Jokin Aranalde, cuja entrega ao Estado espanhol foi ontem decidida pelo Tribunal de Cassação de Paris, anunciou numa carta em euskara, castelhano e francês que optou pela «insubmissão», já que, sendo um dos porta-vozes do Colectivo de Refugiados Políticos Bascos (EIPK), a sua determinação é «trabalhar até que o último dos refugiados e deportados possa viver numa Euskal Herria em liberdade».
O refugiado ibartarra recorda que nos últimos 50 anos – tem 67 – viveu «uma das épocas mais negras do seu país, provocada pelos dois estados», e que foi «torturado três vezes, a última em 2002». Por isso e porque «não suportaria ser torturado uma quarta vez», decidiu instalar-se em Ipar Euskal Herria [País Basco Norte].
Aranalde aborda os dois acontecimentos que propiciaram um novo ciclo político em Euskal Herria - a Conferência de Aiete e o fim definitivo da actividade armada por parte da ETA -, mas lamenta que «apenas a Euskadi Ta Askatasuna tenha cumprido a 100% a sua palavra».
«Perante esta atitude negativa dos estados» – prossegue –, o EIPK decidiu que devia tornar-se um agente activo no desenvolvimento do «processo de paz», e a 15 de Junho apresentou em Biarritz o seu contributo, «que vai no mesmo sentido da Conferência de Aiete».
Volta a criticar ambos os estados pelo facto de, «em vez de acolherem positivamente a proposta construtiva do Colectivo», «terem respondido com mais um ataque repressivo» - ele mesmo, Beñat Atorrasagasti e Aitor Zubillaga seriam detidos.
Para Aranalde, a rejeição dos mandados europeus contra Atorrasagasti e Zubillaga serviu para «dar uma imagem de imparcialidade», pois «o objectivo real desta paródia de processo» é «criar obstáculos à rota traçada» pelo EIPK.
«É óbvio que se trata de um julgamento político», afirma, recordando em seguida que perante essa situação diversas personalidades institucionais e políticas, movimentos sociais e culturais defenderam a necessidade de responder com «uma atitude insubmissa e desobediente»: para assim poder divulgar a proposta do Colectivo de Refugiados e para que, «independentemente da atitude dos estados, o processo democrático possa ser levado até ao fim».
Diz que, «animado» pela atitude «responsável e digna de admiração» desses agentes, «optou pela insubmissão» face à sua entrega iminente ao Estado espanhol.
Aranalde termina a sua carta sublinhando que «o povo é a base e a garantia para que Euskal Herria possa avançar», e por isso pede às pessoas que se mobilizem, «para conseguir a verdadeira paz pela qual tanto ansiamos e de que precisamos». / Ver: naiz.info / Ver também: Berria /
Carta de Jokin Aranalde (eus / cas / fra)
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Aranalde opta pela «insubmissão» face à sua entrega ao Estado espanhol
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