sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Villabona pára no luto por Ayestaran e na denúncia da sua morte

Para demonstrar a sua consternação e o seu mal-estar com o falecimento de Remi Ayestaran, vice-presidente de Villabona (Gipuzkoa), bares, estabelecimentos comerciais e outro tipo de estabelecimentos da localidade mantiveram-se encerrados durante o dia de ontem. A paralisação foi a tónica dominante durante todo o dia, assim como as numerosas manifestações em memória do edil - com cartazes, fotografias ou crepes negros - instaladas nas ruas. Deste modo, associaram-se à greve geral que tinha sido convocada para ontem, com o intuito de denunciar o que se passou na sexta-feira passada e homenagear Ayestaran, e que se alargou à comarca de Tolosaldea na forma de uma pausa de uma hora.

«O povo de Villabona amanheceu hoje com um silêncio ensurdecedor, que doía nos ouvidos». Assim descreveu Txelui Moreno, membro da esquerda abertzale, o panorama que as ruas desta localidade guipuscoana apresentavam. Era visível que a terra tinha parado para protestar, seis dias depois do acontecimento funesto, uma vez que figura de Ayestaran era muito conhecida e querida entre as pessoas. O jovem vereador da esquerda abertzale sofreu um ataque cardíaco na sequência de vários confrontos verbais com a Ertzaintza, que tinha acorrido à localidade para impedir um acto de solidariedade com os presos. As testemunhas denunciaram a situação como «acosso» e a esquerda abertzale liga a morte à repressão.

Pausas na comarca
Depois da presença de alguns representantes da esquerda abertzale, ao meio-dia mais de uma centena de familiares, pessoas íntimas e amigos de Remi Ayestaran participaram numa concentração silenciosa que decorreu em frente à Câmara Municipal, durante um quarto de hora. Os presentes exibiam uma faixa com as palavras «Remi gogoan zaitugu. Herriak ez du barkatuko!» [Remi, não te esquecemos. O povo não perdoará!], junto a uma ikurriña com um crepe negro.

Mas a jornada de protesto estendeu-se a outras localidades próximas de Villabona. Estavam previstas pausas de uma hora, mais concretamente entre as 12h e as 13h, na comarca de Tolosaldea.
A adesão a estes apelos foi grande. Por exemplo, em Ibarra a pausa teve uma adesão de 80%, e 50 pessoas participaram numa concentração para recordar o habitante de Villabona.

Manifestação à tarde
Na parte da tarde, aqueles que quiseram expressar nesta localidade a repulsa por esta morte juntaram-se numa manifestação, que decorreu novamente sob o signo do pesar e da ira. Participaram cerca de 800 pessoas, que seguiam atrás de uma faixa onde se lia «Herriak ez du barkatuko». Entre os presentes contavam-se familiares de Remi Ayestaran.
No final da manifestação, um dos seus irmãos falou durante breves instantes para expressar o seu agradecimento pelo apoio recebido e para sublinhar que, se «Remi morreu na defesa das suas ideias», estas hão-de continuar a ser reivindicadas por milhares e milhares de pessoas. Nesta altura, um morador aproximou-se dos familiares de forma inesperada para lhes entregar um ramo de flores.

Antes disso, um jovem da localidade interveio para apresentar vários elementos que mostram como a repressão é uma constante em Villabona, não constituindo, dessa forma, uma excepção em relação ao que se passa nas restantes terras bascas. Afirmou que «na base do problema está o facto de os direitos deste povo serem espezinhados» e que o PSOE apostou claramente na repressão, de que não resultará nada de bom, e que deixa dramas como a morte de Ayestaran.


A marcha tinha-se iniciado na praça da localidade e terminou no mesmo local, depois de percorrer a parte central da terra. Não faltaram alguns momentos de tensão, sobretudo quando várias furgonetas da Ertzaintza passaram pelo centro do percurso.
Depois de concluída a marcha e as intervenções, a Polícia autonómica voltou a aparecer em Villabona, dando várias voltas pela localidade e fazendo temer que houvesse incidentes. Por volta das 20h foram-se novamente embora.

Janire ARRONDO
Fonte: Gara