domingo, 19 de junho de 2011

Aurore Martin reaparece em Biarritz e toma a palavra no acto político perante centenas de pessoas

A militante do Batasuna Aurore Martin apareceu novamente em público ontem à tarde, no acto político que decorreu em Biarritz (Lapurdi) no âmbito das jornadas contra o mandado europeu e em defesa dos direitos civis e políticos.

Depois de mais de seis meses escondida, Martin, que enfrenta uma ordem de entrega a Madrid autorizada pelas autoridades francesas, tomou a palavra perante as centenas de pessoas que estiveram presentes no acto.

A militante do Batasuna disse que decidiu regressar à actividade pública «porque as condições se alteraram em Euskal Herria», tomando como exemplo tanto a dinâmica de sucesso verificada em Ipar Euskal Herria em torno do mandado europeu como os resultados eleitorais alcançados pelo Bildu em Hego Euskal Herria [País Basco Sul].

«É preciso erguer um muro popular»
Disse ainda que a «melhor garantia» que pode ter é «o apoio popular» que tem estado a receber.
Sobre isso, afirmou: «ganhámos uma grande batalha política», pois, ao que parece, ganhou-se a batalha da nacionalidade e «a batalha política contra o mandado europeu».

Mas, logo de seguida, acrescentou que a dinâmica conjunta e de união entre diferentes que se verificou em Ipar Euskal Herria contra o mandado europeu deve alastrar a toda Euskal Herria, e que, da mesma forma, se deve «criar um muro popular, uma dinâmica popular capaz de superar a repressão dos estados».

Entre estes, encontram-se dezenas de eleitos de todo o país, bem como representantes políticos europeus e do Estado francês. Um exemplo é o do autarca de Biarritz, também senador centrista, Didier Borotra.

O movimento contra o mandado europeu e em defesa dos direitos civis e políticos que se formou em Ipar Euskal Herria nos últimos meses, com uma grande força após as entregas de jovens independentistas a Madrid e em função do caso da militante do Batasuna Aurore Martin, recebeu ontem um forte apoio, com as jornadas que decorreram de manhã e à tarde e com acto central que se seguiu, em Biarritz.

Para além dos mais de 150 eleitos que apoiaram a jornada e o acto de ontem, e que tinham feito inclusive um apelo à sociedade para que se envolvesse, dezenas de personalidades do âmbito político, institucional, sindical e social participaram também no acto de ontem à tarde.

Assim, entre outras pessoas, encontravam-se os eurodeputados José Bove e François Alfonsi, e o conselheiro geral Kotte Ezenarro (PS). Havia também representantes do LAB, AB, Lokarri, Batasuna, Askatasuna, Etxerat, jovens independentistas; a nível europeu e do Estado francês, estavam presentes elementos do Sinn Féin, Europa Ecologie, NPA, Les Verts e Corsica Libera. Também estiveram presentes representantes de grupos de defesa dos direitos humanos.

Debates de manhã e à tarde
Na Halle d´Iraty, em Biarritz, decorreram duas mesas-redondas ao longo do dia. De manhã, a mesa-redonda abordou as leis de excepção e os direitos democráticos e contou com a participação de Amaia Rekarte (advogada de Aurore Martin), Iratxe Urizar (advogada de Bilbo, membro do Behatokia e da AED), Patrick Baudouin (presidente honorário da FIDH), e teve como moderadora Anaiz Funosas (membro da Askatasuna).
À tarde, a partir das 16h00, iniciou-se uma segunda mesa-redonda, desta vez dedicada à resolução do conflito basco. Foram intervenientes Véronique Dudouet, da Fundação Berghof (Alemanha), Theresa Ruane, representante do Sinn Féin (Irlanda), Xabi Larralde, responsável do Batasuna, e a Associação Lokarri. O debate foi moderado por Jean-Pierre Massias, professor de Direito Constitucional. [Programa completo das jornadas aqui.]
Aos debates seguiu-se o acto político e, para que a jornada acabasse em ambiente de festa, contava-se com a presença de Niko Etxart, Piarres, Esne Beltza e DJ magik.
Fonte: Gara e kazeta.info

Notícia mais desenvolvida: «Aurore Martin reaparece em Biarritz apoiada por mais de 2000 pessoas», de Arantxa MANTEROLA (Gara)