Este organismo, como muitos outros em Euskal Herria, como muitos outros no mundo, está na mira dos que não entendem de laços de respeito, de amizade e de amor entre povos. A Askapena anda há algum tempo a aparecer periodicamente em órgãos de comunicação espanhóis, nos de maior tiragem, não para darem conta do trabalho que realizou desde 1987 em todos os cantos do planeta, mas para juntarem mais um traço na sua lista de organizações bascas lapidadas; primeiro, em letra impressa, depois, frequentemente, por outras vias. Acusaram a organização internacionalista de ser “amiga de terroristas”, “colaboradora dos terroristas” ou, simplesmente e retirando intermediários, “terrorista”.
Não só a partir Madrid. Também órgãos de comunicação americanos, como o El Mercurio chileno ou o Tiempo, da Colômbia, se centraram, para o mal, nestes militantes bascos. Um deles, no Verão passado, chegou a receber ameaças de morte no telemóvel, da parte de indivíduos que disseram pertencer ao grupo paramilitar colombiano Águilas Negras, uma ameaça que fez soar todos os alarmes e foi publicamente denunciada.
Face a estas ameaças, e contra a criminalização que “a solidariedade internacionalista está sofrer por todo o mundo e em Euskal Herria”, dezenas de organismos sociais, políticos e sindicais, agentes culturais, grupos de música e pessoas a título individual – a lista pode ser vista em http://www.askapena.org/ – subscreveram o referido manifesto, com o qual pretendem reivindicar “o valor deste princípio, deste sentimento” solidário.
“Reivindicamos e apoiamos a luta de libertação do povo palestiniano e o boicote ao Estado de Israel como ferramenta prática para concretizar essa solidariedade – explica o texto a sua razão de ser. Reivindicamos e apoiamos as lutas dos povos originários no mundo e sobretudo em Abya-Yala, para tornar efectivos os seus direitos como povos: no México, em Wall-Mapu, na Bolívia, no Equador, na Colômbia... Reivindicamos e apoiamos a luta que a revolução bolivariana mantém face aos estados e transnacionais imperialistas, e a construção do novo socialismo, bem como o boicote impulsionado pelos sindicalistas colombianos contra a Coca-Cola assassina, ladrona de terras e águas, financiadora de guerras e símbolo da opressão imperialista”.
Sobre esse trabalho solidário, recordam os que subscreveram o manifesto, pende agora a espada de Damócles dos de sempre, daqueles que gostariam que a realidade de Euskal Herria não existisse para além do que os seus editoriais circunscreve, nem que este povo estendesse a mão aos que precisam da sua ajuda. Um trabalho que também está na mira dos paramilitares que “ameaçaram um sem-número de organizações, colectivos e associações populares”, da Colômbia e também internacionais, como a Askapena.
Denunciam, para além disso, que os activistas são seguidos pela polícia em cada vez mais lugares, e que “a solidariedade entre os povos anda de mão dada com as trocas de informação policiais, nas reuniões entre juízes e ministros, como as que têm lugar entre a Colômbia, os estados espanhol e francês, Israel e os Estados Unidos”.
Contra a solidariedade com os Bascos
A solidariedade basca com povos como os da Palestina, Colômbia, Wall Mapu, Venezuela ou México não é, contudo, a única a ser perseguida e a sofrer agressões. Neste sentido, a Askapena lembra “os ataques policiais e jurídicos” que sofreram aqueles que expressaram o seu apoio aos Bascos, como o Comité de Solidariedade com Euskal Herria de Paris e a Izquierda Castellana, e também a detenção e a tortura sofridas às mãos da Guarda Civil pelo jornalista parisiense Sebas Bedouret, trabalhador da Rádio Pays-Txalaparta Irratia que permaneceu dois meses encarcerado.
Para fazer frente a estas agressões, a Askapena e todos os que subscreveram o manifesto reivindicam o valor e a necessidade do internacionalismo, e apelam à participação, no sábado, na manifestação de Bilbau, para continuar a senda de Pakito e Che.
Iker BIZKARGUENAGA
Fonte: Gara