Alguns dos 20 imputados por enaltecimento do terrorismo na última edição da Korrika deram ontem uma conferência de imprensa em que denunciaram a «sistemática» caça às bruxas contra as fotos das presas e dos presos políticos bascos, «uma artimanha político-legal cujo fito é retirar as mostras de solidariedade das ruas».
Na conferência de imprensa intervieram Josu Esparza, membro do Movimento pró-Amnistia, bem como Mariné Pueyo e Xanti Kiroga, vereadores da ANV em Iruñea e Uharte, respectivamente, todos imputados num processo relacionado com a passagem da Korrika por Nafarroa. Estiveram acompanhados por outros quatro navarros imputados neste caso.
Na sua intervenção, Josu Esparza sublinhou que o Estado espanhol pretende transformar a solidariedade num crime. «Desta vez, somos 20 os imputados por enaltecimento do terrorismo, com a desculpa de que na última Korrika foram exibidas fotografias dos presos e das presas políticas bascas. Nos últimos 18 meses, em Nafarroa, foram 65 as pessoas imputadas por este suposto delito de enaltecimento, que não é mais que uma artimanha político-legal cujo fito é retirar as mostras de solidariedade das ruas», referiu.
«Primeiro proibiram-nos de exibir as suas fotos. Mais tarde, como a solidariedade continuava na rua, também deixámos de poder mostrar os seus nomes. E agora parece que decidiram espancar-nos, como aconteceu no dia 3 de Dezembro em Donibane.
A violação dos direitos civis e políticos é tão grave neste país que transformaram em delinquentes as mães que mostram as fotos dos seus filhos dispersos pelas prisões, transformaram num crime a exigência do respeito pelos direitos dos presos e presas políticas, transformaram num crime a solidariedade. E agora transformaram a Korrika no novo palco das suas irracionais operações repressivas».
Por que é que as fotos estavam na Korrika?
Josu Esparza também respondeu a essa questão: «Porque são euskaldunes, porque todos os euskaldunes fazem parte da corrida para a euskaldunização deste país, e porque todos e todas nós gostamos de participar num acto que nos é tão próximo como a Korrika. E esta é a única forma que os presos e as presas, encerrados e dispersos pelas masmorras do Estado, têm de participar na Korrika, e, por isso, houve pessoas solidárias que decidiram torná-los presentes desta maneira». «Será que os presos e as presas não têm direito a participar na Korrika, mesmo que de forma simbólica?», perguntou.
Balanço dos processos abertos em Nafarroa
Até à data, imputaram por enaltecimento familiares de presos, empregados e proprietários de bares, militantes que colavam cartazes nas paredes, gente que estava numa txosna, vereadores da ANV e do NaBai.
Hoje em dia, todos os casos judiciais abertos em Nafarroa ficaram em águas de bacalhau, e 38 pessoas foram absolvidas ou o seu caso foi directamente arquivado. «Porquê? Porque tudo isto é um disparate», referiu Esparza. «Metam isto na cabeça: isto não é enaltecimento de nada, isto é solidariedade, e é estúpido pretender que Euskal Herria se esqueça da cruel situação que os presos e presas políticas bascas enfrentam».
Para o Movimento pró-Amnistia, com esta nova caça às bruxas «o Reino de Espanha retrata-se fielmente: um estado policial que recorre à violência e à repressão para alcançar os seus fins políticos, isto é, para apagar do mapa o independentismo. No entanto, não o conseguiram e não o vão conseguir, nem apagar-nos do mapa nem silenciar a solidariedade com as presas e os presos políticos».
Por fim, Josu Esparza lançou um desafio ao Estado: «atrevam-se a confrontar-se democraticamente com o independentismo, deixem de lado a violência, a repressão e a imposição, façam política sem recorrer às forças policiais e militares, e deixem que o povo seja soberano e livre para decidir democraticamente o seu futuro».
Fonte: apurtu.org
Arquivado em Madrid o caso contra oito jovens de Burlata
A perseguição à solidariedade com os presos conduziu a uma nova absolvição. Ontem ficou-se a saber que a Audiência Nacional arquivou o processo movido contra oito habitantes de Burlata por se solidarizarem com os presos, reclamarem a amnistia ou aludirem ao caso de Jon Anza no brinde que se realizou nas últimas festas da localidade, em Agosto.
Foram todos notificados para depor, mas o juiz concluiu agora que a sua acção não é uma prática criminosa, dando assim por terminado o caso.
O Movimento pró-Amnistia considera este desenlace como mais uma mais uma evidência de que esta ofensiva «está a bater no fundo. É um completo fracasso em termos políticos, e fizeram coisas que nem sequer se enquadram nas suas leis».
Fonte: Gara / Ver também: apurtu.org
Dados relativos aos processos por enaltecimento do terrorismo em Nafarroa:
34 pessoas viram os seus processos arquivados; 4 foram absolvidas; e 27 encontram-se envolvidas em processos pendentes ou em que não foi decretada sentença.
VER: apurtu.org
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Movimento pró-Amnistia: «Não vão conseguir silenciar a solidariedade com as presas e os presos políticos»
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