quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Estado de excepção: Ares diz não ter conhecimento de feridos na carga no 'gaztetxe' de Gasteiz

O conselheiro do Interior do Governo de Lakua, Rodolfo Ares, considera que a carga da Ertzaintza no gaztetxe de Gasteiz foi um incidente menor e afirma não ter conhecimento da existência de feridos. Isto se pôde ler na resposta ao pedido de explicações do deputado do EA Juanjo Agirrezabala, à qual o Gara teve acesso.

Ares refere que dentro desse espaço «não houve qualquer tipo de contusão ou ferido». Acrescenta que depois, cá fora, houve um «choque» em que um dos jovens «atirou» um agente ao chão, mas também aí Lakua não reconhece a existência de qualquer ferido provocado pela Ertzaintza, e conclui dizendo que «não há conhecimento de que qualquer queixa por contusões».

A existência desta intervenção foi ocultada pela Ertzaintza, ao contrário do que acontece com outras intervenções, como no caso das fotos de presos bascos. Só emitiu uma nota depois da denúncia pública das pessoas atingidas.

«45 fotos de presos»
Quanto ao motivo da intervenção, Ares diz que começou pelos insultos que partiram do interior do gaztetxe contra «uma patrulha de uniforme, que consistiram em expressões como "zuek ere txakurrak zarete" ou "zipaioak, hijos de puta". Não existia uma ordem judicial nem uma denúncia, mas um alegado delito de injúrias à autoridade no exercício das suas funções. Há uma intervenção policial registada e justificada, mas não se conseguiu identificar os autores destes insultos dentro do gaztetxe», precisa o titular da pasta do Interior.

Acrescenta que, quando a Ertzaintza entrou no espaço, «encontrou 45 fotos de presos da ETA [sic], dois cartazes com 50 fotos de presos da ETA [sic] em cada um e outro cartaz contra a Polícia. «Uma pessoa foi responsabilizada por todas estas fotos e cartazes» e indiciada por enaltecimento, afirma.

Rodolfo Ares assegura que o gaztetxe foi despejado «sem qualquer incidente ou recurso à força» e que no exterior ocorreu a detenção da pessoa acusada de atirar ao chão um ertzaina. O conselheiro faz o seguinte resumo: uma detenção, um imputado por «enaltecimento» e mais três por «insultos». Nada a ver, em qualquer caso, com o que os jovens relataram.

As vítimas contabilizaram quinze feridos
Dezenas de pessoas, vítimas da carga ou solidárias com o gaztetxe participaram numa conferência de imprensa no passado dia 7 de Setembro. Entre eles havia vários jovens com ligaduras. Mostraram também diversas imagens de contusões provocadas por bastonadas. Os membros do gaztetxe afirmaram que a Polícia Municipal, que se juntou à intervenção já no exterior, tinha utilizado bastões extensíveis.

Nesta conferência de imprensa, contrariamente ao agora afirmado por Rodolfo Ares, foi dito que tinha havido quinze feridos, além de cinco identificados e um detido. Este último elemento é o único ponto em que as duas versões coincidem.

A nota do conselheiro do Interior também não faz qualquer referência a outras questões apontadas pelos jovens, como o facto de os ertzainas terem proferido frases como «vosotros estáis en tregua, pero nosotros no» ou «encima quieren cerrar la puerta [do gaztetxe], putos etarras de mierda, os vais a enterar».

Os factos ocorreram às 3h30 da madrugada, quando no interior do gaztetxe estavam entre 40 e 50 pessoas, depois de uma noite de concertos.
Fonte: Gara