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O Euskal Herria Museoa de Gernika inaugurou ontem a exposição «Nestor Barrenetxearen Gernika» com a presença do próprio artista, muito comprometido com o projecto.
Para desfrute da audiência, o loquaz e intimista Basterretxea, que aos 85 anos continua a trabalhar sem descanso – “trabalho melhor de madrugada”, confessou –, reviu a sua experiência de vida e da sua criação artística, para exclamar, no final da apresentação, “a arte é difícil, até para nós”.
A obra exposta abrange a série de trabalhos que Nestor Basterretxea realizou em 1986, por ocasião do 50.º aniversário do bombardeamento de Gernika, e é composta por duas esculturas – «Gernika», em aço, e «S. T. (Gernika)», em madeira – e uma série de pinturas (acrílico sobre madeira). As pinturas constituem um total 17 peças de grande formato, realizadas de acordo com uma estratégia semelhante à utilizada na série «Cosmogónica Basca», em 1972, e que partem de «Gernika 50», “obra de 2,5 x 2 metros que se apresentou na colectiva de artistas bascos realizada no Instituto em 1987, assim como em Bilbau, em 2006, juntamente com o resto da série que dela brota”, assim o afirma o comissário Xabier Sáenz de Gorbea no catálogo da exposição. Em Gernika, no entanto, e devido ao espaço limitado do andar de cima do Museu Euskal Herria, nem todas as pinturas se encontram expostas ao público.
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Sobre as suas pinturas, Basterretxea refere que “o negro sobre o branco com que resolvi os temas que compõem a obra resultou de uma expressividade veemente, inteira, na qual o dinamismo das formas resumiam tudo quanto quis então dizer, e que hoje ratifico”. É uma linguagem apenas dependente de dois valores cromáticos, “pois evitei qualquer efeito vistoso acrescentado, porque não quis que nada nos distraísse do luto essencial do seu significado: que a morte e a destruição rebentaram num mesmo e múltiplo estrondo, sob o céu”.
Por seu lado, Sáenz de Gorbea insiste que o artista residente em Hondarrabia “parte de impulsos, ideias e sensações nada abstractos, cujas buscas têm a ver com a assunção de um motivo sobre o qual quer intervir activamente”. Talvez em virtude do longo êxodo e do exílio que sofreu, a Guerra de 1936 esteja muito presente na obra de Basterretxea. “Um tempo sobre o qual realiza diversos projectos criativos. Trata-se de conservar a memória viva transformando-a em manifestos plásticos”, para que “aquele sofrimento não se perca no esquecimento”.
O «Guernica» de Arteta
Sobre a saudosa – especialmente em Gernika – obra que Picasso realizou como reflexo daquele fatídico 27 de Abril de 1937, “é uma obra fundamental, extraordinariamente boa, talvez a melhor do século passado”, declarou Basterretxea, depois de relatar como pediram a Arteta que realizasse uma obra sobre o bombardeamento, que este rejeitou em virtude da sua partida iminente para o México, onde faleceu em 1940.
Anartz BILBAO
Ficha
Local: Euskal Herria Museoa (Gernika).
Data: De 8 de Abril a 31 de Agosto de 2009.
Horário:
Dias da semana: 10h00-14h00 / 16h00-19h00 (fechado à 2.ª-feira).
Sábados e Feriados: 11h00-14h30 / 16h00-20h00.
Domingos: 11h00-15h00.
Fonte: Gara