Regina MAIZTEGI, habitante de Soraluze (Gipuzkoa)
Entre aturdida pelo que aconteceu e feliz por ter vindo para a rua, Regina Maiztegi atendeu o Gara pouco depois de o Tribunal de Eibar a ter mandado seguir em liberdade. Ninguém lhe tinha pedido desculpas, nem sequer lhe tinha dado uma explicação. Procurava digerir o que tinha sido publicado sobre ela um dia antes. Depois de o ver, ainda lhe importava menos dar a cara: «Na boa, se já me mostraram em todo o lado...»
Começando pelo princípio, como ocorreu a detenção? Não foram fornecidos detalhes a esse respeito...
Saía de casa, em Soraluze, e a poucos metros havia umas pessoas que estavam num carro. Aproximaram-se de mim e pensei que iam perguntar-me alguma coisa. Então, mostraram-me a placa e disseram-me que os acompanhasse. Levaram-me para a esquadra da Polícia espanhola de Donostia e leram-me os meus direitos, nada mais. Eu pedi-lhes para ver a ordem de detenção, mas não me mostraram nada. Depois disseram-me que tinha sido uma ordem da Secção Terceira da Audiência Nacional, e então disse-lhes: «Mas se há um recurso pendente...»
Como reagiram então?
Os polícias disseram-me: «Nós não sabemos nada, apenas cumprimos ordens. Se for um erro, sairás em liberdade; se não, terás de ir para a prisão». Assim passámos os três dias: sábado, domingo e segunda. Eu não entendia nada desta montagem. Perguntei-lhes também se estava incomunicável, e disseram-me que não, que era uma detenção comunicada. O tratamento foi correcto, não tinha nada a ver com a outra detenção [a de 2003], não houve interrogatórios e essas coisas.
Então, pôde receber alguma visita nestas horas?
Não. Disseram-me que os familiares me tinham levado roupa, mas que não me a iam dar logo, que estavam à espera de ver se ia para a prisão. «Se precisares de alguma coisa, damos-te um casaco», diziam-me. Dormi as duas noites nos calabouços, sozinha.
E como se resolveu o assunto?
Hoje de manhã [anteontem] levaram-me num carro, disseram-me que íamos a Eibar. Eu pensei «bem, então não me levam para a Audiência Nacional», porque ali nunca se sabe o que pode acontecer... Não sei quanto tempo estivemos em cada sítio, perdi um pouco a noção do tempo. Em Eibar disseram-me então que sim, que ficava livre, com um papel em que se diz que «revogamos a detenção»...
Que conclusão retira, tanto da detenção como do tratamento mediático?
Não sei, não faço a mínima ideia por que é que se fez toda esta montagem. As pessoas aqui na terra estão a passar-se, e é natural, porque alguns leram que andava foragida desde Maio, quando todos sabiam que faço vida normal aqui.
Pediram-lhe desculpa?
Não, não me disseram nada. Que estava livre, e ponto final.
E faz tenção de tomar alguma iniciativa, pedir alguma reparação...?
Não sei, é tudo tão estranho que não sei o que pensar. Ainda tenho de falar com a advogada. Não sei se isto é uma detenção ilegal ou o que é.
Fonte: Gara
Entre aturdida pelo que aconteceu e feliz por ter vindo para a rua, Regina Maiztegi atendeu o Gara pouco depois de o Tribunal de Eibar a ter mandado seguir em liberdade. Ninguém lhe tinha pedido desculpas, nem sequer lhe tinha dado uma explicação. Procurava digerir o que tinha sido publicado sobre ela um dia antes. Depois de o ver, ainda lhe importava menos dar a cara: «Na boa, se já me mostraram em todo o lado...»
Começando pelo princípio, como ocorreu a detenção? Não foram fornecidos detalhes a esse respeito...
Saía de casa, em Soraluze, e a poucos metros havia umas pessoas que estavam num carro. Aproximaram-se de mim e pensei que iam perguntar-me alguma coisa. Então, mostraram-me a placa e disseram-me que os acompanhasse. Levaram-me para a esquadra da Polícia espanhola de Donostia e leram-me os meus direitos, nada mais. Eu pedi-lhes para ver a ordem de detenção, mas não me mostraram nada. Depois disseram-me que tinha sido uma ordem da Secção Terceira da Audiência Nacional, e então disse-lhes: «Mas se há um recurso pendente...»
Como reagiram então?
Os polícias disseram-me: «Nós não sabemos nada, apenas cumprimos ordens. Se for um erro, sairás em liberdade; se não, terás de ir para a prisão». Assim passámos os três dias: sábado, domingo e segunda. Eu não entendia nada desta montagem. Perguntei-lhes também se estava incomunicável, e disseram-me que não, que era uma detenção comunicada. O tratamento foi correcto, não tinha nada a ver com a outra detenção [a de 2003], não houve interrogatórios e essas coisas.
Então, pôde receber alguma visita nestas horas?
Não. Disseram-me que os familiares me tinham levado roupa, mas que não me a iam dar logo, que estavam à espera de ver se ia para a prisão. «Se precisares de alguma coisa, damos-te um casaco», diziam-me. Dormi as duas noites nos calabouços, sozinha.
E como se resolveu o assunto?
Hoje de manhã [anteontem] levaram-me num carro, disseram-me que íamos a Eibar. Eu pensei «bem, então não me levam para a Audiência Nacional», porque ali nunca se sabe o que pode acontecer... Não sei quanto tempo estivemos em cada sítio, perdi um pouco a noção do tempo. Em Eibar disseram-me então que sim, que ficava livre, com um papel em que se diz que «revogamos a detenção»...
Que conclusão retira, tanto da detenção como do tratamento mediático?
Não sei, não faço a mínima ideia por que é que se fez toda esta montagem. As pessoas aqui na terra estão a passar-se, e é natural, porque alguns leram que andava foragida desde Maio, quando todos sabiam que faço vida normal aqui.
Pediram-lhe desculpa?
Não, não me disseram nada. Que estava livre, e ponto final.
E faz tenção de tomar alguma iniciativa, pedir alguma reparação...?
Não sei, é tudo tão estranho que não sei o que pensar. Ainda tenho de falar com a advogada. Não sei se isto é uma detenção ilegal ou o que é.
Fonte: Gara