A manifestação contra as tortura e as ilegalizações gerou uma pequena guerra de números entre os organizadores e meios de comunicação e corpos policiais
«Milhares de pessonas», «várias centenas», «cerca de mil»... são as expressões habituais após uma manifestação. Conforme a fonte que fornece as cifras, assim a estimativa andará por cima ou por baixo. Mas às vezes estas estimativas não possuem qualquer base científica, e foi isso precisamente o que aconteceu com os cálculos da Polícia Municipal e de vários meios de comunicação que no sábado passado baixaram para várias centenas o número de participantes na manifestação contra a tortura, as ilegalizações e a favor do possível desenvolvimento de todos os projectos políticos. Por exemplo, a polícia local, dirigida por Simón Santamaría, disse que tinham participado na marcha entre 900 e 1000 pessoas. Na Euskadi Irratia disseram que tinham sido 800 as pessoas que se tinham manifestado, fazendo um cálculo ainda mais por baixo do que a Polícia Municipal. Não sabemos quem lhes deu essa informação ou se foi o jornalista que contou os participantes. Mas enganaram-se redondamente.
Entretanto, os organizadores apontavam para 7000 pessoas. Alguns pensarão que, se uns dizem 1000 e outros dizem 7000, então o número de manifestantes terá rondado os 3500. Um fifty fifty, vá. Mas isso é um exercício demasiado simples, sobretudo tendo em conta que existem fotos da marcha que evidenciam que os participantes ocuparam a Avenida do Exército quase na totalidade.
Esta Avenida pamplonesa tem um comprimento, desde os Txistus até aos semáforos de Antoniutti, de mais de 580 metros. Os manifestantes ocupavam os lancis da esquerda da estrada, o que representa 7,30 metros. No total, quase 6350 metros quadrados. Com estes dados em cima da mesa, a Polícia Municipal de Iruñea diz-nos que cada pessoa ocupava mais de 7 metros quadrados, e 8 no caso da EITB. Isso, como é lógico, é impossível à vista das fotos que a Ekinklik.org mostra. Noutras fotos, como as do Diario de Noticias, em plano curto, não é tão fácil discernir o comprimento da manifestação. É que este periódico, tendo a possibilidade de fotografar a marcha numa recta como a Avenida do Exército, preferiu tirar uma instantânea de uma curva na Avenida Baiona.
Assim, tendo em conta que em cada metro quadrado podem estar até quatro pessoas, se a densidade da manifestação for muito alta, e uma pessoa, se os manifestantes andarem mais afastados entre si, podemos dizer que, no mínimo, 6000 pessoas participaram na marcha. Nalguns pontos, os manifestantes andariam mais afastados entre si, mas noutros pode-se verificar que num metro quadrado havia pelo menos duas ou três pessoas. Portanto, sem risco de exagerar, podemos afirmar que entre 6000 e 6500 pessoas estiveram em Iruñea no sábado passado. Os organizadores tiveram bom olho.
Fonte: apurtu.org
terça-feira, 25 de maio de 2010
Manifestação contra a tortura: mil manifestantes a ocupar toda a Avenida do Exército?
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