Na primeira sessão do julgamento de 40 jovens independentistas, ouviu-se o depoimento de dez deles. Nenhum respondeu às perguntas da Procuradoria nem da acusação particular. Os arguidos, acusados de pertencer à Segi, devem depor até quarta-feira. Depois, a 25, 26 e 27 de Novembro, seguem-se os polícias e guardas civis, e a 9, 10 e 11 de Janeiro depõem as testemunhas de defesa.
Os jovens chegaram à Audiência Nacional espanhola pouco antes das 10h00, vestindo T-shirts cor-de-laranja com a inscrição «Libre». Antes de entrar no tribunal especial, denunciaram o «anacronismo» deste julgamento quando em Euskal Herria está em marcha um processo de soluções, e sublinharam que vão continuar a trabalhar pela paz. Recordaram Luis Goñi, esperando que não haja mais jovens presos por motivos políticos.
A apoiar os jovens, estiveram na AN os deputados da Amaiur Sabino Cuadra e Jon Iñarritu.
Balões cor-de-laranja
Dentro da sala, os jovens encheram balões cor-de-laranja, ao mesmo tempo que faziam ouvir mensagens a favor da solução e reivindicavam a libertação de Luis Goñi. A presidente do tribunal, Manuela Fernández de Prado, mandou-os abandonar a sala. Regressaram depois de os polícias terem rebentado os balões.
Quatro dos arguidos – Irati Mujika, Idoia Iragorri, Unai Ruiz e Goizane Pinedo – não se apresentaram no julgamento, considerando que a AN espanhola não é «ninguém» para julgar cidadãos bascos.
Depoimentos
A primeira a depor foi Ainara Bakedano, que denunciou as torturas a que foi submetida; afirmou que este processo se limita a julgar uma «actividade política».
Jon Anda relatou as «brutais torturas» a que foi submetido enquanto esteve incomunicável. Afirmou: «Somos acusados pela nossa militância política. É tempo de, entre todos, procurar soluções».
Seguiram-se Jon Ziriza e Gaizka Likona. Este último disse: «Levei a cabo um trabalho radicalmente democrático em prol da libertação de Euskal Herria e da classe trabalhadora». Pediu o repatriamento dos presos bascos e a juíza tirou-lhe a palavra.
Olatz Izagirre também reivindicou o seu trabalho político, afirmando que foi para Lapurdi com medo de ser torturada. Ion Telleria disse que é «generoso» chamar «provas» aos documentos que apresentaram contra eles e que os estão a julgar pela sua «militância política». Realçou o facto de a organização a que os acusam de pertencer já não existir e afirmou: «aqui não há 40 terroristas, há 40 jovens».
Aitziber Arrieta disse: «estamos aqui porque somos jovens independentistas de esquerda e defendemos um novo modelo político, social e económico». Relatou ainda os maus-tratos a que foi submetida, que começaram mal foi levada para fora de casa.
Garazi Rodríguez também afirmou que as acusações que pendem sobre eles se baseiam na tortura e que os estão a julgar pela sua actividade política. Referiu-se às ameaças e vexações sexuais que sofreu: «Estava completamente nua, e ameaçavam violar-me se não começasse a falar».
Maialen Eldua disse que este julgamento não contribui para o processo de paz no País Basco, denunciou o facto de a obrigarem a aprender as declarações policiais de cor, sob ameaça, e relatou como foi maltratada.
Eihar Egaña, o último a depor, também contou como os maus-tratos começaram logo no momento da detenção. Segundo referiu, pararam a caminho de Madrid, e um polícia disse-lhe que tinha «boa pontaria com pistola». Não reconheceu o depoimento policial, tendo afirmado que o assinou sob pressão - «diziam-me que ia ver o que era o inferno».
40 jovens dos quatro herrialdes do Sul
Os 40 jovens julgados são naturais das quatro províncias do País Basco Sul e estão em liberdade depois de terem passado entre um e dois anos em prisão preventiva. Muitos dos detidos na operação policial afirmaram ter sido torturados.
São estes os arguidos: os navarros Irati Mujika, Ainara Bakedano, Amaia Elkano, Garbiñe Urra, Itxaso Torregrosa, Oier Zuñiga, Fermin Martínez, Artzai Santesteban e Jon Ziriza. Os alaveses Jon Anda, Jon Liguerzana, Nestor Silva, Unai Ruiz, Goizane Pinedo, Jagoba Apaolaza, Zumai Olalde, Aitor Liguierzana e Bittor Gonzalez. Os biscainhos Gaizka Likona, Eñaut Aiartzagunea, Mikel Totorika, Nahaia Aguado, Idoia Iragorri, Xabier de la Maza, Haritz Petralanda, Ibai Esteibarlanda, Karlos Renedo e Zuriñe Gojenola. Os guipuscoanos Olatz Izagirre, Ion Telleria, Garazi Rodríguez, Maialen Eldua, Eihar Egaña, Euken Villasante, Mikel Esquiroz, Mikel Ayestaran, Xumai Matxain, Aritz Lopez, Asier Coloma e Aitziber Arrieta. / Ver: Berria e naiz.info [Nota: a tradução baseia-se nas notícias do Berria e do naiz.info; no caso, é importante referi-lo.]