Urbina era o destino. Milhares de pessoas queriam ver in situ os estragos que o TGV já está a provocar. Mas não foi possível. A Ertzaintza entrou em cena com balas de borracha e cacetetes e provocou dezenas de feridos. Contam-se ainda oito detidos, e muitos opositores ao TGV foram identificados no regresso a Urbina.
Milhares de pessoas compareceram ontem na marcha que a AHT Gelditu! Elkarlana tinha convocado para o município alavês de Urbina, com início previsto para as 12h – começou, no entanto, com meia hora de atraso, devido aos entraves colocados pela Guarda Civil. Mandaram parar vários autocarros e exigiram a documentação a cada um dos ocupantes. Mas isso seria só um prelúdio da actuação posterior da Ertzaintza.
Os manifestantes percorreram as imediações da zona em construção entre Urbina e Retana, para poder ver in situ as obras, cada vez mais avançadas. Uma vez finalizada essa marcha, várias pessoas aproximaram-se de forma pacífica, como “acto de desobediência civil”, segundo explicaram os convocantes, da zona em que decorrem os trabalhos. Foi então que, sem aviso prévio, a Ertzaintza carregou sobre os manifestantes com balas de borracha e cacetetes.
A primeira carga policial ocorreu por volta das 14h, dela resultando ferimentos em várias pessoas. Durante essa primeira refrega, que se prolongou durante quase uma hora, um helicóptero da Polícia autonómica rondou a zona voando muito baixo sobre os que denunciavam o macroprojecto, provocado imagens inusitadas nestas latitudes, e com bastante impacto.
«Coração de cimento»
Entretanto, eram muitas as pessoas que se dirigiam para Urbina. Não obstante, antes de chegar a Luku, num outro tramo de obras da auto-estrada que unirá Eibar a Gasteiz, ocorreu uma segunda carga. Os agentes colocaram-se em ambos os lados e começaram a disparar balas de borracha e a espancar os que ali se tinham juntado. O corpo de intervenção perseguiu os manifestantes e, aproveitando as aglomerações humanas que se foram gerando, os agentes batiam em todas as pessoas que conseguiam alcançar.
Esta segunda carga voltou a provocar inúmeros feridos e vários detidos, levados sob acusação de “desordem pública”, segundo disse o Departamento do Interior. A versão oficial acusa estas pessoas de ter atirado pedras contra os agentes que formavam um cordão para impedir que alguém se aproximasse.
Até ao fim do dia de ontem, não constava que alguém tivesse sido libertado. Familiares dos detidos afirmaram ao GARA que lhes disseram que, em princípio, permanecerão até segunda-feira em instalações policiais.
Os participantes tiveram que desatar a correr para evitar ser atingidos pelos cacetetes. As cargas policiais repetiram várias vezes na “via verde” que une Luku a Urbina. A marcha já tinha terminado havia algum tempo. Foi por volta das 15h quando a Ertzaintza decidiu ir identificar todos os que caminhavam entre esses dois pontos. Muitas pessoas foram revistadas, sendo que muitas delas, e outras mais, não receberam um tratamento nada profissional por parte dos que vestiam uniforme, que nalguns casos incluía insultos.
Milhares de pessoas compareceram ontem na marcha que a AHT Gelditu! Elkarlana tinha convocado para o município alavês de Urbina, com início previsto para as 12h – começou, no entanto, com meia hora de atraso, devido aos entraves colocados pela Guarda Civil. Mandaram parar vários autocarros e exigiram a documentação a cada um dos ocupantes. Mas isso seria só um prelúdio da actuação posterior da Ertzaintza.
Os manifestantes percorreram as imediações da zona em construção entre Urbina e Retana, para poder ver in situ as obras, cada vez mais avançadas. Uma vez finalizada essa marcha, várias pessoas aproximaram-se de forma pacífica, como “acto de desobediência civil”, segundo explicaram os convocantes, da zona em que decorrem os trabalhos. Foi então que, sem aviso prévio, a Ertzaintza carregou sobre os manifestantes com balas de borracha e cacetetes.
A primeira carga policial ocorreu por volta das 14h, dela resultando ferimentos em várias pessoas. Durante essa primeira refrega, que se prolongou durante quase uma hora, um helicóptero da Polícia autonómica rondou a zona voando muito baixo sobre os que denunciavam o macroprojecto, provocado imagens inusitadas nestas latitudes, e com bastante impacto.
«Coração de cimento»
Entretanto, eram muitas as pessoas que se dirigiam para Urbina. Não obstante, antes de chegar a Luku, num outro tramo de obras da auto-estrada que unirá Eibar a Gasteiz, ocorreu uma segunda carga. Os agentes colocaram-se em ambos os lados e começaram a disparar balas de borracha e a espancar os que ali se tinham juntado. O corpo de intervenção perseguiu os manifestantes e, aproveitando as aglomerações humanas que se foram gerando, os agentes batiam em todas as pessoas que conseguiam alcançar.
Esta segunda carga voltou a provocar inúmeros feridos e vários detidos, levados sob acusação de “desordem pública”, segundo disse o Departamento do Interior. A versão oficial acusa estas pessoas de ter atirado pedras contra os agentes que formavam um cordão para impedir que alguém se aproximasse.
Até ao fim do dia de ontem, não constava que alguém tivesse sido libertado. Familiares dos detidos afirmaram ao GARA que lhes disseram que, em princípio, permanecerão até segunda-feira em instalações policiais.
Os participantes tiveram que desatar a correr para evitar ser atingidos pelos cacetetes. As cargas policiais repetiram várias vezes na “via verde” que une Luku a Urbina. A marcha já tinha terminado havia algum tempo. Foi por volta das 15h quando a Ertzaintza decidiu ir identificar todos os que caminhavam entre esses dois pontos. Muitas pessoas foram revistadas, sendo que muitas delas, e outras mais, não receberam um tratamento nada profissional por parte dos que vestiam uniforme, que nalguns casos incluía insultos.
A Casa das Juntas da localidade converteu-se num lugar de refúgio para todas essas pessoas que iam fugindo às cargas. Ainda assim, a Polícia autonómica, que já tinha ocupado a terra, entrou neste recinto e apontou a dedo quem devia ser identificado. Testemunhos relataram ao GARA que a Ertzaintza deteve várias pessoas enquanto lhes era prestada assistência médica.
«Coração de cimento»
«Têm o coração cheio de cimento», «Txikitzaileak gelditu» [Parem os devastadores] e «O desenvolvimento é a vossa pechincha» tinham sido alguns dos lemas mais ouvidos na marcha, até que se desencadearam os incidentes do final. Os organizadores distribuíram pelos participantes panfletos com canções escritas que foram depois cantadas em ambiente festivo.
A AHT Gelditu! Elkarlana organizou um acto em frente à zona das obras a que dois bertsolaris deram início. De seguida, um morador de Urbina denunciou as consequências das obras neste município. Lembrou, além disso, aos ali reunidos que na consulta efectuada na povoação de Urbina a rejeição ao TGV foi mais que contundente, pelo que tachou de “imposição” a continuidade dos trabalhos.
Acto seguido, membros da coordenadora felicitaram todas as pessoas que tinham participado na manifestação. Os organizadores explicaram que um dos objectivos desta marcha tinha sido o de “ver in situ” o lugar e comprovar “como durante os últimos anos a zona tem sido fragmentada e destroçada” pelas obras da auto-estrada Eibar-Gasteiz, primeiro, e pelo TGV, agora. Os porta-vozes da plataforma também denunciaram a imposição do «Y basco». «A massa está dividida entre PSOE e PNV», asseguraram.
Insistiram ainda em “levar os testemunhos a todos os recantos de Euskal Herria, com o propósito de fortalecer a consciência contrária à violência abusiva que este monstro traz”.
A carga veio depois, e condicionou todo o resto da jornada, que era para ter uma segunda parte festiva na capital alavesa. O almoço popular previsto para Gasteiz não pôde começar antes das 17h. Apesar de tudo, 450 comensais estiveram presentes no frontão Auzolana, na Alde Zaharra [Parte Velha]. Ali, puderam trocar informações sobre feridos e detidos. Uns mais, outros menos, todos tinham uma peripécia para contar. E muitos estavam preocupados, já que não encontravam familiares ou amigos com quem tinham ido à manifestação. O caos foi enorme.
«Têm o coração cheio de cimento», «Txikitzaileak gelditu» [Parem os devastadores] e «O desenvolvimento é a vossa pechincha» tinham sido alguns dos lemas mais ouvidos na marcha, até que se desencadearam os incidentes do final. Os organizadores distribuíram pelos participantes panfletos com canções escritas que foram depois cantadas em ambiente festivo.
A AHT Gelditu! Elkarlana organizou um acto em frente à zona das obras a que dois bertsolaris deram início. De seguida, um morador de Urbina denunciou as consequências das obras neste município. Lembrou, além disso, aos ali reunidos que na consulta efectuada na povoação de Urbina a rejeição ao TGV foi mais que contundente, pelo que tachou de “imposição” a continuidade dos trabalhos.
Acto seguido, membros da coordenadora felicitaram todas as pessoas que tinham participado na manifestação. Os organizadores explicaram que um dos objectivos desta marcha tinha sido o de “ver in situ” o lugar e comprovar “como durante os últimos anos a zona tem sido fragmentada e destroçada” pelas obras da auto-estrada Eibar-Gasteiz, primeiro, e pelo TGV, agora. Os porta-vozes da plataforma também denunciaram a imposição do «Y basco». «A massa está dividida entre PSOE e PNV», asseguraram.
Insistiram ainda em “levar os testemunhos a todos os recantos de Euskal Herria, com o propósito de fortalecer a consciência contrária à violência abusiva que este monstro traz”.
A carga veio depois, e condicionou todo o resto da jornada, que era para ter uma segunda parte festiva na capital alavesa. O almoço popular previsto para Gasteiz não pôde começar antes das 17h. Apesar de tudo, 450 comensais estiveram presentes no frontão Auzolana, na Alde Zaharra [Parte Velha]. Ali, puderam trocar informações sobre feridos e detidos. Uns mais, outros menos, todos tinham uma peripécia para contar. E muitos estavam preocupados, já que não encontravam familiares ou amigos com quem tinham ido à manifestação. O caos foi enorme.
Tarde afora, centenas de pessoas juntaram-se nas imediações de Landatxo e do Gaztetxe esperando que os concertos da Musikherria tivessem início. Este colectivo musical quis “impulsionar a música popular para sublinhar o carácter popular da oposição a este projecto destrutivo”. Xopapo, Karrocerias Betoño e Banda Batxoki, entre outras, animaram a cena perante centenas de pessoas, cheias de vontade de esquecer o que acontecera de manhã e começar a festa.
Nova carga em Gasteiz
Já era noite, cerca das 20h, quando uma nova manifestação partiu da Alde Zaharra da capital alavesa com intenção de denunciar o ocorrido na parte da manhã, além de pedir a liberdade dos detidos. Mas, pouco depois de iniciar o seu percurso, a Ertzaintza voltou à carga, na rua Francia.
A AHT Gelditu! Elkarlana denunciou a “brutal repressão policial” que viveram no dia de ontem, mas, mesmo assim, fez um “balanço muito positivo” de toda a jornada, em virtude da elevada participação na marcha, a que acrescentam a satisfação pelo “compromisso evidenciado pelas pessoas que participaram”.
A plataforma exigiu, ainda com mais força, a paralisação das obras do Comboio de Alta Velocidade para poder “dar impulso a um processo de debate e de participação popular”.
Zuriñe ETXEBERRIA
Fonte: Gara