domingo, 25 de maio de 2014

Iruñea e Valdediós: unidas na memória e contra a impunidade

A denúncia da impunidade dos crimes e dos criminosos franquistas tomou corpo, mais uma vez, em duas localidades tão distantes entre si como o são Iruñea e Valdediós (Astúrias), irmanadas na reivindicação da memória democrática e antifascista e no protesto contra a abertura da exposição que celebra a «gloriosa» história do batalhão «América 66», inaugurada esta sexta-feira, 23, na capital navarra.

Em Valdediós, em resposta à convocatória das associações FAMYR (Federación Asturiana Memoria y República), Ahaztuak 1936-1977, Ateneo Obrero, Sociedad Cultural Gijonesa e Estaya de la Memoria L'Altu Nalón, meia centena de pessoas juntaram-se frente ao monólito que assinala a vala onde estavam as dezassete pessoas assassinadas no local pelo Batalhão «Arapiles» (um dos que constituiriam o América 66), em Outubro de 1937.

Em Iruñea, onde foram constituídas as Brigadas Navarras em que o «Arapiles» se integrava, algumas dezenas de pessoas apareceram junto à Cidadela, por volta das seis da tarde, para assim protestarem contra a inauguração da exposição. Contudo, foi impossível vincar o protesto, devido ao enorme dispositivo policial presente no local - seis furgões espalhados por diversos pontos e «secretas» em bom número, que se aproximavam dos transeuntes para lhes pedir a identificação. Ainda houve algumas trocas de palavras entre as pessoas que ali estavam e as forças policiais.

Por iniciativa da Ahaztuak 1936-1977, às 19h30, no espaço da Zabaldi, o professor da Universidade de Oviedo Rubén Vega deu a conferência «Valdediós: el terror franquista en Asturies», a que assistiram cerca de oitenta pessoas. Mesmo antes do início da conferência e junto ao local onde iria decorrer, na Rua Nabarreria, realizou-se uma pequena homenagem popular e emotiva às pessoas assassinadas em Valdediós «e a todas as vítimas das Brigadas Navarras e do regime franquista, nas Astúrias, em Nafarroa e em todo o Estado».

A polémica, a resposta social e o protesto popular suscitados por esta exposição não termina aqui: depois de a delega do Governo espanhol em Nafarroa, Carmen Alba, ter proibido a concentração convocada pela Ahaztuak 1936-1977 para sexta-feira à tarde, coincidindo com a abertura da exposição, a associação de vítimas do franquismo convocou uma outra para dia 31, às 12h00, «para denunciar a sua abertura e exigir o seu cancelamento». / Ver: ahaztuak 1936-1977 via lahaine.org [com mais fotos]