sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Encontrados em Bera restos mortais de sete fuzilados pelos franquistas

Ontem, o cemitério foi pequeno para a homenagem aos fuzilados na guerra de 1936

Ontem, o cemitério de Bera (Nafarroa) foi pequeno para a homenagem aos habitantes da terra mortos na guerra de 1936 e aos de outras paragens que ali foram fuzilados. Na homenagem estiveram presentes mais de cem pessoas, incluindo vereadores de Bera; familiares de fuzilados; autarcas de Lesaka, Etxalar, Tolosa, Villabona, Alegi, Zizurkil e Asteasu; e representantes de associações de familiares de fuzilados.

Marisol Taberna, autarca de Bera, sublinhou que as escavações abrem o caminho à recuperação da memória e da justiça. O vereador Jon Abril leu um poema em homenagem aos fuzilados e, depois de se dançar o aurresku, teve lugar uma oferenda floral aos falecidos.

Por iniciativa da Câmara Municipal, a Aranzadi Zientzia Elkartea / Sociedade de Ciências Aranzadi iniciou na sexta-feira passada trabalhos de escavação na vala comum da guerra de 1936 existente no cemitério de Bera. No final dos trabalhos, foram encontrados sete cadáveres.

Apesar de se estimar que haja mais de uma centena de corpos enterrados na vala comum, só foi possível encontrar sete - nos anos 80, o cemitério foi alvo de remodelação e, com isso, a vala foi afectada, impedindo a realização de mais pesquisas. Desta forma, os restantes cadáveres permanecem ocultos.

A Aranzadi efectuou pesquisas numa parcela de terreno com cerca de sete metros. Depois de contar os corpos, tirou amostras de ADN, para que possam ser identificados, caso isso seja solicitado. Cada um dos cadáveres foi colocado num caixão individual, e foi tomada a decisão de os enterrar no mesmo cemitério.

Pensa-se que cerca de 130 presos do cárcere donostiarra de Ondarreta tenham sido levados para Bera, sendo ali fuzilados e enterrados, pelo que a maioria dos fuzilados na vala comum de Bera são guipuscoanos.

Para além disso, no dia 2 de Agosto de 1936 a localidade navarra foi bombardeada, e, de acordo com dados oficiais, seis dos seus habitantes foram fuzilados e quatro foram dados como desaparecidos. / Irene ARRIZURIETA / Fonte: Berria [também consultámos a notícia do Gara, igualmente em euskara. Akatsak badaude sentitzen dugu.] / Ver também boltxe.info [em castelhano]

Leitura:
«"Cuando me muera decid que fui roja". A Encarnación Moreno», de María José SAGASTI (ahaztuak1936-1977)
Texto de homenagem a Encarnación Moreno (recentemente falecida, com 101 anos), viúva de Fortunato Álvarez Macua, fuzilado pelos fascistas em 1936; texto também em memória de «todas as viúvas vítimas do genocídio franquista que começou em 1936».
A autora, María José Sagasti, é autarca de Dicastillo / Deikaztelu (Nafarroa).