segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Celaá não conseguiu silenciar os protestos em Azpeitia

No sábado, em diversas mobilizações levadas a cabo por toda Euskal Herria, milhares de pessoas exigiram a repatriação dos presos políticos bascos e evocaram especialmente Jon Anza, desaparecido há mais de três meses. Nesse contexto, a Etxerat realizou uma concentração em frente à basílica de Loiola, em Azpeitia, onde, por ocasião da festividade de São Inácio, se celebrava a tradicional missa oficiada pelo bispo de Donostia, Juan Maria Uriarte.


Cerca de 200 familiares e amigos exibiram faixas com os lemas «Non da Jon?» e «Euskal presoak Euskal Herrira». Quando o autarca de Azpeitia, Julian Eizmendi, acompanhado pela lehendakari em funções Isabel Celaá, o deputado geral de Gipuzkoa, Markel Olano, e a presidente das Juntas Gerais, Rafaela Romero, chegaram à basílica, foram recebidos com palavras como «Non dago Jon?» [onde está o Jon?], «Euskal presoak Euskal Herrira!» [os presos bascos para o País Basco] ou «Presoak kalera, amnistia osoa!» [Os presos para a rua, amnistia geral!], e com cartazes que diziam «Elkartasunak ez du etenik izango» [a solidariedade não vai parar]. Embora um helicóptero da Ertzaintza os procurasse silenciar, voando a baixa altitude, os altos mandatários ouviram bem, por certo, as mensagens que os presentes que lhes queriam fazer chegar. Quando se preparavam para entrar na basílica, uma pessoa dirigiu-se a eles e interpelou-os sobre o paradeiro de Anza.

Antes da tradicional procissão, Isabel Celaá fez um apelo aos municípios para que colaborem «na erradicação da ETA em todos os espaços» e exigiu que não haja «nenhuma compreensão para a ideologia da ETA, nenhuma ajuda ou justificação». Depois de comparecer perante a imprensa, Celaá, escoltada por agentes antimotim, dirigiu-se à Câmara Municipal de Azpeitia, onde foi recebida pelo autarca e o deputado geral.

Entre os membros da Vereação estavam os cinco edis independentistas ataviados com T-shirts em que se podia ler «Non dago Jon?». No momento do encontro com a lehendakari em funções, os vereadores da esquerda abertzale ergueram cartazes com as seguintes palavras: «Konponbidea» [solução; acordo], «Euskal Herria» [País Basco], «Bakea» [paz], «Hitza» [palavra] e «Erabakia» [decisão]. Também exibiram uma ikurriña com um crepe negro em alusão ao falecido Remi Ayestaran. Vários ertzainas exigiram-lhes que retirassem esses cartazes; perante a sua recusa, os agentes afastaram-nos aos empurrões.

Ao meio-dia, na altura em que ia ser dançado o tradicional aurresku de honra às autoridades, registou-se outro incidente. Habitantes de Azpeitia relataram ao Gara que a Ertzaintza tentou deter um jovem que levava uma bandeirola que exigia a repatriação dos presos. Depois de empurrões entre manifestantes e agentes, o jovem fugiu. As mesmas fontes acrescentaram que uma mulher que se encontrava próxima do local poderá ter ficado ferida depois de os ertzainas que perseguiam o jovem a terem empurrado.


Depois destes acontecimentos, a Vereação municipal decidiu suspender os restantes actos previstos para o meio-dia. Alguns habitantes ainda penduraram uma faixa na varanda da Câmara, na qual também se lia a pergunta «Non dago Jon?».

Janire ARRONDO

Fonte: Gara

Sobre a iniciativa da Etxerat nas estradas de Euskal Herria, no dia 1 de Agosto, em que centenas de familiares e amigos dos presos políticos bascos vieram para a estrada manifestar a sua solidariedade com os presos e lembrar as longas viagens que têm de fazer para os visitar na prisão, ver:

«A solidariedade para com os presos prevalece nas estradas», em etxerat.info, e «As estradas acolhem quilómetros de solidariedade», em Gara