terça-feira, 26 de julho de 2016

Mauro Iasi: «Guerra do Iraque: a boa fé e a fé imperfeita»

O que nos chama a atenção é que como a noticia do relatório Chilcot foi trabalhada. O caso nos fornece um rico material para que possamos entender como a ideologia opera. Sabemos que as palavras não são neutras, não são apenas significantes que carregam significados precisos, mas formam um série que constitui um determinado «real». Ou melhor, uma visão sobre o real. Comecemos pelo mais evidente. Os dados nos quais foi baseada a decisão de guerra eram «imperfeitos», a forma como foi conduzida a invasão era «inadequada» e as circunstâncias não eram «satisfatórias».
Uma breve inversão e a barbárie da guerra e seus efeitos poderiam ser compreendidas como uma ação baseada «perfeitamente» em dados precisos da inteligência, levada à cabo de maneira «adequada» em circunstâncias «satisfatórias». Trata-se, portanto, da definição de qual a maneira e as circunstâncias em que se torna compreensível e justificado o assassinato de mais de quatrocentas mil pessoas e a destruição completa de um país. (odiario.info)