quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Apurtu.org foi fechada há um ano

Havia uma vez em Nafarroa uma página que assumiu o compromisso de mostrar os trapos sujos desta democracia tão sui generis. Era um altifalante para denunciar as torturas, a guerra suja, os abusos policiais, a cruel e chantagista política penitenciária que é aplicada aos presos e presas políticos bascos. E era também um foco de luz sobre este lodaçal em que navegam os nossos direitos civis e políticos: ilegalizações, fraudes eleitorais, proibições de actos, fechamento de meios de comunicação, multas, agressões, vetos, censuras…

Guardando as distâncias e o formato, era o wikileaks à navarra: falar do que outros silenciam, revolver as cloacas do sistema, mostrar o que nos querem esconder, abordar os assuntos reservados, os temas quentes, o proibido, o politicamente incorrecto. Tudo isto num contexto em que a autoridade costuma cortar as asas a quem questiona a versão oficial.

Efectivamente, estamos a falar do Apurtu.org. Estamos a falar de Ohiana, Edurne, Koldo e Pitu, contra quem lançaram todo um regimento militar e uma infame campanha de mentiras, mantendo-os quatro dias incomunicáveis e, faz agora exactamente um ano, deixando-nos na incerteza se os estariam a torturar.

Felizmente, daquela vez isso não aconteceu, mas a detenção em tais circunstâncias era por si mesma uma forma de abuso e uma agressão injustificável. Para aparar a agressão, o juiz Grande-Marlaska emitiu um auto em que decretava o «bloqueio preventivo» da página pelo período de quatro meses, para além do encerramento dos canais de vídeo no Youtube, o perfil do Facebook, a conta do Yahoo… Na verdade, a Apurtu.org desapareceu da Internet, e nas semanas seguintes abateu-se o resto da censura.

Foi outro fechamento «preventivo» de um meio de comunicação, outro altifalante apagado pela gritaria da extrema-direita de que «tudo é ETA», outra sabotagem ao direito que todos e todas temos a informar e a ser informados num contexto de liberdade de expressão, onde o crime não seja denunciar as torturas, mas sim torturar.

Perante esta situação, a única opção possível era começar a trabalhar num novo projecto que ocupasse o espaço vazio deixado pelo anterior, algo que já se tornou um ritual, um acto reflexo, no espaço comunicativo basco. Por isso, após a operação policial, um grupo de jornalistas navarros e vários colectivos de comunicação popular decidiram pôr em marcha a Ateak Ireki, com a qual se pretende contribuir para a superação definitiva de todas as situações de violação de direitos humanos, civis e políticos a que os cidadãos e cidadãs navarros estão a ser submetidos.
Notícia completa: ateakireki.com

Ver também: «#PituEtxera: Jornalistas e meios de comunicação subscrevem um manifesto que pede a libertação de Pitu» (ateakireki.com)
Por isso, solicitamos a sua liberdade imediata e aderimos à manifestação que se realizará este sábado em Noain (17h30, a partir da Casa da Cultura).

Concentração em Iruñea pela liberdade dos presos com doenças graves
A Sasoia, associação de reformados e pensionistas de Nafarroa, organizou uma concentração para esta quinta-feira, dia 19, às 12h00, em frente à Delegação do Governo em Iruñea, com o objectivo de pedir a libertação dos presos e presas que têm doenças graves. / Mais info: ateakireki.com

Já está na rua: ongi etorri, Imanol!
Fonte: ateakireki.com