem para exigir a imediata libertação dos presos políticos bascos Jon Agirre, Bautista Barandalla, José Miguel Etxeandia, José Ramón Foruria, Mikel Gil, Gotzone López de Luzuriaga, Juan José Rego, Josu Etxebarria e de outros dois prisioneiros políticos gravemente doentes que não querem dar a conhecer a sua identidade. Para além disso, chamaram a atenção para o facto de que o regime de prisão atenuada imposto a Mikel Ibañez, Angel Figeroa e a Marilo Gorostiaga não implica “nem o tratamento adequado nem a situação adequada para a sua patologia”, e entendem que a única coisa que se fez foi transferir a sua condição prisional para os seus domicílios.
Mati Iturralde, que falou em nome dos mais de 200 trabalhadores da área da saúde que fizeram sua esta reivindicação, alertou para a grave situação que sofrem estes cidadãos bascos com doenças graves e incuráveis e denunciou a “flagrante violação” do direito à saúde que se está a exercer contra eles.
A médica gasteiztarra referiu que nos últimos meses a Etxerat – associação de familiares e amigos dos presos políticos bascos – se aproximou deles para lhes fazer chegar em primeira-mão o seu testemunho, bem como o estado detalhado em que se encontram seus familiares. “Ficámos a conhecer a angústia e o sofrimento que sentem ao saberem que eles não estão a receber a assistência adequada e que a sua situação se deteriorar com o passar do tempo”, disse.
Por tudo isso, fez saber que já são mais de 200 as adesões ao documento elaborado pela Etxerat e no qual se inclui tanto a situação de cada paciente como uma série de reivindicações concretas com ela relacionadas. Precisou ainda que nas próximas semanas irão reforçar este trabalho para alcançar um apoio ainda maior.
Após dar a conhecer em detalhe o diagnóstico de cada um dos treze perseguidos políticos, Iturralde explicou que a prisão é “por si mesma geradora de doença”; não obstante, referiu que, no caso dos presos políticos bascos, à doença tem que se acrescentar a falta de assistência e a negligência sanitária, elementos que entende como “determinantes na política penitenciária especial que lhes é aplicada”.
Considerou “eloquentes” as situações que estas pessoas vivem e defendeu que sejam atendidas de uma forma digna e adequada.
Como conclusão, exigiram à Administração, às instâncias judiciais e aos responsáveis das prisões uma assistência sanitária “adequada e digna e sem obstáculos nem restrições”. Sublinharam, neste sentido, que, independentemente de considerações de natureza penal, todo o cidadão tem direito a uma saúde integral e de qualidade.
Amaia Sarasola, Amaia Txurruka, Miren Arana, Justo Aristrain, Javi Hernando, Krispin Batiz, Endika Intxausti e Iñaki Uruburu, profissionais de saúde que acompanharam Iturralde, solicitaram também a garantia de assistência de médicos e psicólogos de confiança às pessoas na prisão. É importante destacar que, para muitos destes médicos, o acesso à prisão é restringido pelas instâncias judiciais.
Outra das exigências incluídas no documento subscrito é que os presos políticos tenham acesso à assistência de que precisam em Euskal Herria, como “parte determinante de um processo terapêutico que tenha como apoio o seu ambiente familiar e afectivo”.
O último pedido, logicamente, consiste na libertação imediata destes treze presos que sofrem de doenças graves e incuráveis.
Acompanhados por familiares
Além da dezena de profissionais de saúde, na conferência que decorreu em Donostia também participaram os familiares destes treze presos políticos. Assim, José Campos, companheira de Bautista Barandalla, manifestou o desejo de “poder ver os seus familiares vivos, em liberdade e sem qualquer tipo de limitação de direitos”.
Com este fim, afirmou que tanto ela como todo o colectivo de familiares dos presos se posicionarão claramente «frente àqueles que mantêm e amparam esta política prisional criminosa e assassina”.
Oihana LLORENTE
Fonte: Gara