segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Apoio plural a dois jovens condenados por uma «denúncia anónima»


Uma manifestação percorreu no sábado as ruas de Zarautz (Gipuzkoa) em apoio aos dois jovens condenados pela Audiência Nacional espanhola por alegadamente terem gritado «Gora ETA!» durante a manifestação do Gudari Eguna de 2009.
A acusação baseava-se única e exclusivamente na denúncia apresentada por uma «testemunha protegida» que garantia tê-los visto e ouvido gritar o slogan referido. E, embora a própria Ertzaintza tenha refutado essa acusação, o julgamento foi efectuado no tribunal especial de Madrid.
A pesar de no julgamento a defesa ter mostrado provas que refutavam a acusação, o magistrado, baseando-se na denúncia anónima, condenou ambos a um ano de prisão e sete de inabilitação.
O processo de que estes jovens foram alvo foi reiteradamente denunciado em Zarautz. Prova disso é o vídeo que se pode encontrar na Internet, no qual dezenas de zarauztarras, de todas as idades, se solidarizam com eles. Recorde-se também a conferência de imprensa de representantes dos sindicatos ELA, LAB e CNT, vereadores do Aralar e da ANV, representantes do EA, surfistas, jornalistas, actores e representantes de mais de uma quinzena de grupos e organismos da localidade costeira para os apoiar.
Fonte: Gara

A AN espanhola absolve arguidos no processo da herriko taberna da Txantrea e sustenta que exibição de fotos não constitui delito
A sentença sustenta que a conduta dos dois arguidos - um dos quais é Izaskun Goñi, jovem independentista que neste momento se encontra detida e incomunicável, na sequência da última operação policial - não constitui um delito, já que não mostra «evidência alguma de louvor, elogio ou exaltação dos crimes» pelos quais os presos tinham sido condenados.
A decisão do tribunal salienta a existência de «uma mudança de paradigma» na passagem «da tolerância para a proibição» à exibição de imagens de presos políticos.
Explica que a mudança de critério ocorreu nos últimos dez anos, desde a introdução dos tipos penais de enaltecimento e justificação, em 2000, e defende que «a exibição de ideias ou doutrinas de louvor ou elogio necessita de um maior desenvolvimento argumentativo» e que «é duvidoso que a imagem do rosto de uma ou várias pessoas, nem sequer de personagens emblemáticas», as possa substituir.

A proximidade aos presos «não significa enaltecer»
A sentença afirma que o bar onde se colocaram as fotografias se encontra aberto desde 1996 e deve ter albergado, «sempre, essa decoração ou outra similar». No parecer do tribunal, este elemento reflecte «a tolerância policial e penal» antes existente para com a exibição destas imagens, «que se tinha consolidado como uma forma de expressão de denúncia das políticas prisionais».
«A percepção transformou-se, de tal forma que essa simbologia passou a ser recebida política e socialmente como uma ofensa às vítimas. Da tolerância passou-se à perseguição dessas expressões», afirma-se na decisão judicial.
O tribunal acrescenta que uma sociedade democrática organizada sobre os valores da liberdade e do pluralismo político «não pode sufocar, impedir ou censurar todo o tipo de mensagens de crítica» face às políticas penais e penitenciárias.
A sentença apoia-se também em decisões anteriores como a absolvição da autarca de Hernani, Marian Beitialarrangotia, depois de, num comício, ter enviado uma mensagem de carinho aos presos políticos Igor Portu e Matin Sarasola, para dizer que «a proximidade pessoal e política» com os presos não significa enaltecer os seus actos.
Fonte: apurtu.org