Convocada pelas organizações Goldatuz e Euskal Memoria, a conferência que ontem reuniu algumas das pessoas que, no dia 27 de Dezembro de 1970, foram condenadas a 9 penas de morte e 590 anos de prisão teve um carácter emotivo e bastante pessoal.
A sala Kutxa da Alde Zaharra [Parte Antiga] donostiarra encheu para ouvir aquilo que se passou pela boca dos protagonistas, no caso Itziar Aizpurua, Antton Karrera e Jon Etxabe, acompanhados pelo advogado Miguel Castells.
A prova de que isso foi inteiramente alcançado foi a greve geral realizada no país durante os sete dias que durou o julgamento militar. Os condenados disseram ainda que o que propiciou o indulto, decretado apenas três dias depois – 30 de Dezembro de 1970 – da sentença, foi a mobilização popular que se deu em todo o território basco, bem como na Cidade do México, em Paris ou Berlim, entre outros lugares.
Tendo em conta que até então o franquismo não tinha condenado nenhum membro da ETA, os condenados afirmaram que aquele julgamento serviu para «tirar a máscara ao franquismo» e, também, para que a questão de Euskal Herria saltasse para a cena internacional. Também ficou claro até onde o regime de Franco estava disposto a chegar.
Precisamente por isso, quando o advogado Castells comunicou a Jokin Gorostidi que tinha sido condenado a duas penas de morte, o último respondeu-lhe que era a melhor prenda de Natal que lhe podia dar.
Itziar Aizpurua destacou que o indulto aos condenados mostrou que se podia vencer o franquismo, e acrescentou que «isso teve continuidade». Assim, sublinhou que Euskal Herria sobreviveu à chamada Transição espanhola e que, hoje em dia, está claramente disposta a obter a vitória. / Fonte: naiz.info / Ver: Berria
Crónica: «O 27 de Dezembro em que Euskal Herria tirou a máscara ao franquismo», de Ramón SOLA (Gara)
O episódio é conhecido, mas ainda comove. No dia 28 de Dezembro de 1970, Miguel Castells teve de comunicar a Jokin Gorostidi que tinha sido condenado à morte. «É a melhor prenda de Natal que me podias dar», respondeu-lhe o militante da ETA. Tinha razão: dois dias depois chegava o indulto, e o mundo tinha descoberto a resistência basca e a cara real do franquismo.