sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mantém-se a perseguição a Otegi e aumentam as exigências da sua libertação


A Procuradoria da Audiência Nacional anunciou ontem a apresentação de um recurso contra a absolvição de Arnaldo Otegi, Joseba Permach e Joseba Álvarez, acusados pelo Estado de «enaltecimento do terrorismo» por causa do comício no velódromo de Anoeta, que decorreu em Novembro de 2004 e no qual a esquerda abertzale apresentou uma proposta de paz e um método de resolução do conflito.

Pouco depois de isto se ter tornado público, soube-se também que a Audiência Nacional decidiu proceder à abertura de uma audiência em que são arguidos os oito processados da operação de 13 de Outubro de 2009. Trata-se de Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Arkaitz Rodríguez, Sonia Jacinto, Miren Zabaleta, Mañel Serra, Amaia Esnal e Txelui Moreno. São acusados de procurar reconstruir o Batasuna através do grupo Bateragune. Também está presente a fantasmagórica imputação de «conseguir treguas encubiertas para Euskal Herria de acciones de ETA».

Mas se o Estado não abranda na sua perseguição a Otegi e outros dirigentes da esquerda abertzale, por outro lado também vão crescendo, em termos quantitativos e qualitativos, as exigências da sua libertação e da legalização da nova força independentista.

No passado dia 9 de Dezembro teve lugar em Vigo (Galiza) um acto pela liberdade de Arnaldo Otegi que contou com três dos quatro representantes históricos mais significativos do nacionalismo popular galego: Xose Manuel Beiras (ex-porta-voz nacional do BNG), Camilo Nogueira (ex-eurodeputado do BNG) e Xose Luis Mendez Ferrín (escritor e actualmente presidente da Real Academia Galega). Nesse acto ficou-se a saber que tinham aderido ao manifesto os escritores Manuel Rivas, Suso de Toro (considerado um dos ideólogos de José Luis Rodríguez Zapatero) e Neiras Vilas. O documento é ainda subscrito por mais uma larga centena de pessoas de diferentes organizações políticas, populares, sociais e culturais.

No dia seguinte, mais cem pessoas participaram em Madrid no acto de apresentação da campanha internacional pela liberdade do político de Elgoibar, que contou com a presença, na mesa de oradores, de Andrés Sorel, Doris Benegas, Begoña Lalana e Diego Paredes Manot, irmão de «Txiki».

Também na Catalunya se fizeram ouvir exigências de libertação de Arnaldo Otegi. Entre elas, figuram a firmada por Josep Lluis Carod-Rovira e outra de Jordi Miralles, coordenador-geral da Esquerra Unida i Alternativa (EUiA).

Para além disso, estão-se a intensificar os movimentos em que se pede a legalização da nova força que a esquerda abertzale está a preparar. Stefan Liebich, parlamentar no Bundestag e membro da comissão internacional do partido Die Linke, saudou a aposta do independentismo basco e declarou que «o Estado espanhol devia aproveitar a nova oportunidade e agir na mesma medida; ou seja, garantir os direitos civis e políticos e possibilitar a participação legal na tomada de decisões e diálogo político democrático de todas as forças que não exerçam a violência». [como o Estado o faz repetidamente!]

Também o PCPE, a Corriente Roja, o NÓS-UP e a Causa Galicia dão valor aos passos dados pela esquerda abertzale e pedem a sua legalização.
Fonte: Gara

Ver também:
«Sentencia del juicio contra Anoeta y contexto», de Joseba PERMACH e Joseba ÁLVAREZ, militantes da esquerda abertzale

Etxeberria: «El nuevo proyecto marca un antes y un después organizativo», entrevista a Rufi ETXEBERRIA, militante da esquerda abertzale

Curiosidades:
«Arantza Quiroga vê em Arnaldo Otegi a ETA e não "um homem de paz"»
A presidente de Lakua, Arantza Quiroga, confessou ontem numa televisão estatal que a absolvição de Arnaldo Otegi do «crime de enaltecimento do terrorismo» a deixou «desiludida» porque, para ela, é «óbvio» que, «quando se vê o ex-porta-voz do Batasuna, estamos a ver a ETA e não a um homem de paz».
VER: Gara

«O Congresso pede que os eleitos repudiem a ETA em actos e tomadas de posse»
No seu propósito de colocar obstáculos à esquerda abertzale no acesso às instituições, ontem aprovaram na Sessão Plenária do Congresso um texto, subscrito por PSOE, PP e UPyD, em que se insta o Governo espanhol a «deixar claro aos herdeiros do Batasuna que não lhes bastará apresentar um programa em que condenem a ETA, pois os seus membros deverão renegar a banda terrorista (sic) nos seus actos e tomadas de posse».
VER: Gara