terça-feira, 19 de novembro de 2013

Etxerat: «A dispersão potencia o surgimento de situações como a de Sevilha II»

Numa conferência de imprensa que hoje teve lugar em Donostia, membros da Etxerat afirmaram que, à medida que os dias passam, a saúde dos seus familiares se «ressente», sem que haja uma resposta da parte da direcção do estabelecimento prisional. Encerrados nas celas ou em greve de fome, treze políticos bascos cumprem hoje o 23.º dia de protesto por tempo indeterminado na cadeia de Sevilha II. Nas prisões (jejuns em Nanterre, Osny ou Cáceres) e fora delas sucedem-se as iniciativas solidárias.

«Sim, é uma forma de luta extrema. Mas, infelizmente, os nossos familiares e amigos viram-se obrigados a tomar esta decisão». Assim se expressaram os membros da Etxerat sobre a situação dos presos na cadeia de Sevilha II, que não é nova.
Segundo afirmaram, os presos enfrentam condições «extremas» há muito, e a greve de fome surge na sequência de quatro anos de «tensão» alimentada pela direcção da cadeia, que se tem vindo a agravar, sem haver perspectivas de solução: impõe uma situação de isolamento permanente aos presos bascos; impede-os de realizar actividades; obriga-os a suportar revistas corporais com apalpamento por todo o corpo, «vivendo-se momentos de grande tensão»; Arkaitz Bellon foi agredido por alguns funcionários.

Esta estratégia de tensão constante é extensível às visitas, afectando tanto os presos - obrigados a despirem-se por completo após as visitas íntimas - como os familiares e amigos, muitas vezes revistados antes das visitas, mesmo quando não existe qualquer tipo de contacto com o preso (têm um vidro a separá-los).

Onintza López de Muniain, companheira do preso Txus Goikoetxea, recordou as medidas que os presos em luta reivindicam: «Acabar com isolamento, reagrupar os presos políticos bascos, respeitar os seus direitos fundamentais, e acabar com o acosso e as agressões constantes».

A Etxerat considera que, para acabar com situações como esta, é preciso acabar com a política de dispersão, que potencia o seu surgimento: porque «a política de dispersão não consiste apenas em manter os presos afastados do seu meio social, cultural e afectivo»; é todo um enquadramento que potencia «as agressões, o isolamento e outras violações de direitos, que atingem tanto as pessoas encarceradas como os seus familiares e amigos». Acabar com este enquadramento é fundamental «para se avançar no sentido da resolução e da defesa dos direitos».

Etxeberria e González também tiveram de abandonar a greve de fome
Os presos políticos bascos cumprem hoje o 23.º dia de protesto na cadeia de Sevilha II, e oito continuam em greve de fome. Tal como Urtzi Paul, Garikoitz Etxeberria e Manu González também tiveram de abandonar a greve de fome por problemas de saúde. Mantêm-se, no entanto, em luta, juntamente com Javi Agirre e Iñaki Arakama, que por diversas razões não puderam participar na greve de fome.
Continuam em greve de fome por tempo indeterminado Iker Agirre, Gurutz Agirresarobe, Koldo Aparicio, Asier Arzallus, Juan Mari Etxebarri, Jesus Goikoetxea, Juan Lorenzo Lasa e Roberto Lebrero. / Ver: Berria e naiz.info / Texto da conferência de imprensa (etxerat.info: eus / cas)

ACÇÕES SOLIDÁRIAS EM BASAURI E IRUÑEA COM OS PRESOS DE SEVILHA EM LUTA
Em solidariedade com os presos em luta na cadeia de Sevilha II e para denunciar a situação que ali têm de enfrentar, um grupo de pessoas decidiu fechar-se na igreja de San Lorenzo (Iruñea). Amanhã e quinta-feira, vão manter reuniões com agentes políticos, sociais e sindicais; convocaram uma manifestação para sábado, às 17h00.

Acção solidária em Basauri (Bizkaia)
No âmbito da dinâmica «Denak ala inor ez», lê-se no topatu.info. [Na faixa: Os presos de Sevilha II em luta. Resistam! Basauri convosco] / Ver: naiz.info

DOUTRINA PAROT: AN ESPANHOLA DECRETA LIBERTAÇÃO DE TRÊS PRESOS BASCOS
A Sala Penal da Audiência Nacional espanhola decretou a libertação dos presos Juan Carlos Arruti, Iñaki Rekarte e Luis Mari Lizarralde (os dois últimos fora do EPPK e incluídos na chamada «via Nanclares»), bem como do preso do GRAPO Xaime Simón Quintela.
A decisão tem lugar depois de a Procuradoria da AN espanhola ter solicitado à Sala Penal que decretasse a libertação de nove presos bascos aos quais foi aplicada a doutrina 197/2006, anulada pelo Tribunal de Estrasburgo. Para além de Arruti, Rekarte e Lizarralde, o Ministério Público pediu a libertação de Juan José Zubieta, Jesús Mari Zabarte, Maitane Sagastume, Jokin Urain, Jose Etxeberria, Xabier Goldaraz, cujos casos deverão ser resolvidos amanhã.
A Sala deverá tomar ainda uma decisão sobre a saída dos membros dos GRAPO Guillermo Vázquez Bautista, María Jesús Romero e Encarnación León Lara. / Ver: naiz.info