quinta-feira, 9 de abril de 2009

Basterretxea: «O ‘Guernica’ é talvez a melhor obra do século passado»

O Euskal Herria Museoa de Gernika inaugurou ontem a exposição «Nestor Basterretxearen Gernika», composta por pinturas e esculturas que o artista de Bermeo realizou a propósito do 50.º aniversário do bombardeamento da localidade foral, e que nunca se mostraram conjuntamente. O museu prossegue deste modo a senda aberta no ano passado com «Remigio Mendibururen Gernika» e a intenção de mostrar a obra dos artistas bascos relacionada com a horrível tragédia de 1937.

O Euskal Herria Museoa de Gernika inaugurou ontem a exposição «Nestor Barrenetxearen Gernika» com a presença do próprio artista, muito comprometido com o projecto.
Para desfrute da audiência, o loquaz e intimista Basterretxea, que aos 85 anos continua a trabalhar sem descanso – “trabalho melhor de madrugada”, confessou –, reviu a sua experiência de vida e da sua criação artística, para exclamar, no final da apresentação, “a arte é difícil, até para nós”.

A obra exposta abrange a série de trabalhos que Nestor Basterretxea realizou em 1986, por ocasião do 50.º aniversário do bombardeamento de Gernika, e é composta por duas esculturas – «Gernika», em aço, e «S. T. (Gernika)», em madeira – e uma série de pinturas (acrílico sobre madeira). As pinturas constituem um total 17 peças de grande formato, realizadas de acordo com uma estratégia semelhante à utilizada na série «Cosmogónica Basca», em 1972, e que partem de «Gernika 50», “obra de 2,5 x 2 metros que se apresentou na colectiva de artistas bascos realizada no Instituto em 1987, assim como em Bilbau, em 2006, juntamente com o resto da série que dela brota”, assim o afirma o comissário Xabier Sáenz de Gorbea no catálogo da exposição. Em Gernika, no entanto, e devido ao espaço limitado do andar de cima do Museu Euskal Herria, nem todas as pinturas se encontram expostas ao público.


Sobre as suas pinturas, Basterretxea refere que “o negro sobre o branco com que resolvi os temas que compõem a obra resultou de uma expressividade veemente, inteira, na qual o dinamismo das formas resumiam tudo quanto quis então dizer, e que hoje ratifico”. É uma linguagem apenas dependente de dois valores cromáticos, “pois evitei qualquer efeito vistoso acrescentado, porque não quis que nada nos distraísse do luto essencial do seu significado: que a morte e a destruição rebentaram num mesmo e múltiplo estrondo, sob o céu”.

Por seu lado, Sáenz de Gorbea insiste que o artista residente em Hondarrabia “parte de impulsos, ideias e sensações nada abstractos, cujas buscas têm a ver com a assunção de um motivo sobre o qual quer intervir activamente”. Talvez em virtude do longo êxodo e do exílio que sofreu, a Guerra de 1936 esteja muito presente na obra de Basterretxea. “Um tempo sobre o qual realiza diversos projectos criativos. Trata-se de conservar a memória viva transformando-a em manifestos plásticos”, para que “aquele sofrimento não se perca no esquecimento”.

O «Guernica» de Arteta
Sobre a saudosa – especialmente em Gernika – obra que Picasso realizou como reflexo daquele fatídico 27 de Abril de 1937, “é uma obra fundamental, extraordinariamente boa, talvez a melhor do século passado”, declarou Basterretxea, depois de relatar como pediram a Arteta que realizasse uma obra sobre o bombardeamento, que este rejeitou em virtude da sua partida iminente para o México, onde faleceu em 1940.

Anartz BILBAO

Ficha
Local: Euskal Herria Museoa (Gernika).
Data: De 8 de Abril a 31 de Agosto de 2009.
Horário:
Dias da semana: 10h00-14h00 / 16h00-19h00 (fechado à 2.ª-feira).
Sábados e Feriados: 11h00-14h30 / 16h00-20h00.
Domingos: 11h00-15h00.

Fonte: Gara