segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A Ertzaintza volta a provocar feridos nas ruas de Donostia

Apesar das proibições, centenas de manifestantes juntaram-se no sábado em Donostia para reclamar a repatriação e os direitos dos presos políticos bascos. No âmbito do Amnistia Eguna [Dia da Amnistia], que se celebrou como é costume durante a Aste Nagusia, foram muitos os que se uniram ao protesto em defesa dos perseguidos políticos.

Mas, como tem sido habitual nestes últimos dias na capital guipuscoana, antes das 18h vários destacamentos da Ertzaintza, armados até aos dentes com material antidistúrbios, ocupavam as imediações do Boulevard e do Kursaal, local para onde o Movimento pró-Amnistia tinha marcado o início da convocatória, às 19h.

Assim, centenas de manifestantes que levavam fotografias de presos bascos iniciaram a marcha de protesto atravessando a Peña y Goñi kalea em direcção ao centro de Gros. Embora se notasse bem a tensão entre os manifestantes desde o início da marcha, em virtude da forte presença policial, as pessoas presentes não gaguejaram ao proferir palavras de ordem como «Presoak kalera, amnistia osoa» [os presos para a rua, amnistia geral] ou «Borroka da bide bakarra» [a luta é o único caminho].

Pouco tempo depois, várias furgonetas da Ertzaintza surgiram a grande velocidade contra a mobilização que se dirigia para o centro do bairro donostiarra. Os agentes espalharam-se pelo local e fizeram várias cargas violentas, disparando balas de borracha ou recorrendo aos cacetetes. Ainda assim, o trabalho do corpo de intervenção viu-se dificultado quando os manifestantes lhes cortaram o caminho com contentores ou barreiras, como aconteceu na Zabaleta kalea ou no Kolon pasealekua.

Numa das investidas policiais, um homem de 64 anos alheio ao protesto ficou ferido no nariz. O ferido tropeçou e caiu ao ser surpreendido pelas cargas policiais no cruzamento do Kolon pasealekua com a Agirre Miramón kalea, tendo de receber assistência no local e sendo posteriormente levado para o hospital. Também ali, a Ertzaintza identificou dezenas de manifestantes que levavam fotografias. Para além disso, pelo menos três outros foram retidos por se terem recusado a identificar.

Viram-se ultrapassados
Apesar da carga, os manifestantes, que se dividiram em vários grupos, prosseguiram o protesto. Os agentes, fiéis à máxima de dispersar qualquer protesto, viram-se depois ultrapassados, uma vez que, enquanto retinham alguns manifestantes, outros iniciavam um novo protesto numa outra rua. E assim sucessivamente.

Novo protesto no centro
A pouco e pouco, embora continuasse a haver pequenas escaramuças entre manifestantes e agentes do corpo de intervenção, a calma regressou às ruas de Gros.
Por volta das 20h, o destacamento policial mudou-se para o Boulevard, que se encontrava repleto de gente por causa das festas da Aste Nagusia e por ser sábado.

Nesse momento, partiam do Boulevard milhares de seguidores da Real Sociedad em kalejira rumo ao estádio de Anoeta, celebrando o centenário da sua equipa. Meia hora depois, mais de uma centena de pessoas que levavam fotografias de presos bascos ou bandeirolas que exigem a sua repatriação juntaram-se ao desfile, quando este circulava pelo centro da cidade. Também aqui os manifestantes faziam ouvir palavras de ordem constantes a favor dos perseguidos políticos bascos, aplaudidos por alguns espectadores que se encontravam nos passeios.

Mas pouco durou o ambiente festivo em Amara, pois a Ertzaintza apresentou-se na disposição de acabar com o protesto. Quando o desfile passava pela Antso Jakituna etorbidea [Avenida Sancho o Sábio], várias patrulhas da Polícia de Ares interromperam a marcha.

Depois dos incidentes ocorridos em diversos pontos da capital guipuscoana, os agentes da Ertzaintza permaneceram espalhados pelo Boulevard donostiarra. Também havia várias patrulhas colocadas no bairro de Antiguo.

Manifestação depois da impugnação
Tal como tem acontecido nas últimas semanas, a marcha convocada pelo Movimento pró-Amnistia tinha sido proibida pelo juiz da Audiência Nacional espanhola Eloy Velasco na sexta-feira. Inicialmente, a manifestação tinha sido marcada para as 18h30, vindo a ser impugnada. Depois disso, foi convocado um outro protesto para meia hora mais tarde, neste caso na zona do Kursaal.
O juiz ordenou às FSE que impedissem a realização da marcha, por considerar que o acto tinha «como única intenção enaltecer pessoas que estão presas por realizar crimes graves».
As agências destacaram o facto de que a Ertzaintza tinha impedido mais uma marcha. Não deram informações sobre feridos.

Janire ARRONDO

Notícia completa: Gara