terça-feira, 21 de abril de 2009

Martitegi, Uriarte e Azpitarte continuam na esquadra de Montpellier


As autoridades francesas prolongam a detenção dos três bascos em Montpellier, sabendo-se que foram interrogados pela Polícia espanhola mas sem se entrar em detalhes sobre o que aconteceu no momento da detenção. A juíza Le Vert prorrogou a detenção.

A agência EFE refere que um porta-voz da Polícia em Montpellier fez saber que os três cidadãos bascos presos no sábado devem ser levados para Paris “com toda a probabilidade” amanhã de manhã.

Hermetismo total sobre a operação
Entretanto, mais de dois dias passados sobre a operação policial de Montoriol, a situação dos três bascos detidos permanece caracterizada por um total hermetismo e pela presença de elementos estranhos, a começar no momento da detenção, em que, de acordo com os moradores da localidade, se ouviu um disparo. O diário local L’independant difundiu a imagem de manchas de sangue espalhadas pelo chão, mas não foi avançada qualquer explicação. Mais ainda, o ministro Alfredo Pérez Rubalcaba disse ontem que não tem conhecimento tiro algum. Os habitantes de Montoriol não viram ambulâncias.

As dúvidas só poderão ser dissipadas quando os detidos deixarem de estar sob incomunicação. Para a confusão reinante contribuiu a decisão da juíza Laurence Le Vert de adiar a transferência para Paris de Jurdan Martitegi, Alex Uriarte e de uma terceira pessoa que seria Gorka Azpitarte. Dizia-se com toda a certeza que seriam levados ontem para Paris, mas por volta do meio-dia mudaram de planos.

O que se sabe é que os detidos foram interrogados na esquadra de Montpellier não só pela Polícia francesa mas também pela espanhola. Um porta-voz francês confirmou-o à ETB, embora afirmando que os agentes espanhóis só intervieram nas primeiras horas ou dias, e que depois se foram embora. Seja como for, Paris decidiu que os três bascos continuem por enquanto nos calabouços de Montpellier.

Outro aspecto relevante é a ênfase dada ontem pelas autoridades francesas à afirmação de que os detidos tinham recebido a visita de um advogado “de 21 em 21 horas”. O jornal Gara pôs-se em contacto com os seus advogados e estes desmentiram categoricamente tal afirmação. Afirmaram que isso não tem enquadramento legal e que não aconteceu em casos anteriores com muito menor impacto mediático e político. Realçaram ainda o facto de desconhecerem qualquer dado sobre a situação dos detidos.

Arakama, livre
Se não existe dado algum sobre os três detidos em Montpellier, o mesmo acontece relativamente aos capturados em Euskal Herria. A única excepção é a de Olaritz Arakama, jovem detida no sábado à tarde no bairro de Judimendi, em Gasteiz. Ontem, soube-se que tinha sido posta em liberdade no domingo, sem lhe ser aplicada qualquer medida cautelar.

Sob incomunicação nas mãos da Polícia espanhola, continuam o seu companheiro, Asier Ortiz de Guinea, e Igor García, Jonathan Guerra, Sergio Bravo e Gorka Iriarte. Alguns meios de comunicação afirmaram que já foram levados para Madrid. Ontem não se soube nada sobre novas inspecções, mas é preciso ter em conta que toda a operação está a ser efectuada com o maior sigilo e sem informações oficiais.

O Movimento pró-Amnistia veio expressar a sua preocupação pela situação em que se encontram os detidos, e lembrou o testemunho de tortura de um dos últimos detidos em Hernani. Para esta organização, a operação “dá a medida da bebedeira repressiva dos estados”, tanto pelas detenções realizadas como pelas declarações posteriores dos mandatários espanhóis. A eles, lembrou-lhes que, após a morte de Francisco Franco, “mais de 35 000 cidadãos bascos foram detidos por motivos relacionados com o conflito político. No ano passado foram 390. Rubalcaba e os seus acólitos insistem cegamente na repressão, e, depois de cada operação, aborrecem-nos com a propaganda de guerra habitual nos governos fascistas”.

Face a estas manobras, sublinham que a solução para o conflito “não virá do estado de excepção”, mas “dos direitos democráticos”. E pedem que as pessoas se mobilizem para lhe fazer frente.


Exigem a liberdade dos oito detidos
Uma manifestação que exigia a liberdade dos oito detidos percorreu ontem as ruas de Gasteiz. Cerca de 700 pessoas partiram da Plaza de Correos da capital alavesa, de onde é a maior parte dos detidos no último sábado. “Egindakoa ordainduko duzue”, “Herriak ez du barkatuko” ou “La Policía tortura y asesina” foram algumas das palavras de ordem. Embora a marcha tenha sido vigiada pela Polícia Municipal, agentes da Ertzaintza gravaram, quase sempre a partir dos seus veículos, o protesto.

No final da manifestação, foi lido um comunicado contra as detenções e inspecções. Além disso, os presentes ficaram a saber que os detidos “puderam" ser vistos pelos seus médicos de confiança e que se “encontram bem”. Anunciaram um novo protesto para esta quinta-feira, às 20h, no mesmo lugar. Da mesma forma que em Gasteiz, houve protestos contra as detenções noutros lugares de Euskal Herria: entre outros, Durango (120 pessoas na parte da manhã e 240 à tarde), Eskoriatza (150) e Errenteria (150).


Notícia completa: Gara