sexta-feira, 7 de maio de 2010

Absolvidos oito dos treze jovens julgados na sequência das «detenções preventivas»


O Movimento pró-Amnistia informou que foram absolvidos oito dos treze jovens julgados em Dezembro de 2009, depois de serem detidos em 2003 numa das chamadas «operações preventivas». A maior parte deles passou dois anos na prisão.

Trata-se de Ramón López, Arantza Martin, Francisco Javier Gil, Gorka Iriarte, Galder Bilbao, Maider Egiguren, Iker Casanova e Ikerne Indakoetxea.
O tribunal de excepção decretou penas de sete anos de prisão para Zuhaitz Izagirre e Carlos Martin, que acusa de «integração» na ETA. Já Alberto González, Regina Maiztegi e Mikel Garaiondo foram condenados a seis anos de prisão por «colaboração».

Os treze jovens foram presos entre Outubro e Novembro de 2003 em duas das sete «operações preventivas» realizadas em Euskal Herria, com o argumento de que os seus nomes apareciam em documentação apreendida pela Polícia francesa a alegados «responsáveis de captação da ETA».

Quase todas estas pessoas foram parar à prisão, não sem antes terem denunciado, na maioria dos casos, maus tratos físicos e psicológicos. Além disso, os agora absolvidos passaram dois anos e meio na prisão na maior parte dos casos e postos em liberdade depois de pagarem fianças de 30 000 euros.

O número de bascos detidos em todas as operações denominadas como «preventivas» inclusive pelas autoridades espanholas, e que se desenrolaram entre 2003 e 2005, ascende a 116.

Em Bilbau, denunciam a «instrumentalização política do regime de incomunicação»
Precisamente, algumas horas antes familiares e amigos dos detidos nas últimas semanas em Bilbo e representantes de associações como a Etxerat afirmaram, juntamente com membros do Movimento pró-Amnistia, que a «eficácia policial» assenta na «construção» de acusações através de declarações forjadas nas esquadras sob tortura.

Na conferência de imprensa estiveram presentes algumas das pessoas que foram apontadas em depoimentos policiais pelos últimos detidos e que, tal como alertaram, podem ser «detidos e torturados» a qualquer momento.

Em nome do Movimento pró-Amnistia, Julen Orbe afirmou que os «acontecimentos» das últimas semanas os obrigaram a «levantar a voz». Recordou que em 2010 nove bilbaínos foram detidos e destacou a denúncia de tortura realizada pela habitante de Deustua Naia Zuriarrain.

Nesse contexto, referiu-se à operação levada a cabo pela Ertzaintza que se saldou com as detenções de Alberto Marín, primeiro, e do seu companheiro de apartamento, Alex Bustindui. A Polícia autonómica deteve Marín no dia 21 de Abril, que permaneceu incomunicável durante quatro dias na esquadra de Erandio. Segundo referiram, o morador de San Inazio contou que os agentes não o deixaram dormir e que foi «constantemente pressionado, por entre gritos, humilhações e ameaças» dirigidas à sua família e amigos. Também disse que o interrogaram ilegalmente com ameaças e que foi agredido várias vezes, coisa que fez saber ao juiz e ao médico forense.

Enquanto Marín continuava sob regime de incomunicação - esteve mais cinco dias sem poder ser visitado por advogados ou familiares já na prisão de Soto del Real -, ocorreu a detenção de Bustindui. Neste caso, afirmaram que foi «sequestrado» em duas ocasiões por polícias à paisana antes da sua detenção. Na primeira, meteram-no num carro, «interrogando-o ilegalmente sob fortes ameaças» durante três horas, e na seguinte levaram-no para o monte Pagasarri, onde «lhe fizeram uma proposta de colaboração, sob coacção e ameaça de vir a pagar caso não o aceitasse».

Orbe afirmou que nas declarações efectuadas nas esquadras nessas condições «aparecem mais nomes» de pessoas «activas e trabalhadoras nos seus bairros, em diferentes áreas, e cujo trabalho é público».

Fonte: Gara e Gara