terça-feira, 3 de maio de 2011

O Bildu leva até Madrid a exigência da maioria social, Bono impede-o de aceder ao Congresso e em Euskal Herria começam as mobilizações

No Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, o presidente do Congresso espanhol, José Bono, proibiu a realização da conferência de imprensa que a ERC e a ICV tinham previsto dar juntamente com representantes do Bildu e impediu o acesso de três candidatos da coligação às instalações parlamentares, alegando que são «testas-de-ferro da ETA e ajudantes do Batasuna». O Bildu sublinhou que vai continuar a defender, com empenho, a sua presença nas eleições. À tarde houve mobilizações contra o veto do Supremo Tribunal espanhol em múltiplos pontos do País Basco.

«O Bildu convoca uma manifestação nacional para quinta-feira em Bilbo»

«¡Indignémonos!», de Floren AOIZ, historiador

«Vários eurodeputados consideram que a sentença evidencia o "défice democrático no Estado espanhol"»

«Nacionalismo español (y IV)», de Jon ODRIOZOLA, jornalista

«ERC, ICV e BNG apoiam o Bildu em Madrid»

«Rubalcaba se sincera y no se entera nadie», de Gari MUJIKA, jornalista

«Uma candidatura dos Verdes de Nafarroa, anulada pelo Supremo»

José Bono deu instruções para que «se impeça a entrada nas instalações da Câmara ao independente chamado Martin Garitano», candidato por Gipuzkoa às Juntas Gerais e jornalista do Gara, de acordo com uma nota da Presidência do Congresso.

Paralelamente a essa decisão, o presidente do Congresso deu ordens ao secretário-geral e ao comissário-geral da Câmara que impedissem também a entrada na Câmara Baixa de Aitziber Ibaibarriaga e Bakartxo Ruiz.

Bono também proibiu a realização da conferência de imprensa que a ICV e a ERC tinham previsto dar e para a qual tinham convidado vários representantes do Bildu, alegando que não podia permitir que a Câmara albergasse «propaganda ilícita» da coligação nem permitir a presença de «testas-de-ferro da ETA e ajudantes do Batasuna» nem dos que, «segundo o Supremo Tribunal, agem de uma forma torcida e contrária à legalidade».

Lamentou que essas pessoas «tenham contaminado partidos democráticos», que, «logicamente», não estão impedidos de entrar no Congresso.

«Enquanto eu for presidente do Congresso e o Supremo Tribunal não modificar a sua sentença ou outro tribunal a rectificar, quem não tem acesso às urnas por ilicitude não poderá vir a uma das suas principais instituições», advertiu.

O presidente expôs o seu critério à Mesa do Congresso, que ratificou a sua posição com os votos maioritários do PSOE e do PP, frente à CiU e ao PNV, que se opuseram, indica a Efe citando fontes deste órgão.

Fazer chegar a Madrid a exigência maioritária da sociedade
Por fim, os representantes do Bildu efectuaram declarações fora do Congresso, frente à porta dos leões.
Depois de agradecerem o apoio recebido, Oskar Matute (Alternatiba) disse que foram a Madrid «levar uma exigência social maioritária em Hego Euskal Herria: que o Bildu esteja presente nas eleições, que exista a possibilidade de mudança política e social que o Bildu representa, que a esperança na paz e na normalização política no nosso país abram caminho frente ao eleitoralismo interessado e frente às intenções políticas que pretendem fazer da justiça um prolongamento dos seus próprios interesses eleitorais».

Pediu ao PP e ao PSOE que «entendam que a paz nos beneficia a todos, que um novo cenário de paz, de soluções democráticas e de acordos é bom para a sociedade basca no seu todo e também para a sociedade espanhola».

Insistiu que vão continuar a defender, «com empenho, a possibilidade de no dia 22 de Maio o Bildu estar nas eleições, pois há uma parte importante dos nosso povo que assim o quer, porque são dezenas de milhares os homens e as mulheres que em Euskal Herria expressaram o seu apoio ao Bildu».

O recurso, nas próximas horas
Por seu lado, Pello Urizar (EA) mostrou-se confiante na possibilidade de o Tribunal Constitucional «reparar o estrago» feito pelo Supremo Tribunal, lembrando que já revogou várias decisões do Supremo. A coligação irá apresentar nas próximas horas o seu recurso no máximo tribunal, disse.
Urizar afirmou que a pretensão de «criminalizar» uma parte «cada vez maior» da sociedade basca «não é sustentável».

Criticou o Supremo Tribunal pelo facto de «criminalizar» centenas de candidatos independentes, que acusa, de forma «aberrante», de estar «às ordens da ETA», e lamentou que se tome isto como um facto provado, sem se tomarem acções jurídicas contra os acusados, o que acontece «por ser impossível provar» essa acusação.
«Não menos aberrante», disse, é referir que o EA e a Alternatiba também respondem às ordens da ETA, tendo criticado PP e PSOE por usarem «como desculpa» para as suas acções a opinião pública espanhola.
Fonte: Gara / Vídeos (seis): Berria

Sobre as mobilizações de hoje à tarde por todo o País Basco contra o veto do Supremo, ver aqui. Em cima, concentração em Gasteiz.

Fotos de outras mobilizações:
Iruñea, Antsoain e Barañain (Nafarroa) (ateakireki.com)


Algorta e Itzubaltzeta (Bizkaia) (ukberri.net)