Em declarações impróprias e pouco habituais para um dirigente policial, mais ainda de um corpo local, o polémico chefe da Polícia Municipal de Iruñea, Simón Santamaría, arremeteu ontem contra a decisão do Tribunal Constitucional espanhol sobre o Bildu no Diario de Navarra.
Santamaría faz outras afirmações polémicas na entrevista. Assim, questiona o modelo policial no Estado espanhol e, em concreto, em Iruñea: «Devíamos saber que Espanha queremos para saber que Polícia queremos. Em Pamplona actuam Polícia Municipal, Polícia Foral, Polícia Nacional e Guarda Civil. Primeiro há que decidir que tipo de polícia queremos em todo o país. Há que redefinir funções, trabalhos, áreas territoriais e meios. A coordenação é complexa, porque depende da pessoa que está no comando a cada momento. Falta um modelo policial para Espanha», ressalta.
Também chama a atenção a crítica aos seus superiores políticos, pois entende que deviam «responder de forma mais contundente» a quem afirma que a Polícia Municipal de Iruñea tem atitudes cada vez mais repressivas e está dominada por um chefe ditatorial. «Exija-se a esses políticos que corrijam as suas afirmações», exige Santamaría. Dá-se o caso de a sua demissão ter sido pedida na última legislatura por todos os grupos municipais excepto os da UPN e do PP.
Um militar em Iruñea
Pese embora a exigência maioritária do Plenário, a então autarca de Iruñea e agora presidente do Governo navarro, Yolanda Barcina, manteve-o no cargo. Tal como o seu sucessor, Enrique Maya, depois de mostrar algumas dúvidas iniciais. O facto de Simón Santamaría continuar no cargo é ainda mais significativo depois de o novo Governo navarro ter decidido colocar à frente da Polícia Foral um agente navarro e proveniente da instituição, rompendo com a tendência anterior de escolher pessoas procedentes do Exército, da Guarda Civil ou da Polícia espanhola. Santamaría formou-se no Exército espanhol; é oficial desde 1982.
Na sua longa trajectória distinguiu-se pela perseguição à esquerda abertzale em particular e ao movimento popular em geral, bem como aos símbolos bascos, como a ikurriña. Relativamente às polémicas cargas dos últimos txupinazos dos Sanferminak, defende-as e acusa os 43 agentes que apresentaram queixa contra a Câmara nos tribunais de «quererem ser eles a estabelecer as normas relativas à organização da Polícia».
Fonte: Gara