segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Askatasuna denuncia «acosso policial e judicial crescente» em Iparralde


A Askatasuna deu uma conferência de imprensa na quinta-feira passada para denunciar as pressões policiais exercidas nos últimos tempos. «Para além de operações policiais muito vistosas, as autoridades francesas, através da Polícia e da Justiça, leva também a cabo um trabalho de acosso sobre os jovens», afirmou Muriel Lucantis, porta-voz da Askatasuna. O comité enumerou uma lista de períodos sob custódia policial, buscas e encarceramentos efectuados na região ao longo dos últimos dois anos.

O movimento aludiu em particular ao caso de Jordi. Em 2007, depois da manifestação relacionada com os casos Ostape e Kalaka, três menores convocados pela gendarmerie identificam «sob pressão», e «com base em fotos», «um amigo seu, Jordi, como tendo estado presente na manifestação» referida, relata a Askatasuna. «Sem estar provada a sua participação», é detido na casa da sua família no dia 26 de Novembro de 2008, às 6 horas da manhã.

«Sem possibilidade de defesa»
Acusado de ter ferido um agente policial durante a manifestação, Jordi foi convocado há alguns dias pelo mediador do Tribunal de Baiona, que lhe propôs a realização de um «estágio de cidadania». O jovem e os seus pais recusaram o estágio, pois isso «significa admitir a culpa sem debate contraditório e, logo, sem possibilidade de se defender», afirmou o seu pai. Na semana passada, Jordi recebeu uma notificação para ser julgado à porta fechada por um juiz de menores no dia 28 de Maio.

«Por mais difícil que isso seja, incitamos os cidadãos a denunciar todos os casos», afirmou a Askatasuna, dirigindo-se aos jovens. «Não falar nos interrogatórios que decorrem nas esquadras é um direito, sobretudo quando vemos que muitos dossiers têm por base a mentira», insistiu o movimento.

No mês passado, Peio Sarraude e Mikel Apetx, dois jovens de Oztibarre, foram também «chamados à gendarmerie de Maule, depois de a Polícia ter descoberto cola e cartazes da campanha 'Etxe Bizitza' [pelo direito à habitação] na sua viatura» durante um controlo de estrada, relatou a Askatasuna. Um dos gendarmes de Pau que interrogaram os jovens terá dito a Mikel que conhecia «as técnicas da Guarda Civil e ameaçou bater-lhe», disse a Askatasuna. Acusados de terem colado todos os cartazes da Etxe Bizitza no País Basco Norte, foram notificados para comparecer no Tribunal de Polícia de Baiona a 11 de Maio.

Para esta sexta-feira, na sequência das interpelações de 30 Março e do encarceramento de Mattin Olçomendi e Peio Irigoyen, estava prevista uma reunião pública na sala Bil Toki, em Beskoitze (Lapurdi). As leis antiterroristas, as amostras de ADN, as notificações e o direito de dizer não a tudo o que lhe está associado eram os temas principais do encontro.

Clémence LABROUCHE
Fonte: le_journal_Pays_basque-EHko_kazeta