domingo, 1 de maio de 2011

Etxerat: «Este é o Guantánamo europeu, a maior violência política»

A Etxerat voltou a afirmar esta sexta-feira, numa conferência de imprensa em Iruñea, que a prática da dispersão é «uma roleta russa impune que põe em perigo» as suas vidas e as dos seus familiares e amigos.

Neste sentido, Amalia Pérez e Karlos Valencia enumeraram vários episódios recentes que mostram a dureza da política penitenciária, como a morte do ex-preso Mikel Ibáñez, o acidente sofrido por duas amigas de Irati Mujika quando regressavam de uma visita em Brieva, o crescente controlo policial e o acosso que sofrem os condutores das furgonetas que transportam os familiares para as prisões ou as novas medidas de controlo no interior das prisões que obrigam a mostrar o BI de crianças recém-nascidas, já que deixaram de reconhecer a cédula familiar como documento válido.

Mencionaram ainda a situação de Antton Troitiño, que atribuíram à «acção de determinadas forças políticas e meios de comunicação que fizeram uma utilização política gravíssima do caso».

«A sede de vingança e a chantagem permanente que representa a política penitenciária voltaram a ficar em evidência», referiram, antes de advertir que não vão permitir que «se jogue com a vida dos nossos familiares e amigas para tentar condicionar o processo político iniciado em Euskal Herria» e afirmar que estão a tentar repetir aquilo que se passou com Iñaki de Juana.

Os membros da Etxerat referiram-se também aos últimos telegramas da Wikileaks, que deixaram bem clara a situação dos presos de Guantánamo, marcada pela violação de direitos, ataques contra os presos, chantagens e pedidos de colaboração e arrependimento para delatar outros presos, não libertação de quem sofre de doenças incuráveis, isolamento, elevado número de presos em situação preventiva e informes individualizados sobre cada preso. «Infelizmente, muitas destas realidades são bem conhecidas em Euskal Herria. É que a política penitenciária mantida pelos estados espanhol e francês constitui o terrível Guantánamo europeu. Os presos políticos bascos sofrem a maior violência política da Europa. Temos de os tirar dali».

«A política penitenciária deve passar a claves de resolução democrática. A sociedade exigiu com firmeza o respeito pelos direitos dos presos», destacaram.

Controlo policial asfixiante
Na conferência de sexta-feira intervieram também Itsaso Hernández e Eguzkiñe Ayesa, amigas de Irati Mujika que sofreram um acidente no dia 16 de Abril, e Joseba Astorlaza, condutor da Mirentxin, as furgonetas que transportam os familiares.
Hernández e Eguskiza contaram que no dia 16 de Abril sofreram um acidente em Tordesilhas (Valhadolide), quando bateram no camião que seguia à sua frente, na via rápida, depois de este ter travado bruscamente. O carro fez um peão e capotou, saindo do asfalto.
Apesar da espectacularidade do acidente, as duas jovens navarras não sofreram ferimentos graves e puderam sair da viatura pelo seu próprio pé. «Apenas dois minutos depois, sem terem feito qualquer chamada, apareceu um carro normal, sem nenhum tipo de distintivo, mas os seus ocupantes eram guardas civis», disseram.

Os agentes contaram-lhes que tinham visto o sinistro. «Não nos fizeram a prova de alcoolémia, nem nos perguntaram nada sobre a velocidade ou a distância de segurança. Disseram-se que tinham presenciado o acidente e que tínhamos agido correctamente».
Os guardas fizeram a chamada para que fosse efectuado o atestado e que aparecesse uma ambulância, após o que as duas jovens foram levadas para o quartel de Tordesilhas, antes de regressar a Iruñea.

Acosso à Mirentxin
Joseba Astarloza, por seu lado, disse que já há algum tempo que os condutores da Mirentxin são continuamente acossados em controlos de estrada e dentro das cidades. «A última moda é os agentes irem aos quartos em que os condutores dormem umas quatro ou seis horas antes de fazerem a viagem de regresso. Identificam-nos, revistam a furgoneta e pedem-nos um monte de papelada e informação sobre os familiares».
Astarloza afirmou que isso põe em risco a segurança de condutores e familiares, que se vêem obrigados a viajar semanalmente milhares de quilómetros, pelo que exigiu o fim imediato deste acosso.
Martxelo DÍAZ

Etxerat: conferência de imprensa em Iruñea


Manifestação em Donostia e dezenas de concentrações na última sexta-feira de Abril
Dezenas e dezenas de protestos trouxeram para as ruas a solidariedade com os presos políticos bascos, na última sexta-feira do mês. Entre elas, destacava-se pela sua actualidade a manifestação que reuniu vários centenas de pessoas em Donostia para denunciar a perseguição a Antton Troitiño desde que ficou em liberdade, depois de 24 anos de prisão (na sexta-feira, tanto Rubas como Rudolf insistiram na ideia de que o procuram intensamente). Na marcha, defendeu-se a necessidade de que a política prisional se encaminhe para a solução e não para o conflito. Cinco furgonetas da Ertzaintza estiveram num acto cuja proibição tinha sido pedida por vários colectivos «ultras».
Destacou-se também o acto de Algorta (Bizkaia), já que a concentração serviu como ongi etorri para Zigor Goikoetxea e Gabi Basañez, recentemente libertados. Houve bertsos e jantar. Estiveram presentes cerca de 200 pessoas.

Quanto às restantes mobilizações, os actos mais concorridos voltaram a ser os de Gasteiz (390), Iruñea (293), Arrasate (300), Bilbo (250 pessoas no Arriaga e 100 frente à Sabin Etxea), Ondarroa (220), Hernani (210), Zarautz (187), Oiartzun (173), Lekeitio (151), Donostia (150) ou Oñati (150). Nesta localidade, houve também uma kalejira ruidosa contra o acosso ao Bildu que juntou uns 200 habitantes.

Também denunciaram a política prisional aplicada aos perseguidos políticos bascos 116 pessoas em Azpeitia, 20 em Alegia, 75 em Tolosa, 25 em Mundaka, 50 em Arratia, 50 em Segura, 40 em Idiazabal, 61 em Lizarra, 50 em Ibarra, 60 em Zumaia, 15 em Usansolo, 45 em Getaria, 60 em Zaldibia, 45 em San Pedro Trintxerpe, 26 em Pasai Donibane e 45 em Pasai Antxo, 16 em Legorreta, 48 em Orio, 88 em Aulesti, 9 em Sondika, 68 em Larrabetzu, 60 em Elgoibar, 25 em Berriz, 22 em Zaldibar, 40 em Arbizu, 25 em Elgeta, 122 em Zaratamo...

No que diz respeito a Ipar Euskal Herria, vieram para as ruas pelos presos 115 pessoas em Donibane Lohitzune, 50 em Baiona, 35 em Uztaritze e 43 em Donibane-Garazi.

Há a juntar-lhes mais 128 em Elorrio, 34 em Aramaio, 30 em Amezketa, 91 em Usurbil, 110 em Galdakao, 69 em Gernika, 70 em Markina, 35 em Bermeo, 53 em Abadiño, 60 em Sopela, 63 em Otxandio, 60 em Basauri, 82 em Etxarri-Aranatz, 63 em Lasarte, 62 em Irun, 25 em Zuia, 30 em Bastida, 85 em Barakaldo, 41 em Etxebarri, 15 em Gaztelu, 25 em Bera, 55 em Berriozar, 27 em Munitibar, 70 em Lazkao, 68 em Bergara e 75 em Urretxu-Zumarraga.

A vastíssima lista de concentrações de sexta-feira à noite prossegue com Lesaka (46), Gares (32), Lekunberri (19), Deba (65), Zornotza (110), Trapagaran (36), Lemoiz (20), Sestao (40), Leioa (66), Amurrio (28), Zalla (30), Ermua (21), Irunberri (35) ou Zizurkil (10). GARA (em cima, foto de arquivo)

Apoio na Osasunbidea
Um grupo de trabalhadores da Osasunbidea (Saúde) mobilizou-se também na sexta-feira, na parte da manhã, na zona hospitalar de Iruñea para reivindicar os direitos que assistem aos presos e presas políticas bascas. Foi o seu contributo para a dinâmica de mobilizações da última sexta-feira do mês de Abril. A concentração enquadra-se ainda na iniciativa promovida pelo sindicato abertzale LAB para levar até aos locais de trabalho bascos «a denúncia da dispersão e da política penitenciária de extermínio», segundo explicou numa nota de imprensa. Na concentração da capital navarra, as dezenas de participantes, alguns com o uniforme de pessoal da Saúde, mostraram cartazes e uma faixa com o lema «Euskal presoak lantokietara» (Os presos bascos para os locais de trabalho). GARA
Fonte: Gara
A associação Jaiki Hadi, que é composta por profissionais da saúde (psicólogos, psiquiatras e médicos) e ex-presos, e que presta assistência, de há dois anos para cá, a pessoas que sofrem a violência política dos estados espanhol e francês, apresentou-se publicamente em Bilbo no sábado. (VER: Gara / Monika del Valle / Argazki Press)