Aqui não houve uma revolução, mas sim uma contra-revolução permanente da qual vocês, social-fascistas, são os primeiros beneficiários, paladinos e protectores do grande capital em troca das migalhas que vos dão
O busílis da coisa é simples: trata-se de que vossas senhorias condenem a sublevação militar-fascista de 18 de Julho de 1936 dirigida pelo criminoso de guerra general Franco e também a «guerra suja» e o terrorismo de estado que sobreveio à morte do ditador. Se fizerem isso, seremos generosos e não os meteremos na prisão para toda a vida (como vocês fazem com os revolucionários) e brindá-los-emos com um exílio dourado onde possam desfrutar tudo o que roubaram ao povo e possam queixar-se da falta de liberdade de expressão que vos tirou a vocês a liberdade de mentir e de pagar a quem mente por vocês.
Mas é óbvio que vocês não vão fazer isso, pelo menos por uma razão: aqui não houve uma revolução, mas sim uma contra-revolução permanente da qual vocês, social-fascistas, são os primeiros beneficiários, paladinos e protectores do grande capital em troca das migalhas que vos dão, e, como tal, não se sentem na obrigação de «condenar» coisa nenhuma, bebendo, pelo contrário, os ventos de quem ganhou a guerra, sendo que mais de metade de vós descende geneticamente dos vencedores, ou seja, de fascistas, e obrigam, como a Santa Inquisição, a «condenar» a violência revolucionária de quem não dá o braço a torcer, mesmo que sejam torturados e que os metam na prisão para toda a vida, algo que as vossas burguesas mentes jamais entenderão a não ser que a isso sejam obrigadas.
Mas, mesmo que condenem o «levantamento nazional» fascista contra a legitimidade da II República (burguesa, mas mil vezes mais democrática que esta II Restauração bourbónica digitalizada por Franco), nós não acreditamos, do mesmo modo que o ministro do Interior, senhor Rubalcaba, alegadamente ele, químico de profissão e atleta nos seus anos de juventude, e não mau de todo, não acreditaria na «transverberação» mística do batasunismo se a este lhe desse na gana «condenar o terrorismo». Você atirou borda fora - como diria o conspícuo Patxi Zabaleta - trinta anos de propaganda política, na qual, já se vê, nem mesmo você acreditava (mas querendo que as pessoas acreditassem e ficassem mansas que nem borregos). É que a si, messié, e por extensão ao Estado, já que de questões de estado estamos a falar, não lhe importa a ETA, mas sim o problema de fundo que lhe subjaz, sendo que a ETA, por muito reprováveis que sejam os seus métodos de luta, não é mais que um sintoma e uma manifestação (há 50 anos!) do chamado «conflito», isto é, das ânsias de liberdade da grande maioria deste povo politicamente oprimido e ao qual se recusa a voz para se expressar livremente num ou noutro sentido.
Recordo que o meu primo Angel Gaminde, prestigiado advogado, me dizia que com Franco não havia liberdade... nem para delinquir. Com vocês, neonazis, não há liberdade nem para dizer esta boca é minha. A ETA, como vocês estão fartos de saber, não é a causa de nada, politicamente falando, porque aqui estamos a falar de política e não de «terrorismo», que é o que vocês querem inocular nos instintos, contaminando-os, e não na consciência do povo, mas é a consequência de lamaçais antigos em que vocês ainda hoje chafurdam. Outra coisa ainda é parecer que vocês lucram ao lidar com essa porcaria. Não se distraiam, porque pode chegar um Hércules colectivo capaz de limpar esses currais nauseabundos de Aúgias. E, então, ninguém se lembrará de vocês excepto para vos vilipendiar.
Jon ODRIOZOLA
jornalista
Fonte: Gara