Bideoa: Histórica manifestação em defesa dos presos políticos bascos (Gara)
Bideoa: Euskal presoen aldeko manifestazio erraldoia (Berria)
Argazkiak: Presoen aldeko manifestazioa (Berria)
Argazkiak: Manifestação pelos direitos dos presos (Gara)
Argazkiak: Manifestação pelos direitos dos presos II (Gara)
Ines Osinaga, cantora dos Gose, e Jon Garai, em euskara e castelhano, respectivamente, tomaram a palavra no acto político que teve lugar no final da histórica mobilização que abarrotou por completo as principais artérias da capital biscainha em defesa dos presos políticos bascos.
Depois de dois longos irrintzis e dos bertsos de Alaia Martin, disseram que «hoje conseguiram abarrotar as ruas de Bilbo». «E hoje – prosseguiram – é inevitável que o mundo olhe para Euskal Herria, para esta maioria esmagadora de um povo que reclama o respeito pelos direitos mais básicos das pessoas que, como consequência do conflito político que hoje continua por resolver, se encontram presas ou exiladas».
Osinaga e Garai salientaram que a sociedade basca, «de forma maioritária e veemente», pede a Madrid e a Paris que dêem passos. «Que ponham fim a esta política penitenciária ancorada em critérios de vingança e repressão e que, com base no respeito pelos direitos fundamentais dos presos bascos, aborde de forma positiva o processo de solução definitiva para o conflito, abrindo as portas ao regresso de todos os presos e exilados bascos».
«Já não desculpas – prosseguiram. Não há lugar para mais demoras. A partir de amanhã, a sociedade basca não espera outro cenário que não seja o desaparecimento das cruéis medidas de excepção que são aplicadas aos presos bascos, fechando assim uma etapa cinzenta, para abrir a porta a um novo tempo que nos conduza a uma situação de liberdade e de direitos para todos, a uma situação de paz definitiva, sem presos nem exilados».
Para concluir, depois de reclamar o fim da chamada «doutrina Parot» e a libertação dos presos que já cumpriram as penas ou que estão gravemente doentes, pediram que, «a partir de amanhã, as pessoas continuem a trabalhar nas terras e nos bairros, criando novas situações que façam mudar as coisas e insistam na ideia de que os governos têm de dar os passos que lhes cabe».
Depois da intervenção, continuamente interrompida pelos aplausos do público, Fermin Muguruza, acompanhado por músicos como Sorkun e Xabi Solano, subiu ao palco para deleitar os presentes com canções como «Gora herria» ou «Hator, hator».
Uma manifestação «colossal»
A iniciativa popular Egin Dezagun Bidea tinha previsto que a manifestação que hoje reivindicou os direitos dos presos políticos bascos fosse «colossal». E de facto assim foi. Para além das pessoas que chegaram a Bilbo nos 300 autocarros provenientes tanto de Euskal Herria como de fora – Madrid ou Países Catalães, entre outros –, muitos outros milhares encheram a Rua Autonomia, bem como o resto do percurso, que ficou totalmente «intransitável».
Os familiares dos presos, que este fim-de-semana não os foram visitar para estar em Bilbo, receberam o calor e os aplausos dos presentes assim que se começaram a posicionar na cabeça da manifestação. A chuva também se fez sentir logo no início da mobilização.
Os organizadores tiveram muitas dificuldades para conseguir abrir caminho ao longo das principais artérias da capital biscainha. Os familiares demoraram cerca de uma hora e meia a fazer o caminho entre a Rua Autonomia e as escadarias da Câmara.
Cinco minutos antes do início do acto final, ainda havia gente à espera em La Casilla.Para além de ikurriñas, os presentes exibiam também bandeiras da Galiza, das Astúrias, Castela e da Andaluzia, entre outras.
Representantes políticos e sindicais
Entre os participantes encontravam-se Pello Urizar (EA), Maribi Ugarteburu (esquerda abertzale), Patxi Zabaleta (Aralar), Oskar Matute (Alternatiba), Txiki Muñoz (ELA) ou Ainhoa Etxaide (LAB), entre outros. Também fizeram questão de estar presentes os deputados da Amaiur, com Xabier Mikel Errekondo à cabeça, e ainda o deputado da ERC no Congresso de Madrid, Joan Tardà.
Em declarações aos jornalistas, Urizar insistiu na ideia de que a sociedade basca pede que «ninguém bloqueie» o processo e que se continuem «a dar passos». Neste sentido, afirmou que «chegou o momento de os passos não serem apenas unilaterais», para passarem a ser «bilaterais ou multilaterais».
«É preciso avançar também ao nível das consequências do conflito, entre as quais os presos», insistiu. Urizar precisou que «não se pede outra coisa senão o cumprimento da própria legislação espanhola», de forma que «a dispersão acabe» e os «presos doentes sejam libertados».
Em nome da esquerda abertzale, Maribi Ugarteburu pediu aos governos espanhol e francês que «observem com atenção a imagem» desta mobilização e «se mexam», dando «passos» no sentido de «consolidar o caminho para a normalização democrática deste país».
Ugarteburu ressaltou que «não se trata de uma minoria, de uma sigla ou duas, mas sim de pessoas de ideologias muito diferentes que aqui se juntam em torno de um mesmo pedido: acabar já com a criminosa política prisional, dando passos a curto prazo, que já deviam ter sido dados no âmbito da legislação vigente e sem qualquer desculpa».
Oskar Matute, da Alternatiba, mostrou-se confiante na ideia de que 2012 possa ser «o ano das soluções», em que «os nós do conflito sejam desatados», e desafiou o PP a ser «um agente activo na normalização política», em vez de «um obstáculo».
Momento de tensão
Um quarto de hora antes do início da manifestação, ocorreram alguns momentos de tensão. Um grupo de comandantes da Ertzaintza apareceu junto à cabeça da mobilização para notificar os convocantes das condições decretadas pelo magistrado da AN espanhola Fernando Grande-Marlaska para autorizar a manifestação. Oito furgonetas da Ertzaintza atravessaram a Rua Autonomia por entre a indiferença dos presentes. / Fonte: Gara
Ver também:
«Bilbok gainezka egin du, bi gobernuei gaurko espetxe politikaren bukaera eskatzeko» (Berria)
«[Fotos] La solidaridad y el apoyo a l@s pres@s colapsa Bilbo» (boltxe.info)
«110.000 personas dan un gran paso que acerca a los presos a casa», de Agustín GOIKOETXEA (Gara)